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ToggleO ministério de Defesa russo tratou, nesta quarta-feira (10), de dedicar atenção às cerca de doze potentes explosões ocorridas na terça-feira, a muitos quilômetros de distância do aeródromo militar de Saki, nas proximidades do povoado de Novofiodorovka, na Criméia. Não se sabe o que ocorreu na realidade, pois não é a primeira vez, nem será a última nesta guerra, que a Rússia e a Ucrânia ofereçam versões que só geram mais confusão.
A única coisa certa – segundo é possível ver nas imagens e vídeos que circulam pelas redes sociais – é que numerosas testemunhas saíram correndo após os estrondos, a partir da praia nessa parte da costa ocidental da península anexada pela Rússia em 2014, enquanto gravavam com seus celulares as colunas de fumaça que apareciam no horizonte.
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O porta-voz do exército russo, Igor Konashenkov, assegurou nesta quarta-feira (10) que “não há indícios de nenhum ataque” e a explicação mais provável é que “explodiram vários projéteis” armazenados por “não observarem as técnicas de segurança”.
Embora a distância do exército ucraniano, posicionado em Jersón, seja de 200km até Novofiodorovka, além de se supor que os Estados Unidos e seus aliados resistem a entregar à Ucrânia mísseis que pudessem ter esse alcance, não tardaram em aparecer vozes ucranianas que deram a entender que as explosões no aeródromo não foram um acidente.
O próprio presidente Volodymyr Zelensky contribuiu para gerar os rumores, ao afirmar pouco depois das explosões, em sua habitual mensagem noturna, que “esta guerra começou com a Criméia (em 2014) e deve terminar com a libertação da Criméia”. A irreflexiva frase de efeito, ao mesmo tempo, não significa que a Ucrânia tenha como nova meta atacar uma península que a Rússia considera seu território, dando ao Kremlin o pretexto para usar armas nucleares contra ela.
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Tanto a Rússia como a Ucrânia costumam minimizar seus próprios erros e atribuir baixas imaginárias ao inimigo
Dia histórico
Yuri Mysiaguin, vice-presidente do comitê de defesa e segurança nacional da Rada, o parlamento ucraniano, não tardou em publicar no Facebook: “Hoje é um dia histórico. Houve explosões no aeródromo militar na Criméia ocupada, o mesmo aeródromo que protegem os famosos sistemas antiaéreos russos SS-400 e onde se concentra um grande número de aviões”.
Chegou-se a dizer, em Kiev, que “saltaram pelos ares nove aviões de combate Su-24, Su-30 e Su-33”, causando um elevado número de baixas entre os militares russos.
??⚡️Testemunhas oculares postam novas imagens da explosão na Crimeia, na praia. ATUALIZAÇÃO: Explosões na Crimeia resultam de acidente no depósito de munições – Ministério da Defesa pic.twitter.com/SzdfE85XBg
— Tuca54 (@acmcaetano54) August 9, 2022
Anton Gerashchenko, assessor do ministro do Interior, lançou por meio de sua conta no Telegram duas perguntas sem outro sentido senão semear mais dúvidas: “Será que a Ucrânia já tem os mísseis ATCMS para os lançadores móveis Himars com até 300 quilômetros de alcance? E, se não é assim, que tal já começaram a agir nossos destacamentos de guerrilheiros?”.
Mas, nesta quarta-feira, o ministro de Defesa ucraniano, Oleksy Reznikov, negou que o exército do seu país tenho tido algo que ver com as explosões da terça-feira. A fala foi feita em Copenhague, capital da Dinamarca, onde na quinta-feira ele participaria de uma conferência de doadores de ajuda militar.
Reznikov declarou, em tom satírico, que “não há que fumar em lugares perigosos”, atribuindo as explosões a um descuido dos militares russos que pudessem causar a explosão dos projéteis ao jogar fora um toco de cigarro.
Tanto a Rússia como a Ucrânia costumam minimizar seus próprios erros e atribuir baixas imaginárias ao inimigo. Tudo aponta que as explosões no aeródromo de Saki poderiam merecer, em futuros manuais, um par de parágrafos com a afirmação anterior como exemplo.
Juan Pablo Duch, correspondente do La .Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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