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Organizações brasileiras pedem que Bolsonaro pare a guerra contra a Venezuela

Em nota, integrantes do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela rechaçam ação do Brasil contra governo Maduro e alinhamento do país com os EUA
Redação
São Paulo (SP)

Tradução:

“O povo brasileiro não será bucha de canhão de uma guerra fratricida!”. Assim, movimentos populares, partidos políticos e integrantes da sociedade civil que integram o Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela rechaçaram, em nota divulgada nesta sexta-feira (22), a postura do Brasil diante da possibilidade de um conflito armado no país vizinho.

Nos próximos dias, a situação na Venezuela pode escalar para uma intervenção armada orquestrada pelos Estados Unidos, como vem alardeando o presidente daquele país, Donald Trump, há alguns dias.

Frente à iminência de um conflito armado, as organizações que integram o comitê apontam a contradição de Bolsonaro: “diante da situação de arrocho que se verifica no país, com destaque para o ataque frontal à Previdência Social, questionamos como pode o Brasil sacrificar recursos para financiar uma guerra fratricida”.

Em nota, integrantes do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela rechaçam ação do Brasil contra governo Maduro e alinhamento do país com os EUA

Reprodução
Presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Venezuela, Nicolás Maduro

Também nesta sexta, o Comitê Gaúcho de Solidariedade à Venezuela realizou um ato na Esquina Democrática, em Porto Alegre (RS) para expressar total rechaço ao governo dos EUA, que ameaça intervir militarmente no país vizinho. 

A tensão entre a Venezuela e o Brasil escalou após Nicolás Maduro anunciar o fechamento da fronteira em resposta ao anúncio de que o exército brasileiro vai enviar “ajuda humanitária” ao país por meio de venezuelanos na região fronteiriça. 

Além disso, o espaço aéreo venezuelano foi fechado por motivos de segurança desde a quinta-feira (21). Entre esta sexta e sábado (23), serão realizados shows musicais do lado colombiano da fronteira. O evento é organizado pelo empresário e magnata britânico Richard Branson. No lado venezuelano, no entanto, será realizada a “Jornada Pela Paz e a Vida – Tirem as Mãos da Venezuela”, um conjunto de atividades culturais que terão duração até o domingo (24).

Leia a íntegra da nota:

Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela rechaça ação do Brasil contra o governo eleito no país irmão

Em menos de dois meses no poder, o governo brasileiro já demonstrou submissão a uma nação estrangeira. Sob pressão dos Estados Unidos, o Brasil anunciou o envio de “ajuda humanitária” — não solicitada — à Venezuela.

Nós, do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, vimos a público rechaçar completamente a ação do governo de Jair Bolsonaro, que vai contra uma longa tradição de diplomacia independente mantida até então pelo Itamaraty.

Nos alarma o fato de nosso governo intervir abertamente no conflito interno de outro país, respaldando as intenções nitidamente imperialistas dos Estados Unidos, que buscam derrubar um governo eleito para alçar ao poder um governo dócil, que deixaria sob o controle das corporações estadunidenses a maior reserva de petróleo do mundo.

Diante do show midiático orquestrado pelos EUA e governos satélites, nós dizemos: “o povo brasileiro não será bucha de canhão de uma guerra fratricida!”.

O rompimento de nossa tradição diplomática não é só um ataque aos venezuelanos, mas aos brasileiros. Diante de uma situação de arrocho que se verifica no país, com destaque para o ataque frontal à Previdência Social, questionamos como pode o Brasil sacrificar recursos para financiar uma guerra fratricida.

Assim, nos comprometemos a estar de pé, dia após dia, denunciando as inúmeras violações da soberania e autodeterminação do povo venezuelano, bem como a violação de direitos humanos que esta e as consequentes ações vão provocar no país caribenho.

BOLSONARO, TIRE AS MÃOS DA VENEZUELA!

Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela 

21 de fevereiro de 2019


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação

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