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Facilitar os rumos educativos para população é hoje um dos desafios mais importantes e críticos dos sistemas educativos da América Central, região em que três milhões e quinhentos mil crianças e adolescentes enfrentam o desafio do fracasso escolar.
A exclusão, o atraso e a deserção escolar são os males que ainda prevalecem na área, apesar dos avanços em matéria de escolarização, concluiu um estudo conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Coordenação Educativa e Cultural Centro-americana do Sistema de Integração da América Central. (Cecc/Sica).
Completar a escola, na América Central: os desafios pendentes, é o título do texto divulgado em meados de abril por essas duas instituições, com base nas estatísticas oficiais dos sistemas educativos dos países da área, Belize e República Dominicana.
Os resultados mostram os progressos destes países em matéria de escolarização: quase todas as crianças e adolescentes entre 8 e 11 anos frequentam a escola, uma vez que o sistema educativo alcançou a universalidade para essa faixa etária.
Não obstante, o documento certifica que há muitos jovens que ainda não vão a escola e adolescente que já a abandonaram.
Segundo as estatísticas há mais de 700 mil centro-americanos em idade de escolarização primária ou secundária básica que estão fora da escola, ao que se soma uns 200 mil que não frequentam a pré-escola.
As instituições internacionais alertaram para a existência de outras dimensões da exclusão educativa ainda mais silenciosas e ocultas. Estas abrangem a centenas de milhares de estudantes que, mesmo estando na escola, não completam e estão em risco de abandoná-la.
O estudo mostra que dois milhões 700 mil crianças e adolescentes cursam os estudos primários ou secundários com dois ou mais anos de atraso com relação ao grau que lhe corresponderia. Significa que é frequente encontrar adolescente de 13 ou 14 anos cursando ainda a primária, com todas as implicações que isso traz em termos de sua autoestima e de custos para o sistema educativo.
A esse respeito, o representante do Unicef em El Salvador, Gordon Leis, estima que “deve-se trabalhar de forma conjunta para garantir o direito de acesso à educação e poder permanecer em todo o ciclo educativo sem nenhum tipo de risco”, tal como dispõe a Convenção sobre os Direitos da Criança. Ao mesmo tempo exortou os governos a destinar pelo menos seis por cento do orçamento nacional para o setor educativo acompanhado de ações mais concretas e sustentáveis que refletem a qualidade do investimento.
A secretaria da Cecc, Maria Eugenia Paniagua, por sua vez, asseverou que superar o fracasso escolar implica uma ação decidida das autoridades educativas e dos professores para proteger os itinerários escolares dos estudantes em risco, bem como do indispensável apoio das famílias. Nesse sentido destacou que o fracasso escolar está vinculado ao problema da exclusão na região.
Precisamente a exclusão é um tema protagônico no informe conjunto da Unicef e Cecc, que mostra com dados estatísticos que na América Central a maioria das crianças ingressa ao sistema educativo mas poucos encontram as oportunidades pra concluir com êxito.
Com quadros e infográficos o texto reflete que a partir dos 12 anos se manifesta o abandona das escolas, cada vez mais intenso na medida em que se avança para os 17 anos. Do conjunto de estudantes de dez anos, a metade assiste com um ou mais anos de atraso, o que é caldo de cultivo para que abandonem a escola ao chegar aos 12 anos.
Por outro lado, o gráfico de taxa de ingresso efetivo na educação secundária, incluído na Serie Regional de Indicadores Educativos sobre Fracasso Escolar, focaliza o transito entre a educação primária e a secundária básica. No caso da América Central, do total de estudantes em condições normais de se inscrever no primeiro ano da secundária, 15,6% não o faz. Este abandono no momento em que deveriam passar a um nível superior é um fenômeno quase exclusivo das zonas rurais, onde 33,7% dos alunos em condições de matricular-se no primeiro ano da secundária não o faz, porcentagem que representa em torno de 203 mil adolescentes.
A pesquisa mencionada mostrou também que esse gargalho entre ambos os níveis educativo se manifesta intensamente na população feminina”16,5% das mulheres em condições de se inscrever na secundária no o faz, contra 14,7% dos homens.
Com relação as membros das comunidades indígenas, o caráter dessa transição é crítico, pois de cada 100 adolescentes em condições de iniciar a secundária, só 62 se matriculam.
As mulheres estão mais expostas a não iniciar ou a abandonar a secundária nos primeiros anos. De acordo as estatísticas, na população escolar indígena de 15 anos, se identifica a presença de 216 meninos para cada 100 mulheres.
Esta radiografia mostra a necessidade de que os governos da região enfatizem nas causas e soluçoels desta problemática que tem grandes implicações no desenvolvimento das pessoas e as sociedades.
*Da redação de América Central e Caribe de Prensa Latina para Diálogos do Sul