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Políticos da esquerda brasileira vão acompanhar eleições na Argentina

Observadores internacionais podem ser convidados pelos partidos e também por entidades, a exemplo do ParlaSul, OEA, Parlamento Europeu, entre outros
Rafael Duarte
Saiba Mais
Buenos Aires

Tradução:

Um grupo de políticos da esquerda brasileira vai acompanhar em Buenos Aires as eleições da Argentina neste domingo (27). O ex-senador Lindberg Farias, o senador Humberto Costa, o ex-chancelar Celso Amorim, além dos ex-deputados federais Aloísio Mercadante e Manuela D’Avila foram convidados pela Frente de Todos, dos candidatos Alberto Fernández e Cristina Kirchner, e atuarão como observadores internacionais. O filho do ex-presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, também integra a comitiva.

Lindberg Farias compara o atual momento da América Latina com a conjuntura de períodos de ditaduras e também do final dos anos 1990, quando a crise provocada pelos efeitos do neoliberalismo na Argentina, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Equador e Brasil levou a mudanças no modelo de governo desses países, a partir da pressão popular

Observadores internacionais podem ser convidados pelos partidos e também por entidades, a exemplo do ParlaSul, OEA, Parlamento Europeu, entre outros

Tânia Ferreira
O ex-senador Lindberg Farias (PT) falou com a agência Saiba Mais/ComunicaSul na Plaza de Mayo

– Essa é a terceira ofensiva neoliberal na América Latina. A primeira foi sob ditadura, a de Pinochet no Chile, onde os professores da escola de Chicago, dirigida por Milton Friedman, implantaram todo aquele receituário, e depois na Argentina, na ditadura do general Rafael Videla, quando o ministro da Fazenda era Martín Diós. Depois tivemos uma segunda grande ofensiva nos anos 1990. Após o consenso de Washington em 1989, o que ocorre é que todos os governos caíram. Vale dizer que naquele momento era uma implantação (do neoliberalismo) mais gradual que agora”, avalia.

O primeiro país a optar por outro modelo de governo, ainda em 1998, foi a Venezuela, que substituiu Carlos André Perez por Hugo Chávez. No Brasil, em 2002, Fernando Henrique Cardoso deu lugar a Lula. A Argentina se afundou numa crise sem precedentes e viu cinco presidentes diferentes ocuparem a Casa Rosada em apenas 12 dias:

– O ex-presidente De La Rua fugiu de helicóptero da Casa Rosada, onde estamos agora , depois entrou Kirchner. Vieram Tabaré Vásquez e Pepe Mujica no Uruguai, Evo Moraes na Bolívia, Rafael Correia no Equador, e por aí vai. Estamos vivendo agora uma ofensiva mais radical que nos anos 90. Agora não tem gradualismo, é tudo ao mesmo tempo agora. Veja Paulo Guedes privatizando tudo, querendo tirar todos os direitos do povo. E isso, claro, vai levar a uma explosão social. Por isso é importante essa virada”, reflete. 

O ex-senador pelo PT do Rio de Janeiro lembra como Maurício Macri foi saudado pela imprensa tradicional brasileira, em especial a Rede Globo:

– Macri era o príncipe do liberalismo. Lembro como a Rede Globo cobria no Brasil o início do governo Macri. E cinco anos depois não vai ter segundo turno ! A eleição está tranquila porque as pessoas sabem que ele vai perder. E esses ventos vão pro Brasil”, acredita Farias, destacando o ex-presidente Lula no processo de reorganização da América Latina:

– A figura do Lula é central, amanhã (domingo) é aniversário do ex-presidente e vai ter vários atos espalhados pelo mundo. Está claro que ele vai sair (da cadeia) no final do ano e a saída dele pode levantar o Brasil. Depois do Chile, Equador, Bolívia e essa vitória na Argentina, será a vez do Brasil. E Lula Livre significa muito para a América Latina”, disse.

Os observadores internacionais podem ser convidados pelos partidos e também por entidades, a exemplo do ParlaSul, OEA, Parlamento Europeu, União Europeia, entre outros.

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Rafael Duarte

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