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Uma potencial epidemia de sarampo já afeta crianças em cerca de 30 estados e três menores não vacinados já morreram (Foto: Gage Skidmore)

Adepto a conspirações, Kennedy Jr. desmonta Saúde dos EUA e expõe país a epidemias

Secretário de Saúde de Trump, Kennedy Jr. contratou para o governo homem que associa vacinas a autismo com base em experimentos feitos na própria casa

David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Washington

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O secretário de Saúde, segundo críticos, é a principal ameaça à saúde pública dos Estados Unidos, ao expor o país a futuras epidemias e colocar em risco avanços vitais em medicina.

Robert F. Kennedy Jr. implementou uma redução dramática de pessoal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, de 82 mil para 62 mil, afetando agências críticas para a saúde pública, entre elas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a Administração de Alimentos e Drogas (FDA), os serviços de saúde para idosos e para os pobres (Medicare e Medicaid), e o Instituto Nacional de Saúde – conhecido como a joia da coroa da pesquisa médica do país, entre outras.

E isso é apenas nos primeiros 100 dias. O governo de Donald Trump está propondo uma redução severa de 26% no orçamento do Departamento de Saúde para o próximo ano fiscal, algo que a Associação Americana de Saúde Pública qualificou como “uma profunda ameaça à saúde da nação”. O órgão acrescentou: “é um caminho para desmantelar os serviços e a infraestrutura de saúde dos Estados Unidos e abandonar nossa responsabilidade de proteger vidas aqui em casa e ao redor do mundo”.

Essa secretaria gerencia aproximadamente um quarto do orçamento federal. A reestruturação, sob o lema de eficiência e maior transparência, está literalmente desmantelando ou interrompendo atividades básicas, que vão desde pesquisas científicas sobre doenças como diabetes, AIDS e câncer, até a capacidade de monitorar epidemias, programas de vacinação e o desenvolvimento de novos medicamentos vitais.

Capacidade de resposta do CDC minada

A capacidade do CDC de responder a crises e apoiar esforços locais contra envenenamento e contaminação já foi minada — e a proposta de Trump é reduzir seu orçamento para quase a metade no próximo ano. Por exemplo, a cidade de Milwaukee enviou uma solicitação ao CDC para apoiar esforços de eliminação de chumbo na pintura de escolas públicas. A resposta que as autoridades de saúde municipais receberam foi: “toda a minha divisão foi eliminada hoje”, e, devido aos cortes, “não poderemos apoiá-los”.

No início de abril, Georges Benjami, diretor-executivo da Associação Americana de Saúde Pública — a principal associação de profissionais de saúde pública há mais de 150 anos — detalhou os cortes implementados pelo secretário de Saúde e alertou para graves consequências. Declarou: “como médico, jurei primeiro não causar dano e levantar a voz quando vejo danos causados por outros. Exorto meus colegas a se unirem a mim e levantar a voz. O secretário Robert Kennedy é um perigo para a saúde pública e deve renunciar ou ser demitido”.

A organização de defesa do consumidor Public Citizen declarou que Kennedy “é um perigo claro e presente à saúde da nação” (Foto: Gage Skidmore)

Kennedy é famoso por ser cético em relação às vacinas: no passado, afirmou que elas são parte do problema de saúde e que, inclusive — junto a uma teoria da conspiração —, causaram o aumento exponencial do autismo nos Estados Unidos. O secretário prometeu descobrir o que causou a “epidemia” de autismo até setembro. Mas o consenso científico é de que não existe uma epidemia, já que a condição não é uma doença, e que o aumento nos registros se deve a uma maior capacidade de diagnóstico.

Mas Kennedy rejeita e ignora o consenso científic e contratou, entre outros, David Geier para sua grande investigação — um homem que, junto ao pai, realizou pesquisas em casa (e não em um laboratório) para chegar à conclusão de que as vacinas provocaram uma “epidemia” de autismo. O pai era médico e teve sua licença revogada em pelo menos 10 estados. O filho foi acusado em Maryland de praticar medicina sem licença porque, bem, ele não é médico.

Disseminação de dados falsos

Kennedy não se cansou de disseminar dados sobre saúde que simplesmente não são verdadeiros, segundo uma investigação do programa Last Week Tonight, de John Oliver. Entre eles: que os Estados Unidos compram 70% dos medicamentos farmacêuticos do mundo (quando, na verdade, compram 6%); que 15% dos menores de idade do país tomam remédios para problemas de atenção (os dados oficiais indicam 5%); que um em cada três menores tem diabetes (a taxa real é de 3,5%); e que 50% da população da China sofre de diabetes (quando o número real gira em torno de 12%).

Kennedy forçou a renúncia do principal regulador de vacinas da FDA, que acusou a equipe do novo secretário de ter solicitado dados sobre casos de inflamação cerebral causada pela vacina contra o sarampo, ao que ele respondeu ser impossível, pois não há casos confirmados disso. “Ficou claro que a verdade e a transparência não são desejadas pelo secretário, mas sim a confirmação servil de sua desinformação e mentiras”, escreveu o doutor Peter Marks em sua carta de renúncia, segundo reportou a National Public Radio.

Agora, o que pode se tornar uma epidemia de sarampo já afeta crianças em cerca de 30 estados, com um secretário que se limita a dizer que se vacinar com uma vacina 98% eficaz é “uma decisão pessoal” — pelo menos três menores não vacinados já morreram. Especialistas preveem consequências severas, incluindo mais mortes, como resultado da resposta de Kennedy à sua primeira crise de saúde como secretário.

Nada disso é novo, e antes de sua confirmação no cargo, Kennedy já havia sido classificado como uma opção perigosa para liderar a saúde nacional. Promotor de todo tipo de teorias conspiratórias, não apenas na área da saúde, mas também na política, foi publicamente repudiado por sua famosa família — considerada durante muito tempo como a aristocracia do Partido Democrata —, que reiterou que ele não os representa. Kennedy lançou-se como candidato presidencial independente e, ao fracassar em atrair apoio, provocou um pequeno terremoto político ao endossar o direitista Trump, sendo filho do ícone liberal democrata Robert F. Kennedy. Para os republicanos, o presente foi mais que bem-vindo — um gol contra a oposição.

Desde que foi nomeado por Trump para o cargo de secretário de Saúde, a organização de defesa do consumidor Public Citizen declarou que Kennedy “é um perigo claro e presente à saúde da nação. Não deveria sequer ser permitido entrar no edifício do Departamento de Saúde, muito menos estar à frente da agência de saúde do país”. A entidade relembrou a má gestão de Trump durante a pandemia de Covid em seu primeiro mandato, que custou milhares de vidas.

Ainda não se sabe quantas das 1,22 milhão de mortes por Covid nos Estados Unidos poderiam ter sido evitadas — ou seja, foram resultado da resposta inepta liderada pelo então presidente Trump. Entre seus primeiros atos presidenciais nesta segunda gestão, o mandatário puniu aquele que foi seu principal especialista em epidemias, o doutor Anthony Fauci, cancelando sua proteção federal apenas por ter se atrevido a criticar seu ex-chefe pelo manejo irresponsável da pandemia.

Alguns alertam que, com Trump e Kennedy, os Estados Unidos estão se preparando para provocar sua próxima crise de saúde.

Transferência de renda: dos mais pobres aos mais ricos

Nos EUA, um massivo projeto de lei de impostos e gastos federais aprovado em maio pela Câmara dos Representantes implicaria na maior transferência de riqueza dos pobres para os ricos na história dos Estados Unidos, aumentando os tributos sobre os 10% mais pobres da população, taxando as remessas dos imigrantes e concedendo uma redução de taxas de quase 400 mil dólares a famílias com rendas superiores a 4 milhões de dólares anuais.

Na capital do país, é fácil se distrair com o incessante espetáculo televisado e transmitido pelo ciberespaço do governo de Donald Trump — com seus ataques e investidas diárias contra imigrantes, deportações que mais parecem sequestros pela ausência de devido processo legal, retirada de fundos federais de universidades, e ameaças contra outros governos, os meios de comunicação e até estrelas do rock.

No fim de maio, Trump atacou o presidente da África do Sul, acusando-o — durante uma visita à Casa Branca — de perseguir os descendentes dos criadores do apartheid, ameaçou um jornalista por ousar perguntar sobre seu novo avião, presenteado pelo Qatar, e publicou um meme em que ele aparece batendo uma bolinha de golfe que derruba seu inimigo do dia, Bruce Springsteen, que se atreveu a criticá-lo como autoritário e corrupto.

Mas o espetáculo tem sua lógica. “Enquanto o mundo observa o teatro político de Trump, seu governo, silenciosamente, está elaborando uma das transferências mais agressivas de riqueza pública para interesses privados na história moderna dos Estados Unidos”, argumenta Peter Bloom, autor do livro Capitalism Rebooted: The Rise of the Authoritarian Financial Complex. Ele acrescenta que “a fachada do populismo mascara uma agenda política profundamente alinhada com as elites empresariais, doadores bilionários e as indústrias que poderiam se beneficiar do desmantelamento da regulação e supervisão pública”.

O mandatário comemorou seu feito, declarando: “se pode argumentar que esta é a legislação mais significativa que será promulgada na história do nosso país”. Além disso, ordenou que seus “amigos” no Senado aprovem o projeto “o mais rápido possível”. O objetivo é que seja aprovado antes de 4 de julho na Câmara Alta.

E enquanto as iniciativas políticas de Trump em outras áreas estagnaram em alguns lugares e até sofreram reveses nos tribunais, a transferência de riqueza está avançando rapidamente. Se este projeto de lei for aprovado pelo Senado e sancionado por Trump, a versão atual “seria a maior transferência de riqueza dos pobres para os ricos em uma única lei na história dos Estados Unidos”, relata Bobby Cogan, especialista em política fiscal do centro de pesquisas Center for American Policy.

Legisladores republicanos afirmam que isso não é verdade. O deputado Jason Smith, presidente da Comissão de Meios e Recursos (Ways and Means), declarou que este projeto de lei aumentará a renda líquida de uma família típica com dois filhos em 13 mil dólares por ano e criará um milhão de novos empregos a cada ano ao oferecer incentivos a pequenos negócios — mas o legislador não apresentou fontes para essas projeções.

Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) — órgão oficial de pesquisas não partidárias do poder legislativo — o projeto de lei, tal como está, implicaria que os recursos destinados aos lares da décima parte mais pobre da população despencariam, enquanto aumentariam os recursos para os lares da décima parte mais rica. A Wharton School da Universidade da Pensilvânia, onde Trump obteve seu diploma em administração empresarial, calcula que os rendimentos após impostos e benefícios para famílias com renda inferior a 50 mil dólares anuais cairão entre 700 e mil dólares, enquanto para famílias com renda superior a 4,3 milhões de dólares, aumentarão em 289.280 dólares.

A Casa Branca defende seu chamado “Projeto de Lei Único, Grande e Belo” — título oficial — indicando que famílias com renda superior a 50 mil dólares obterão uma redução de impostos de 845 dólares por ano. Os críticos apelidaram o projeto de “grande e feio”.

O desafio para os republicanos, que provocou atrasos na aprovação do projeto na Câmara Baixa, é como pagar todas essas reduções de impostos para os ricos. A resposta foi cortar programas de assistência social para os pobres. O CBO calculou que 8,6 milhões de pessoas ficarão sem seguro de saúde com esta proposta e que serão cortados 267 bilhões de dólares de programas que alimentam cerca de 3 milhões de pessoas sem comida suficiente — muitas delas crianças — no país mais rico do planeta.

O projeto de lei aprovado contém ainda outro ataque contra os mais vulneráveis: o já famoso imposto sobre as remessas enviadas por imigrantes nos Estados Unidos, que na versão final foi reduzido de 5 para 3,5% (a redução teria ocorrido graças ao lobby das empresas que operam com envio de remessas).

Pra piorar, o projeto de lei inclui — algo que tem sido enfatizado por Trump e seu governo — mais recursos para a estratégia anti-imigrante: 175 bilhões para esforços de controle, 46 bilhões para continuar a construção do muro fronteiriço e 150 bilhões em gastos militares.

Escondidos nas mais de mil páginas do projeto estão medidas como a eliminação de um imposto de 200 dólares sobre silenciadores de armas de fogo, em vigor desde 1934, entre outras.

Grande parte dos custos desta lei será herdada por gerações futuras. O Comitê por um Orçamento Federal Responsável calcula que, ao longo de 10 anos, esta versão do projeto de lei aumentará a dívida pública federal em 3,1 trilhões de dólares. “Adicionar mais de 3 trilhões à dívida quando as finanças do nosso país já estão em um caminho insustentável é imprudente”. Nesse sentido, recomendam que os legisladores trabalhem em um projeto de lei que reduza os déficits, em vez do contrário.

Por ora, cresce a surdez entre a maioria legislativa sob o controle do partido do presidente, embora alguns observadores apontem que não foi uma vitória retumbante para o presidente, já que a iniciativa foi aprovada com a margem de apenas um voto.

Subornos, corrupção e lucro na família Trump

Donald Trump e sua família lançaram inúmeras novas iniciativas de negócios para lucrar com sua presidência, criando o que alguns críticos qualificam como uma nova escala de corrupção e venda de acesso, o que já elevou o valor líquido da primeira família em mais de 2,9 bilhões de dólares, atraindo investimentos empresariais do Oriente Médio, da Europa e até do México.

“Um hotel de luxo em Dubai. Uma segunda torre residencial de alto padrão em Jeddah, na Arábia Saudita. Duas iniciativas de criptomoedas nos Estados Unidos. Um novo campo de golfe, um complexo de vilas no Catar e um novo clube privado em Washington”, reportou o New York Times em maio.

As famílias de presidentes anteriores frequentemente se beneficiaram de sua associação com o chefe de Estado, mas neste caso, o Times e outros meios estão reportando que, diferentemente de outros, o próprio presidente está se beneficiando diretamente.

As criptomoedas $Trump e $Melania, lançadas pouco antes de o presidente tomar posse este ano, aumentaram seu valor líquido pessoal em aproximadamente 2,9 bilhões de dólares, segundo uma nova investigação da organização State Democracy Defenders Action. Agora, o filho do presidente, Donald Trump Jr., está lançando outra criptomoeda.

Indivíduos e empresas que desejam agradar ou exercer influência sobre as decisões do presidente estão comprando suas criptomoedas. Por exemplo, a empresa Freight Technologies, com sede em Monterrey, notificou a agência reguladora de Wall Street, a Securities and Exchange Commission (SEC), no final de abril, que estava adquirindo 20 milhões de dólares em moedas $Trump. “Acreditamos que nossa aquisição das moedas oficiais Trump é uma excelente forma de diversificar nosso caixa em criptoativos e também uma maneira eficaz de defender o comércio justo, equilibrado e livre entre México e Estados Unidos”, explicaram.

Um convite exclusivo

No fim de abril, Trump ofereceu “o convite mais exclusivo do mundo”, incluindo um jantar íntimo e privado com ele em seu clube de golfe na Virgínia, seguido por um tour pela Casa Branca. Havia apenas vagas para os 220 maiores investidores da $Trump. “Jantar com o presidente Trump e a Comunidade $Trump… Deixe o presidente saber quantas moedas $Trump você possui”, acrescenta o convite. Com a divulgação da notícia do convite, o valor da criptomoeda subiu mais de 60%. Alguns críticos ficaram chocados com a forma tão explícita de convidar investidores a pagar por acesso ao presidente.

A Casa Branca insiste que os bens do presidente estão em um fundo fiduciário controlado por seus filhos, ao qual ele não tem acesso nem controle. No entanto, o New York Times e outros detectaram que, em suas declarações financeiras obrigatórias, é revelado que ele se beneficia pessoalmente de diversos negócios conduzidos por seus filhos.

Os dois filhos mais velhos de Trump, Donald Jr. e Eric, estiveram viajando pela Europa e pelo Oriente Médio para captar investimentos e financiamento para novas iniciativas empresariais. Em Dubai, Eric Trump se reuniu com autoridades do governo local para anunciar um plano para um novo hotel internacional Trump de 80 andares — o terceiro já anunciado entre Arábia Saudita e Omã. No Catar, fez declarações durante o Fórum Econômico, episódio que o senador democrata Chris Murphy descreveu como uma sessão pública sobre como lucrar com os projetos de suborno e corrupção de Trump. “Aqui estamos.”

Enquanto Eric estava no Oriente Médio, seu irmão Donald Jr. realizava uma turnê paga por Hungria, Romênia, Sérvia e Bulgária, onde se reuniu com altas autoridades e anunciou outro novo hotel da família na Sérvia. Trump Jr. também é proprietário de um novo clube privado em Washington, que cobra 500 mil dólares por uma associação e já possui lista de espera, informou o Times.

“O volume de dinheiro que flui para os cofres da família é de uma escala e alcance simplesmente alucinantes em qualquer contexto”, afirma Susan Glasser, da revista The New Yorker. Como já havia reportado o La Jornada, muitos consideram que há pouco precedente para o que qualificam como corrupção explícita na história moderna dos Estados Unidos.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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