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A atualidade de Mariátegui na luta dos povos de Nossa América

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Dia 16 de abril completaram 88 anos da morte de José Carlos Mariátegui, o primeiro marxista de Nossa América e a personalidade mais consistente legada pelo Peru ao pensamento latino-americano.

Gustavo Espinoza M.*

Miguel Diaz-Canel, o novo presidente de Cuba, acaba de confirmar. Foi o único não nascido em seu país que ele citou como referência no discurso que proferiu em 19 de abril ao tomar posse no comando do primeiro Estado Socialista de América. Citou logo no início de sua exposição conceitual em que ratificou o caráter socialista da Revolução Cubana e proclamou a continuidade do processo iniciado por Fidel e Raúl Castro há 59 anos na pátria de José Martí.

O discurso do novo presidente cubano constitui uma obra prima da literatura revolucionária de nosso tempo. Um informe consistente sobre a tarefa cumprida pela gesta do Moncada, um reconhecimento sincero e sem travas à “Geração Histórica” que hoje delega os comandos, um reconhecimento justo e legítimo a Raúl Castro por seu valioso papel na defesa dos princípios que inspiraram a gesta da Sierra Maestra e um compromisso em transitar pelos novos caminhos com as mesmas bandeiras de luta de seus predecessores. Em suma, uma homenagem a um processo criador e socialista, inédito em nosso continente, e uma bofetada na cara do Império.

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Homenagens

 

Mariátegui | Foto: Wikicommons

O reconhecimento histórico do legado de Fidel e ao povo de Cuba, protagonista principal da mais bela jornada histórica de Nossa América, sem dúvida serviu para enaltecer a mensagem do Amauta [em quéchua, “o mestre”, como era conhecido Mariátegui. Mesmo nome dado à revista criada por ele (NE)], que continua sendo um símbolo da luta dos povos.

Paralelamente, patrocinado pela Casa das Américas e a embaixada do Peru em Havana, realizou-se Simpósio em recordação do 90 aniversário dos “Sete Ensaios…”, a obra máxima do Amauta, que marcou uma época no processo intelectual peruano no século passado.

Mariateguistas como Ricardo Portocarrero, Nenson Manrique, José Ignacio López Soria e Vicente Otta, contribuíram com valiosas reflexões e deram novas experiências. O evento contou com apresentação de músicos peruanos, sob a batuta de Piero Bustos, que ofereceram um concerto ao pública cubano.

Recordemos que Mariátegui escreveu também “Defensa del Marxismo”, uma polêmica com o filósofo belga Henry de Mann, fato que hoje, no bicentenário do nascimento do autor de O Capital, sua mensagem é mais que oportuna, uma voz para a consciência dos revolucionários de nosso tempo. De Marx a Mariátegui, o mundo caminhou por uma ampla avenida de ações e de ideias, em que o exemplo de Cuba está mais vivo que nunca.

Mariátegui também foi homenageado em Lima, durante a Cúpula dos Povos, cenário que, paralelamente ao evento oficial, pomposamente chamado como Cúpula das Américas, abrigou uma mensagem de luz de esperança, um motor na marcha do processo libertador continental.

Delegações dos povos fraternos de Cuba, Venezuela e Bolívia, somadas à representações de Equador, Chile, Paraguai, Brasil, Colômbia e outros países, também expressaram o apresso à mensagem do Amauta. A participação do chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, no encerramento do evento, estabeleceu um marco nas relações entre nossos povos.

 

Ofensiva imperialista

 

Na segunda-feira, 19 de abril, no túmulo de Mariátegui, uma grande concentração evocou parte de textos com o pensamento do Amauta, como uma luz que ilumina a consciência dos trabalhadores.

Vivemos tempos duros. No mundo o Império redobra sua ofensiva bélica e viola a soberania e a independência das nações e ameaça a paz. Em Nossa América recrudesce a campanha contra Cuba socialista e contra Venezuela bolivariana, e também contra os demais povos. O que ocorre com Lula e os ataques sistemáticos contra Evo Morales, bem como a ofensiva contra a Nicarágua sandinista, são expressões do medo das classes dominantes, num cenário em que os povos reafirmam seu destino.

No Peru se exacerba também os ataque ao legado de Mariátegui com as mais variadas formas. A máfia aprista-fujimorista e a direita mais conservadora destilam o ódio dos que traficam gente, deturpando a verdade histórica.

Pretendem confundir as forças progressistas com terrorismo que eles mesmos alentaram precisamente para assustar e intimidar os povos e impor seu modelo neoliberal na marra, com o objetivo de dividir o movimento popular e as forças democráticas, pois sabem que a unidade os tornaria invencíveis.

Nos próximos dias, no Peru, prestaremos homenagem ao bicentenário do nascimento de Karl Marx, num evento denominado “José Carlos Mariátegui e o pensamento de Marx”, uma forma de mandar uma mensagem a todos os ouvidos: Falar de Marx e de Mariátegui, é falar das mais elevadas bandeiras de luta dos povos.

*Colaborador de Diálogos do Sul, desde Lima, Peru


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
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