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Extrema-direita venezuelana realiza campanha de assédio ao exército nas redes sociais

Com o lema "A 23F tens de optar entre servir Maduro ou servir a Pátria", Guaidó lidera uma campanha agressiva contra membros das Forças Armadas
Redação AbrilAbril
AbrilAbril
Lisboa

Tradução:

No âmbito das “manobras inconstitucionais de assalto ao poder político, a violação do princípio de obediência, disciplina e subordinação da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) parece ser uma prioridade dos grupos golpistas, na tentativa de provocar a queda do presidente da República, Nicolás Maduro”, afirma a jornalista Zurimar Campos numa peça publicada esta quarta-feira pela Agencia Venezolana de Noticias (AVN).

Com uma linguagem ameaçadora, dirigentes e militantes da extrema-direita venezuelana estão tentando intimidar militares da FANB, nomeadamente oficiais, de modo que “não reconheçam o Estado de Direito e a Constituição, e participem em planos subversivos”.

Tendo como lema “No dia 23 de Fevereiro tens de optar entre servir Maduro ou servir a Pátria”, a “campanha agressiva” visa sobretudo os militares que prestam serviço em regiões fronteiriças ou próximas delas, tendo em conta que esta seria a via de acesso para a suposta “ajuda humanitária” enviada à Venezuela pelos EUA.

No âmbito da campanha, revela a AVN, têm sido publicadas “fotografias e informações pessoais de efetivos da FANB”, bem como “convites a refletir e advertências implícitas nas mensagens divulgadas através das redes sociais”.

Com o lema "A 23F tens de optar entre servir Maduro ou servir a Pátria", Guaidó lidera uma campanha agressiva contra membros das Forças Armadas

AbrilAbril
Alvo de uma agressiva campanha por parte da extrema-direita venezuelana, a FANB afirma que não vai ceder às chantagens

Guaidó: da publicação de fotos de militares às ameaças à FANB

Juan Guaidó, que se autoproclamou “presidente interino” da Venezuela no dia 23 de Janeiro, é, de acordo com a jornalista, “um dos fervorosos promotores” desta campanha, tendo publicado no seu perfil de Instagram “dez fotografias e uma lista com os nomes dos funcionários que atuam nos estados de Bolívar, Nova Esparta e Táchira”.

O objetivo declarado é o de que os seguidores solicitem aos militares visados a autorização de “entrada da ajuda humanitária”, contribuindo, nos seus termos, para “conseguir o fim da usurpação e restabelecer a democracia”.

A AVN sublinha que a publicação das fotografias, divulgadas em simultâneo na conta de Twitter do dirigente do partido de extrema-direita Vontade Popular, sujeita os militares da FANB “ao escárnio público”, “violando a sua privacidade e colocando-os à mercê de setores radicais que apostam no seu extermínio”.

Já depois disso, o “autoproclamado” e “anti-constitucional” Juan Guaidó declarou, em tom de ameaça, que a “FANB tem três dias para se juntar à luta pelo fim da usurpação, ao governo de transição e às eleições livres”, tendo ainda anunciado que, no próximo sábado, dia 23, a oposição promoverá a realização de mobilizações junto aos quartéis do país para “exigir a entrada da ajuda humanitária”.

Juventude solidária com a FANB

Rander Peña, da juventude do Partido Socialista Unido da Venezuela (JPSUV), manifestou a solidariedade às Forças Armadas, em face da perseguição de que os seus membros estão sendo alvo por parte da extrema-direita – uma campanha que se intensificou após as declarações de segunda-feira do presidente dos EUA, Donald Trump, exortando os militares venezuelanos a escolher entre uma “generosa oferta de anistia ou continuar a apoiar Maduro”.

Sobre as declarações de Trump, Peña afirmou à AVN que evidenciam “grande desespero”, na medida em que “não conseguem materializar a sublevação militar” no país, devido “à lealdade da FANB ao projeto bolivariano e ao presidente da República, Nicolás Maduro”.

“Não vamos ceder à chantagem”

Num comunicado emitido esta terça-feira, a FANB afirmou que não vai ceder às chantagens que visam “fragmentar a unidade e força moral” do corpo militar, tendo rejeitado qualquer possibilidade de responder a ordens que não venham da decisão soberana do povo.

“A chantagem e a coerção não vão fragmentar a nossa unidade e força moral, pois não somos mercenários que se vendem pelo melhor preço. Somos os dignos herdeiros de Bolívar, Zamora e Chávez, e, fiéis aos seus princípios, defenderemos os mais sagrados interesses do povo venezuelano”, lê-se no texto.

Por seu lado, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reafirmou que as forças armadas da Venezuela estão comprometidas com a defesa do território nacional. “Vamos resistir e tenho certeza que o bem se vai impor ao mal”, disse.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação AbrilAbril

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