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“Ataque sônico” usado pelos EUA para retirar diplomatas de Cuba era fake news

Desde sua chegada à presidência em 2017, Donald Trump tem recrudescido a política de bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba
Cosset Lazo Pérez
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Embora Washington insista em utilizar o termo ataque para se referir aos alegados incidentes de saúde reportados por diplomatas estadunidenses em Havana, a ciência não respalda tais acusações. 

Segundo investigações realizadas, não foram identificados possíveis autores, nem pessoas com motivação, intenção ou meios para executar esse tipo de ação, informou a jornalistas nacionais e estrangeiros o tenente coronel Roberto Hernández, ao apresentar, em Havana, as conclusões das pesquisas. 

Os resultados técnico-periciais de gravações analisadas demonstraram que não é possível que essas amostras de áudio afetem a saúde, afirmou Hernández, que além disso especificou que foi criado uma equipe interdisciplinar para estudar os alegados incidentes de saúde. 

Esses especialistas desenvolveram estudos de controle (vizinhos e trabalhadores em hotéis) nos quais não se encontraram novos problemas de saúde. 

No processo foi possível o intercâmbio científico entre especialistas dos Estados Unidos e da Europa, nos campos da neurologia, da psicologia, da tecnologia de micro-ondas e da bioengenharia, detalhou o oficial. 

De acordo com Rodríguez, na Ilha não é possível adquirir equipamentos emissores de som – nem está permitida sua importação – como os descritos pelos Estados Unidos para tratar de explicar o ocorrido. 

Por sua parte, o diretor geral para os Estados Unidos da chancelaria, Carlos Fernández de Cossío, reiterou que Cuba garante a segurança de todas as pessoas, inclusive dos membros credenciados do corpo diplomático. 

Cuba não duvida que possa existir pessoal doente. O certo é que, a partir das investigações realizadas e da evidência existente, nada indica que a doença que possam padecer ou os sintomas sejam resultado da permanência na Ilha, explicou o funcionário. 

Desde 17 de fevereiro de 2017, quando a embaixada dos Estados Unidos em Cuba informou ao Ministério de Relações Exteriores que haviam ocorrido presumidos ataques que provocaram afecções auditivas e de outra índole a funcionários nessa sede diplomática em Havana, o Governo da ilha deu uma atenção prioritária e urgente ao assunto, e dispôs as medidas necessárias para esclarecer os fatos, precisou. 

De acordo com Fernández de Cossío, não há evidência, teoria, nem resultado investigativo apegado à ciência que justifique o uso do termo ataque que Washington continua utilizando publicamente, embora em encontros oficiais reconheça que não existem evidências. 

Igualmente, argumentou que as investigações cubanas e os resultados dos intercâmbios de critérios com autoridades dos Estados Unidos não permitem sustentar as hipóteses de que tenha sido produzido algum ataque. 

Nesse sentido, afirmou que a investigação do Bureau Federal de Investigação (FBI) descarta a hipótese de um ataque acústico, sônico, ultrassônico ou infrassônico. 

Ao falar sobre a cooperação, expressou que a recebida por parte de Washington à investigação esteve abaixo do que se houvesse esperado diante de um assunto de tal envergadura. 

Por sua parte, Mitchell Valdés, diretor do Centro de Neurociências de Cuba, resumiu o trabalho realizado pelo comitê de especialistas cubanos e da Academia de Ciências da Ilha sobre os supostos incidentes de saúde reportados por diplomatas dos Estados Unidos. 

Valdés explicou que, de acordo com a comissão médica cubana formada para este caso, nenhum dos sintomas foi causado pelos alegados ataques. 

De mesma forma, citou alguns questionamentos da comunidade científica internacional sobre as presumidas teorias de ataques acústicos e danos cerebrais inexplicáveis. 

O governo estadunidense insiste em utilizar o termo ataque para os supostos problemas de saúde experimentados por seus diplomatas, postura que Cuba julga fazer parte do interesse da atual administração na Casa Branca de reverter os passos para a aproximação bilateral dados durante a gestão de Barack Obama, em particular os alcançados em 2015 e 2016.

Desde sua chegada à presidência em 2017, Donald Trump tem recrudescido a política de bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba e não oculta sua intenção de destruir o socialismo na América Latina.

Além disso, os Estados Unidos apelam à ameaça de incluir Cuba em sua unilateral lista de países patrocinadores de terrorismo, um passo que afetaria ainda mais as relações bilaterais..

A critério da investigadora Olga Rosa González, o possível regresso a essa lista – que o Departamento de Estado confecciona à sua vontade – seria compatível com o discurso agressivo do presidente Donald Trump em relação a Cuba e sua Revolução. 

“Não vou me surpreender se Cuba for colocada outra vez, porque foram criando condições para isso”, precisou em entrevista exclusiva à Prensa Latina, a subdiretora do Centro de Estudos Hemisféricos e sobre os Estados Unidos da Universidade de Havana.

*Jornalista da Redação Nacional de Prensa Latina.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Cosset Lazo Pérez

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