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ToggleAo mesmo tempo que a contra esquerda lambia as feridas que a derrota eleitoral do domingo (7), na eleição de conselheiros constitucionais, lhe deixou, e na qual a extrema direita se levantou como grande vitoriosa, o oficialismo teve que suportar ver piorar sua sorte quando pelo ajuste de um resultado perdeu um lugar que foi para os ultraconservadores.
Assim o pinochetista Partido Republicano aumentou para 23 sua bancada no Conselho Constitucional de 50 integrantes; enquanto que por contrapartida a lista Unidade para Chile, que reúne comunistas, socialista e o Frente Amplio se reduziu a 16.
Esse câmbio está longe de ser um detalhe menor, porque tem o efeito de que a soma dos 34 conselheiros eleitos pelas direitas – republicanos mais o pacto Chile Seguro, composto por UDI, Renovação Nacional (RN) e Evopoli –, significa que controlam dois terços do órgão, uma maioria que será dirimente se devem criar comissões para resolver controvérsias.
Os republicanos, que obtiveram 35,4% dos sufrágios, são contrários a substituir o atual texto e embora matizem qual será seu desempenho de agora em diante, tampouco ocultam seu propósito de referendar a submissão do Estado na economia, na liberdade de empreendimento e nos valores conservadores.
“Nós acreditamos que esta Constituição é boa, tem que ter algumas modificações”, disse sua secretária-geral, Ruth Hurtado.
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Também as direitistas UDI, RN e Evopoli estão em choque diante do avanço ultraconservador, que lhes arrebatou boa parte de seu eleitorado, para reduzi-la a 21% dos votos e 11 conselheiros.
Conforme “o dia depois” transcorria, a centro-esquerda ensaiava explicações ao grande golpe e invocava uma espécie de olhar amplo que deveria primar para não impor uma visão unilateral.
“Se redigirem uma Constituição partidária, não será representativa das maiorias nacionais. Esta é uma prova para a Política, com maiúscula, porque o diálogo é indispensável para conseguir acordos e construir este pacto social. Impor maiorias não permitirá fazê-lo”, disse a presidenta do Partido Socialista, Paulina Vodanovic.
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simenon/Flickr
Manifestação com cartaz "Pinochet: morra sua herança", em setembro de 2011, em Santiago do Chile
Explicação do paradoxo
Cristián Fuentes, analista internacional da Universidade Central, em declarações à La Jornada, definiu o ocorrido como um paradoxo considerando que “há um ano Chile se aprontava para ter uma nova Constituição, uma das mais progressistas do mundo; hoje nos enfrentamos à possibilidade de não ter um nova Carta Fundamental ou a versão 2.0 da de 1980”.
A única possibilidade de parar aquilo, diz, é a esperança de acordo entre o oficialismo e a direita tradicional mais moderada.
Fuentes ressalta também os 21% de votos nulos e brancos, uma parte deles de uma certa esquerda que não confiou no atual processo.
“Por que ocorreu isto? Pareceria que é expressão de raiva contra a classe política e de protesto pelos problemas econômicos, a migração descontrolada e o aumento do delito. Tudo isso no contexto de uma sociedade fragmentada, onde uma parte importante é despolitizada e com anomia, que foi obrigada a votar”, explica.
E quanto ao governo, agrega, “se encontra encurralado politicamente e deve resolver se insiste nas reformas prometidas, embora as perdas no Congresso, ou negociá-las a qualquer preço”. Ao mesmo tempo, é preciso continuar com o combate à delinquência (“que está dando resultados pouco a pouco”), atacando a migração irregular (“problema muito complexo de resolver”) e fortalecer os planos de ajuda econômica às famílias necessitadas, pois a inflação baixa a um ritmo lento e as taxas de juros se mantêm altas”.
Tudo isso, com ainda três anos de governo pela frente.
Alfo Anfossi | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
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