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“Que o mundo saiba que nosso pecado foi ser anti-imperialista”, diz Evo, exilado no México

Ex-presidente aceitou asilo oferecido por López Obrador como forma de preservar sua vida e a de seus ministros e apoiadores; após longa jornada, chegou à Cidade do México
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

“Meu delito, meu pecado é que ideologicamente somos anti-imperialistas. Que o mundo inteiro saiba”, disse o ex-presidente boliviano Evo Morales, que aterrissou em solo mexicano na tarde desta terça-feira (12), mediante o asilo concedido pelo mandatário Andrés Manuel López Obrador.

Junto ao ex-mandatário chegaram ao país norte-americano também o ex-vice-presidente García Linera e a ex-ministra da Saúde, Gabriela Montaño.

“Se cometi algum delito foi ser indígena. Se cometi algum pecado foi implementar programas sociais para os mais humildes, buscando igualdade e justiça. Estou convencido de que só haverá paz quando for garantida a segurança social.”

O ex-presidente também defendeu os ministros e prefeitos de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), que renunciaram a seus mandatos nos últimos dias. “Eles não renunciaram porque são covardes, mas porque sequestraram seus filhos, seus familiares”, afirmou.

Ele afirmou que desde a vitória eleitoral de 20 de outubro teve início o processo de golpe. Queimaram tribunais eleitorais, atas das eleições, sedes de casas de autoridades do país.

Ex-presidente aceitou asilo oferecido por López Obrador como forma de preservar sua vida e a de seus ministros e apoiadores; após longa jornada, chegou à Cidade do México

Twitter / Reprodução
Evo Morales desembarca no México

A longa viagem ao México

Desde a efetivação do golpe de Estado contra Evo, ao longo do domingo (10), ganhou força, internacionalmente, a denúncia de que a vida do líder indígena corria risco, o que foi confirmado por ele mesmo e por diversos apoiadores e integrantes de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS).

 “Sábado, dia 9 de novembro, quando chegávamos à Cochabamba, um membro da equipe de segurança do Exército me mostrou, para que eu mesmo pudesse ler, mensagens que tentavam suborná-los, para que me entregassem por US$ 50 mil”, denunciou o ex-mandatário.

A chegada de Evo à Cidade do México só foi possível porque o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, ajudou a coordenar o processo com outros presidentes sul-americanos, em especial o paraguaio, Mario Abdo Benítez, e porque a chancelaria mexicana fez um trabalho impecável e exaustivo durante toda a madrugada para coordenar com os governos de Peru, Equador, Brasil, Paraguai e com a  própria Bolívia que, neste instante, não tem governo. 

Confira o informe feito pelo embaixador mexicano, Marcelo Ebrard, sobre o périplo para tirar Morales da Bolívia: 

*Vanessa Martina Silva é editora da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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