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Vetado em escola após boicote, Frei Betto dá palestra a auditório lotado no RS

"Quem diz amar a Deus sem amar o próximo está mentindo", comentou o escritor em entrevista ao jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul
Redação Brasil de Fato
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

Com o teatro da Universidade de Caxias do Sul (UCS) lotado, o frei, jornalista e escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, falou ontem (13) à noite sobre “Fomes do Brasil e Esperanças do Futuro”. Sua palestra deveria acontecer no colégio católico São José, mas por pressão de pais de alunos foi impedida.

Atendendo à reivindicação dos familiares, que alegaram ter o palestrante posição contrária “aos valores que acreditamos ser importantes e essenciais na educação de nossas crianças”, a direção da escola voltou atrás e suspendeu a locação do seu auditório para o evento promovido por sindicatos de trabalhadores e associações de bairro.

“Quem diz amar a Deus sem amar o próximo está mentindo”

Segundo o jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul, o palestrante disse tentar entender a postura da administração da escola. Ao mesmo tempo, porém, lamentou a forma como agiu sob a pressão dos pais de alunos.

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“Espero, do fundo do meu coração, que esses pais e essas irmãs que me criticam na nota, deem aos seus filhos uma educação de quem não tem racismo, de quem não tem homofobia, de quem não seja misógino e respeite as mulheres, de quem tenha respeito aos mais pobres na rua e não trate como se fosse um incômodo”, disse Betto no texto reproduzido pelo jornal local.  

Disse ainda esperar que “que seja essa educação cristã que estejam dando às crianças, comprometidos, como Jesus, com os mais pobres e com uma sociedade sem desigualdade social”.

Betto acentuou que, na prática de Jesus, não houve nenhuma separação entre sua atividade pastoral e a atividade social. “Quem diz amar a Deus sem amar o próximo está mentindo”, enfatizou.


Vereador e xenofobia

O cancelamento da palestra de Betto é mais um episódio que chama a atenção para a Serra Gaúcha nos últimos tempos. Antes, houve o flagrante de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves, distante 40 quilômetros de Caxias do Sul. Em seguida, o vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, fez discurso xenófobo dirigido aos trabalhadores baianos.

Em 2022, novamente em Bento Gonçalves, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, foi impedido de fazer conferência na associação comercial do município devido à reação de lideranças bolsonaristas.

Redação | BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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