Conteúdo da página
ToggleUma semana de notícias falsas, insinuações temerárias e montagens para desacreditar funcionários de seu governo encheram a paciência do presidente Gustavo Petro, que acusou as mídias colombianas de criar uma ambiente favorável para que um governo de extrema-direita chegue ao poder quando terminar seu mandato, em 2026.
Depois de se referir a informações “manipuladas e irresponsáveis” publicadas com grande alarde, Petro acusou os donos dos grandes meios nacionais de instigar uma ofensiva contra as reformas sociais que impulsionaram seu governo, “que são contrárias a seus interesses econômicos e a sua visão da sociedade”.
Vitória da direita nas eleições regionais na Colômbia impõe desafios ao Pacto Histórico
Rechaçou os ataques contra a estratégia de paz que impulsiona e disse que seus opositores se sentem melhor com a violência: “Querem mais sangue para serem mais ricos”, assegurou o chefe de Estados ao fazer, nas redes sociais, um balanço dos sucessivos ataques provenientes de algumas redações.
Foto: Reprodução/Facebook
Mesmo crítico a Petro, o jornalista Juan Diego Alvira afirma: "Todos os dias há um ataque diferente contra a ele, não o deixam governar"
Sem provas
O primeiro deles foi uma carta da reconhecida jornalista María Jimena Duzán, publicada na revista Cambio, na qual convida o presidente a confessar supostos vícios em drogas que estariam entorpecendo seu desempenho à frente do governo. A carta, que não oferece prova alguma nem explica o motivo da “preocupação” da comunicadora, foi respondida com serenidade e sarcasmo por Petro: “meu único vício é o café das manhãs”.
Depois da publicação da missiva, desatou-se um vendaval de notícias falsas que sugeriam uma presumida cumplicidade do governo com os grupos armados irregulares, um aumento descomunal no pagamento de impostos prediais e até uma montagem que fazia ver a ministra do esporte, Astrid Rodríguez, em estado de embriaguez durante a inauguração, no último sábado (11), dos Jogos Esportivos Nacionais na cidade de Pereira.
Com imagens casuais de um veículo transportador de valores que transitava perto do lugar onde foi liberto o pai do futebolista Luis Díaz, vários meios insinuaram que Luis Manuel Díaz havia regressado são e salvo depois do pagamento de forte soma de dinheiro, fato contestado pelo governo.
“O mal foi feito apesar das posteriores retificações”, comentou o presidente em meio do ambiente de crispação gerado por esta avalanche de notícias falsas e especulações.
Todo dia…
Jornalistas com uma longa trajetória como Juan Diego Alvira, crítico do presidente e que trabalhou em canais de televisão e em revistas abertamente opositoras ao governo, expressou sua fadiga com esta inédita onda de agravos: “Todos os dias há um ataque diferente contra ele, não o deixam governar”, disse em um recente entrevista para o programa La Tele Letal.
Por sua vez, Gustavo Gómez, que dirige e conduz um dos espaços radiais mais escutados pelo público, teve que reconhecer sua ignorância sobre muitos dos temas que abordou e – no ar – pediu ao ministro da Fazenda, Ricardo Bonilla, que ponha sua equipe de imprensa para ilustrar os meios sobre assuntos complexos como o citado anúncio do aumento do imposto predial, apresentado por seu programa como “aumento descomunal”, gerando um ambiente de pânico econômico. “Nós, jornalistas, não nascemos sabidos”, desculpou-se o comunicador após escutar as explicações do encarregado das finanças públicas.
Segundo a Federação Colombiana de Jornalistas (Fecolper), três grupos empresariais concentram 57% da audiência de rádio e imprensa, enquanto a televisão privada – que leva 90% do rating – está nas mãos de dois desses grupos econômicos.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na TV Diálogos do Sul