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ToggleNeste momento, as Nações Unidas estimam que 70 mil pessoas nas Bahamas precisem de ajuda humanitária imediata. O Dorian foi o furacão mais destruidor que já passou pelo arquipélago das Caraíbas.
Enquanto o furacão Dorian chegava à costa da Carolina do Norte, onde se esperavam cheias de uma dimensão ímpar, os habitantes das Bahamas percorriam os destroços deixados para trás e as autoridades tentavam determinar o número de pessoas mortas.
Neste momento, já circulam pelo mundo imagens aéreas de Ábaco, a ilha mais atingida, que fica no norte do país. Ali, os esforços dos socorristas aumentaram perante a vasta devastação, com porto, hospital, lojas, casas e pista do aeroporto danificados ou devastados.
O furacão tinha categoria máxima quando atingiu o país, fazendo pelo menos 30 mortos. As autoridades acreditam que o número subirá. Hubert Minnis, primeiro-ministro, afirmou à imprensa que o recuo das águas revelou a real dimensão da tragédia. Os danos “vão afetar várias gerações” em Ábaco e na Grande Bahamas, afirmou, citado pela CNN.
Em muitas áreas, não há comunicações telefônicas e os habitantes estão a fazer listas de desaparecidos nas redes sociais. Numa publicação do portal de notícias Our News Bahamas, há, à hora desta notícia, cerca de 2600 comentários, sobretudo com as listagens dos nomes dos desaparecidos.
EBC / Agência Brasil
Furacão causo um enorme impacto econômico e social nas Bahamas
36 horas de terror
O furacão assolou as Bahamas durante 36 horas. As chuvas e as cheias criaram correntes de lama que inundaram tudo, inclusive as zonas mais elevadas.
“Falei com um homem que, basicamente, estava abrigado em cima dos armários da cozinha. O ar que tinha para respirar era o que estava entre os armários e o tecto. Acabou por não resistir e caiu dentro de água, foi puxado pelo filho. Ele disse-me que naquele momento pensou: “Tenho que resistir, não posso deixar o meu filho ver-me morrer desta maneira”, escreveu Paula Newton, jornalista da CNN.
Em Ábaco, as pessoas estão habituadas a furacões poderosos. No entanto, a dimensão deste foi algo nunca visto, havendo, segundo os relatos da CNN, muitas pessoas ainda incrédulas por terem sobrevivido.
A tempestade segue agora em direção à Carolina do Norte. O furacão chegou a descer para a categoria 1, mas a costa dos Estados Unidos continua ameaçada. Vai seguir pela costa leste americana até se dissipar na segunda-feira, dia 10.
Entretanto, voltou a ganhar força, retornando à categoria 3, com ventos de até 208 km/h. Atingiu a Carolina do Sul nesta quinta-feira e a Carolina do Norte nesta sexta-feira. Mesmo não tocando o solo da Carolina do Sul, os efeitos da tempestade já deixaram 200 mil casas e comércios sem energia elétrica, tendo ainda provocado inundações nas ruas e nas avenidas de Charleston, a capital do estado. Formaram-se ainda tornados na costa.
Esta sexta-feira, tocou o solo da Carolina no Norte. Está agora na categoria 1 — de um total de 5 na escala de Saffir-Simpson — com ventos sustentados de 144 km/h.
Trump adultera mapa
O presidente dos EUA mostrou um mapa adulterado do percurso projetado pelo Dorian. Aparentemente, foi alterado com um marcador de forma a incluir o estado do Alabama. A hipótese fora previamente suscitada por Trump, mas desmentida pelo serviço meteorológico.
Num vídeo da Casa Branca divulgado esta quarta-feira, Trump aponta para um gráfico meteorológico oficial datado de 29 de agosto que mostra os estados que poderiam ser atingidos no que o Centro Nacional de Furacões chama de “cone da incerteza”.
Foi adicionada uma linha curva ao cone no gráfico para mostrar o risco de Dorian se poder movimentar da Florida para o Alabama. “Ia atingir não só a Florida, mas a Geórgia, poderia ter, ia em direção ao Golfo, era isso que nós, o que foi originalmente projetado…”, afirma Trump.
Contudo, a projeção relativa ao furacão Dorian nunca apontou para o Golfo do México, onde o estado do Alabama tem uma linha costeira. No fim de semana, Trump escreveu no Twitter que o Alabama era um dos estados que poderiam ser atingidos. “Além da Florida, a Carolina do Sul, a Carolina do Norte, Geórgia e Alabama deverão ser atingidos com (muito) mais força do que previsto.”
O Serviço Meteorológico Nacional negou essa hipótese 20 minutos depois: “O Alabama não verá nenhum impacto do Dorian. Repetimos, nenhum impacto do furacão Dorian será sentido em todo o Alabama. O sistema permanecerá muito longe do leste.”
Os jornalistas perguntaram a Trump se o gráfico tinha sido desenhado com uma caneta, mas este afirmou três vezes: “Eu não sei.”
O meteorologista Al Roker criticou fortemente Trump – juntando-se ao coro –, lembrando que há consequências legais para quem publique previsões meteorológicas falsificadas: a lei dos EUA estipula uma multa e/ou uma pena de prisão até 90 dias.
Reagindo às críticas, Trump insistiu no Twitter: “Certos modelos sugeriram que o Alabama e Geórgia seriam atingidos (…) O que eu disse foi correto! Todas as notícias falsas para macular”
Trump multiplicara as declarações sobre o tema nos dias anteriores, mostrando falta de conhecimento sobre o tema. “Não tenho a certeza de já ter ouvido falar sobre a categoria 5”, afirmou no fim de semana. A declaração espanta mais, na medida em que este é o quarto furacão de categoria 5 na escala Saffir Simpson (o mais elevado) que atinge os Estados Unidos desde que Trump chegou à Casa Branca.
“Fico preocupado. Tenho pena do presidente e não é isto que se deve sentir da pessoa mais poderosa do país. Não sei se foi ele que sentiu a necessidade de alterar o mapa com um marcador, não sei se foi um assessor que acreditou que teria de fazê-lo para proteger o seu ego. Seja como for, é uma situação inacreditável”, afirmou o candidato democrata Pete Buttigieg.
O furacão Dorian seguiu para a Carolina do Sul e Carolina do Norte, tendo voltado a ganhar força nas últimas horas e alcançado a categoria 3, com ventos até 217 quilómetros por hora. Deverá dissipar-se na próxima segunda-feira.
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