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ToggleDepois que o exército russo justificou três ondas consecutivas de drones contra Kiev desde a última segunda-feira (29) – duas de madrugada e uma à plena luz do dia – o sistema de defesa antiaérea de Moscou teve que ser utilizado nesta terça-feira para neutralizar o que se considera até agora o maior ataque, desde que começaram as hostilidades em fevereiro de 2022, contra a capital russa e seus arredores, com aparatos voadores não tripulados e carregados de explosivos.
Circulam imagens dos destroços causados por três drones cujos fragmentos caíram em dois edifícios de moradias e uma casa particular; na rua Profsoyusnaya e na avenida Leninsky, no noroeste da capital russa, e na rua Atlasova na periferia. Oficialmente não houve vítimas mortais, só dois feridos leves e danos materiais.
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Várias horas depois deste inusual fato, ainda não é claro quantos drones foram lançados contra Moscou, a partir de onde, de que tipo eram e quem efetuou o ataque.
O ministério da Defesa, mediante um comunicado, informou que os seus radares detectaram aproximando-se de Moscou apenas 8 drones, dos quais puderam derrubar 5 com o sistema Pantsir-C e 3 caíram, desviados de sua rota pelos aparatos de interferência radioeletrônica.
Os canais de notícias nas redes sociais, tipo Baza, Mash e outros, falaram de entre 25 e 32 drones, baseando-se nas fotos e vídeos que lhes foram enviados desde diferentes lugares supostamente atacados em Moscou e arredores, seus colaboradores e aficionados que, com um celular pronto para capturar a imagem espetacular, querem cobrar a recompensa prometida.
Há imagens de drones pequenos, outros que se assemelham a um pequeno avião com asas de quatro metros; em teoria, há aparatos não tripulados que podem sobrevoar 500 quilômetros e, portanto, chegar desde o outro lado da fronteira com a Ucrânia. Também poderiam ter sido disparados em território russo, e o principal: quem está por trás do ataque? Muitas dúvidas e poucas certezas.
"Veremos o que vamos fazer a esse respeito”, sublinhou Putin sobre os ataques a Moscou
“Ação terrorista”
A Rússia, no entanto, tem claro e o presidente Vladimir Putin qualificou o sucedido de “ação terrorista”. Atribuiu o ataque à Ucrânia ao dizer que se tratou de uma represália por ter atacado “há dois ou três dias” a sede da inteligência militar ucraniana.
“Já havíamos falado da possibilidade de golpear os centros de tomada de decisões (de Kiev). Um desses centros, é claro, é a sede da inteligência militar, o exército ucraniano, que atacamos há dois ou três dias. Em resposta, o regime de Kiev escolheu outro caminho, o caminho de tentar intimidar a Rússia, de procurar semear medo entre os cidadãos russos e de atacar edifícios civis”, declarou à televisão pública.
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Devo dizer – agregou Putin – que o sistema de defesa antiaérea de Moscou “trabalhou de modo satisfatório, embora ainda temos que melhorar”. O líder disse que tiveram problemas similares na Síria, mas o tamanho da base militar russa lá e a cidade de Moscou não se podem comparar. “Me preocupa mais outra coisa: as tentativas de provocar uma reação da Rússia. Parece que é o que querem, nos provocam para que nossa resposta seja simétrica. Veremos o que vamos fazer a esse respeito”, sublinhou o titular do Kremlin.
O que diz a Chancelaria
A chancelaria russa – cujo chefe, Serguei Lavrov, está na África– emitiu nesta terça-feira um duro comunicado que adverte que a Rússia “se reserva o direito de tomar as medidas mais duras em resposta aos ataques terroristas do regime de Kiev”, o qual, no seu entendimento, “utiliza os métodos de terror como sinistra prática cotidiana”.
Afirma que o governo de Volodymir Zelensky “há tempos exige ‘golpes de represália’ contra Moscou e, embora tais ataques careçam de sentido quanto à estratégia militar, se assenta unicamente contra a população civil com o propósito de semear o pânico”.
O apoio dos Estados Unidos e seus aliados à Ucrânia, sublinha o comunicado, “empurra os líderes ucranianos a cometer ações cada vez mais imprudentes, incluindo atos de terrorismo, violações do direito internacional humanitário e crimes de guerra”.
O que dizem os ucranianos
As autoridades da Ucrânia – segundo Myhailo Podolyak, assessor da presidência ucraniana – asseveram que “nada têm a ver” com os ataques contra Moscou desta terça-feira e dão a entender que são “responsabilidade exclusiva” dos grupos de exilados russos que se opõem ao Kremlin, em primeiro lugar os autoproclamados Corpo de Voluntários Russos e a Legião para a Liberdade da Rússia, que “anunciaram sua intenção de derrocar (o presidente Vladimir) Putin”.
Deve-se mencionar que esses grupos pouco numerosos – integrados por uma mescla de ultranacionalistas russos de corte neonazista, desertores do exército, ex-prisioneiros de guerra e voluntários – que reivindicam as recentes incursões nas regiões russas fronteiriças à Ucrânia, sustentam que agem por sua conta e risco e supostamente não poderiam ter suas bases em território ucraniano nem armamento sem contar com o visto do governo de Zelensky.
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Por isso, dentro da guerra de propagandas que se trava paralela à dos campos de batalha, é compreensível que Podolyak tenha dito: “Desde logo, nos é grato observar e predizer que haverá mais ações desse tipo. Mas é claro que nada temos que ver com isto”.
Drones contra Kiev
Antes do ataque contra Moscou, o porta-voz do exército russo, general Igor Konashekov, justificou as três ondas recentes de drones contra Kiev, duas na segunda-feira e esta madrugada (terça-feira), ao apontar que foram feitas para evitar os “atentados terroristas que os serviços de inteligência ocidentais” queriam levar à cabo em território russo.
“As forças armadas do Federação Russa realizaram ataque com armas de alta precisão e de longo alcance contra centros de tomada de decisões (em Kiev), onde foi planejado – sob a direção de especialistas dos serviços de inteligência ocidentais – cometer atentados terroristas em território russo”.
Segundo Konashekov, “foram alcançados todos os objetivos almejados”.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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