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ToggleEscolas transformadas em escombros, e os sonhos dos estudantes apagados sob os destroços de uma guerra de extermínio promovida pelo Estado invasor, que já dura mais de 14 meses. Uma guerra que não se satisfez em demolir casas, mas atingiu todos os pilares da vida, pesando sobre os ombros das gerações em formação na Faixa de Gaza.
Dois anos letivos se perderam no meio do bombardeio e da destruição. Crianças cujos sonhos antes se limitavam a brincar e a correr atrás dos sinos escolares agora desejam apenas uma coisa: voltar às salas de aula, como todas as outras crianças do mundo.
“Queremos voltar a sonhar”
Mohamed Asliya, aluno da Escola Al-Naqab em Jabalia, expressa sua saudade da rotina escolar, que se tornou um sonho difícil de alcançar. Ele diz: “Queremos ouvir o sino da escola e a voz do professor chamando, ficarmos perfilados no pátio e entoarmos o hino nacional. Sinto falta de tudo, desde minha mãe me acordando para a escola até a voz dos meus amigos enquanto corríamos para chegar às salas de aula”.
Ele continua, com a voz cheia de tristeza e amargura: “A guerra roubou de mim os dias mais bonitos da minha vida. Roubou nossos colegas que sentavam ao nosso lado e agora estão no paraíso. Mesmo assim, tenho esperança de que voltaremos a estudar e reconstruiremos o que a ocupação destruiu. Queremos voltar a sonhar”.
Uma catástrofe educacional sem precedentes
Desde 7 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza sofre uma paralisia educacional completa, com 788 mil estudantes impedidos de dar continuidade aos seus estudos. De acordo com o Ministério da Educação e Ensino Superior, mais de 12.681 alunos foram martirizados e 20.311 ficaram feridos devido à agressão do Estado invasor.
Além disso, 425 escolas e universidades foram alvo de ataques, entre elas 65 pertencentes à UNRWA (United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East – Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo). Destas, 171 sofreram danos graves, enquanto 77 foram completamente arrasadas.
In Deir al-Balah and across the #Gaza Strip, families continue to face dire conditions. They are repeatedly displaced by ongoing attacks and seek shelter in overcrowded UNRWA schools and makeshift tents, struggling to access basic necessities.
A #CeasefireNow and unhindered… pic.twitter.com/oBjGWzDQh1
— UNRWA (@UNRWA) December 4, 2024
A memória da infância entre os escombros
Cada canto destruído traz à mente dos estudantes lembranças felizes que agora estão fora de alcance. Mohamed diz: “Quando vejo minha escola, meus olhos se enchem de lágrimas, e me lembro de como corríamos e brincávamos com os colegas de classe. A guerra tirou tudo de nós, mas nunca tirará nosso sonho.”
Mohamed e outros estudantes acreditam que essa dor se transformará em força para construir o futuro. “FA guerra vai acabar, e voltaremos a estudar e a reconstruir nossas salas. Seremos a geração que conheceu o valor do conhecimento após o cansaço e a opressão da guerra”.
Vislumbrando a esperança entre os escombros
Apesar do bombardeio e da destruição, Gaza permanece firme, apoiada em seus filhos que insistem em enfrentar essas circunstâncias cruéis com determinação inabalável. O sonho de voltar às escolas não é apenas um desejo, mas um símbolo de resistência diante das tentativas da ocupação de apagar o direito dos palestinos à vida e à dignidade.
Louay Sawalha é Jornalista de Nablus, norte da Cisjordânia e correspondente da Rádio Voz da Pátria (Sawt Al-Watan)
Relatório da Rádio Voz da Pátria (Sawt Al-Watan)
Edição de texto: Alexandre Rocha
Ato de resistência: como palestinos usam educação para preservar história e identidade