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Manifestação no sábado (9), em Valência (Foto? @JuventudXClima / X)

Acusados de omissão, mandatários de Valência ignoram manifestação que exigiu renúncia

Protesto no sábado (9) reuniu 130 mil pessoas cobrando a responsabilização do governador da região de Valência, Carlos Mazón, e de sua equipe
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madrid

Tradução:

Beatriz Cannabrava

No último domingo (10), um dia depois da histórica manifestação em Valência ocorrida no sábado, na qual mais de 130 mil pessoas exigiram nas ruas responsabilidades pela gestão da crise das chuvas torrenciais, o governo autônomo, presidido pelo direitista Carlos Mazón, descartou renunciar.

Apesar do clamor popular pedindo, aos gritos, a imediata demissão do mandatário valenciano e de outros cargos públicos, alegaram: “nenhuma demissão é opção, pois diante do prejuízo provocado, este governo não vai abandonar as vítimas”. Enquanto isso, o número de falecidos totalizou 230 pessoas, além de 23 desaparecidos.

As ruas da cidade de Valência se tornaram um clamor no último sábado, uma reclamação firme pela demissão do principal responsável pelo governo regional, Mazón, ao qual culpam pelos numerosos erros durante a gestão da crise, incluindo ter chegado atrasado à reunião do comitê de crise pelas chuvas torrenciais por estar em um almoço com uma destacada jornalista da televisão valenciana.

 

Mas a número dois do governo regional, Susana Camarero, disse sobre o governo: “respeitamos o objetivo dessa manifestação, fazemos nossa essa dor e lamentamos os distúrbios e atos de vandalismo. A violência não é uma opção. Entendo a frustração e a raiva”, mas “diante do prejuízo provocado, não podemos abandonar as vítimas. Este governo não vai abandonar as vítimas. Por isso, a demissão não é uma opção neste momento”.

O governo de Mazón também recebeu o apoio de seu partido político, o direitista Partido Popular (PP), que expressou sua confiança em Mazón afirmando que “o PP está com os valencianos e com seu presidente, com o presidente Mazón. Um presidente que tem dado a cara em todo momento frente ao Governo da Espanha, que se negou a liderar a maior emergência nacional que ocorreu na Espanha”.

Enquanto isso, seguem os trabalhos de busca e resgate das pessoas presas ou desaparecidas pelo temporal, com um saldo provisório de 230 pessoas mortas, das quais 222 eram originárias de Valência, sete de Castilla-La Mancha e uma de Andaluzia. Além disso, foi informado que o número de pessoas resgatadas desde o início da crise é, até agora, de 36.803.

Entre as pessoas falecidas e identificadas recentemente estão dois importantes empresários da região, Vicente Tarancón, dono da marca de roupas esportivas Luanvi, e Miguel Burdeos Baño, fundador da empresa SPB e presidente da Cleanity, que sua própria empresa informou que este empresário, de 74 anos, havia falecido “como consequência dos efeitos devastadores da dana* que assolou a província de Valência”. Ambos foram localizados durante as buscas de domingo (10) pelas equipes de resgate do Exército espanhol.

* Dana, abreviação para Depressão Isolada em Níveis Altos, é o termo científico que categoriza o evento climático ocorrido em Valência.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.

Espanha: negligência de autoridades direitistas em Valência agravou danos da enchente


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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