Pesquisar
Pesquisar

América Central enfrenta o desafio do fracasso escolar

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Web_completar_escuela_CA1-639x288Lourdes Pérez Navarro*

Facilitar os rumos educativos para população é hoje um dos desafios mais importantes e críticos dos sistemas educativos da América Central, região em que três milhões e quinhentos mil crianças e adolescentes enfrentam o desafio do fracasso escolar.

A exclusão, o atraso e a deserção escolar são os males que ainda prevalecem na área, apesar dos avanços em matéria de escolarização, concluiu um estudo conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Coordenação Educativa e Cultural Centro-americana do Sistema de Integração da América Central. (Cecc/Sica).

Completar a escola, na América Central: os desafios pendentes, é o título do texto divulgado em meados de abril por essas duas instituições, com base nas estatísticas oficiais dos sistemas educativos dos países da área, Belize e República Dominicana.

Os resultados mostram os progressos destes países em matéria de escolarização: quase todas as crianças e adolescentes entre 8 e 11 anos frequentam a escola, uma vez que o sistema educativo alcançou a universalidade para essa faixa etária.

Não obstante, o documento certifica que há muitos jovens que ainda não vão a escola e adolescente que já a abandonaram.

Segundo as estatísticas há mais de 700 mil centro-americanos em idade de escolarização primária ou secundária básica que estão fora da escola, ao que se soma uns 200 mil que não frequentam a pré-escola.

As instituições internacionais alertaram para a existência de outras dimensões da exclusão educativa ainda mais silenciosas e ocultas. Estas abrangem a centenas de milhares de estudantes que, mesmo estando na escola, não completam e estão em risco de abandoná-la.

O estudo mostra que dois milhões 700 mil crianças e adolescentes cursam os estudos primários ou secundários com dois ou mais anos de atraso com relação ao grau que lhe corresponderia. Significa que é frequente encontrar adolescente de 13 ou 14 anos cursando ainda a primária, com todas as implicações que isso traz em termos de sua autoestima e de custos para o sistema educativo.

A esse respeito, o representante do Unicef em El Salvador, Gordon Leis, estima que “deve-se trabalhar de forma conjunta para garantir o direito de acesso à educação e poder permanecer em todo o ciclo educativo sem nenhum tipo de risco”, tal como dispõe a Convenção sobre os Direitos da Criança. Ao mesmo tempo exortou os governos a destinar pelo menos seis por cento do orçamento nacional para o setor educativo acompanhado de ações mais concretas e sustentáveis que refletem a qualidade do investimento.

A secretaria da Cecc, Maria Eugenia Paniagua, por sua vez, asseverou que superar o fracasso escolar implica uma ação decidida das autoridades educativas e dos professores para proteger os itinerários escolares dos estudantes em risco, bem como do indispensável apoio das famílias. Nesse sentido destacou que o fracasso escolar está vinculado ao problema da exclusão na região.

Precisamente a exclusão é um tema protagônico no informe conjunto da Unicef e Cecc, que mostra com dados estatísticos que na América Central a maioria das crianças ingressa ao sistema educativo mas poucos encontram as oportunidades pra concluir com êxito.

Com quadros e infográficos o texto reflete que a partir dos 12 anos se manifesta o abandona das escolas, cada vez mais intenso na medida em que se avança para os 17 anos. Do conjunto de estudantes de dez anos, a metade assiste com um ou mais anos de atraso, o que é caldo de cultivo para que abandonem a escola ao chegar aos 12 anos.

Por outro lado, o gráfico de taxa de ingresso efetivo na educação secundária, incluído na Serie Regional de Indicadores Educativos sobre Fracasso Escolar, focaliza o transito entre a educação primária e a secundária básica. No caso da América Central, do total de estudantes em condições normais de se inscrever no primeiro ano da secundária, 15,6% não o faz. Este abandono no momento em que deveriam passar a um nível superior é um fenômeno quase exclusivo das zonas rurais, onde 33,7% dos alunos em condições de matricular-se no primeiro ano da secundária não o faz, porcentagem que representa em torno de 203 mil adolescentes.

A pesquisa mencionada mostrou também que esse gargalho entre ambos os níveis educativo se manifesta intensamente na população feminina”16,5% das mulheres em condições de se inscrever na secundária no o faz, contra 14,7% dos homens.

Com relação as membros das comunidades indígenas, o caráter dessa transição é crítico, pois de cada 100 adolescentes em condições de iniciar a secundária, só 62 se matriculam.

As mulheres estão mais expostas a  não iniciar ou a abandonar a secundária nos primeiros anos. De acordo as estatísticas, na população escolar indígena de 15 anos, se identifica a presença de 216 meninos para cada 100 mulheres.

Esta radiografia mostra a necessidade de que os governos da região enfatizem nas causas e soluçoels desta problemática que tem grandes implicações no desenvolvimento das pessoas e as sociedades.

*Da redação de América Central e Caribe de Prensa Latina para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Revista Diálogos do Sul

LEIA tAMBÉM

Biden tira Cuba da lista de terror e suspende algumas sanções (3)
Biden tira Cuba da lista de terror e suspende algumas sanções; analistas avaliam medidas
Tensões criadas por Trump impõem à América Latina reação ao imperialismo
Trump exacerba as contradições entre EUA e América Latina
Política fracassada Noboa mantém Equador como país mais violento da América Latina
Política fracassada de Noboa mantém Equador como país mais violento da América Latina
Venezuela Maduro reforça poder popular, desafia oligarquias e combate o imperialismo (2)
Venezuela: Maduro reforça poder popular, desafia oligarquias e combate o imperialismo