Em uma noite chuvosa e quente da capital paulista, mais de uma centena de pessoas se reuniram no evento de gala para celebrar o 167º aniversário de nascimento do herói da independência, José Martí, a convite do Consulado Geral na cidade.
Martí nasceu em 28 de janeiro de 1853, mas a comemoração foi realizada, em São Paulo, na última sexta-feira (31). A data é uma oportunidade para divulgar os feitos e desafios da revolução do país, iniciada em 1959, sob a liderança de Fidel Castro. E também uma forma de reiterar a solidariedade internacional ao povo cubano.
O país tem como principal desafio conseguir superar as sabotagens e sanções impostas pelos Estados Unidos desde o início do processo revolucionário.
Diálogos do Sul
Presidente da Câmara Brasil-Cuba Vladimir Guilhamar, Cônsul do Equador, Marco Larrea, secretário de RI Luiz de Menezes, e cônsul cubano
Martí lutou pela independência de Cuba, que só seria conquistada, parcialmente, três anos depois de sua morte, em 1898. Os Estados Unidos, porém, declararam guerra à Espanha, invadiram Cuba e iniciaram ali um novo imperialismo, impedindo o triunfo revolucionário.
Essa reconstrução histórica foi lembrada pelo embaixador Pedro Monzón, Cônsul Geral de Cuba em São Paulo, que abriu oficialmente a cerimônia. Ele destacou os avanços conquistados pela Revolução cubana, o acesso da população à saúde e à educação e os esforços da nova geração para atualizar o modelo econômico vigente no país.
País de negócios
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), não compareceu ao evento, mas enviou Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes, secretário de Relações Internacionais da cidade, e que transmitiu uma importante mensagem com sua presença.
Em um momento de desgaste de Jair Bolsonaro e seus desfeitos, o prefeito, candidato à reeleição, baixa o tom e se aproxima da esquerda. “Martí sonhava com uma América Latina integrada e a cidade de São Paulo se reconhece nesses ideais”, disse Menezes na oportunidade.
Focando na oportunidade de negócios existentes, ele destacou a importância de melhorar as relações entre São Paulo e Havana, bem como “fortalecer a amizade com Cuba”.
Outro que está longe de ser esquerdista, mas esteve presente no evento foi o presidente da Câmara empresarial Brasil-Cuba, Vladimir Guilhamat. A máxima do bolsonarismo “Vai para Cuba” não é nenhuma ofensa para o homem focado em negócios e segundo o qual é mais fácil comercializar com o país socialista do que com o capitalista Brasil.
“Cuba tem dificuldades, mas não deixa de honrar compromissos. Há 20 anos eu comercializo com Cuba e eles sempre honraram compromisso”, destacou.
O empresário acaba de conseguir todas as permissões para vender no Brasil a marca de rum cubano Santiago. “Eu sofro restrições do [presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump. O Custo com o transporte é muito alto por causa do bloqueio, Cuba tem que pagar um dos transportes mais caros do mundo, que é duas ou três vezes o valor que deveria ser”, afirmou Guilhamat.
“O principal objetivo é ajudar Cuba a se desenvolver, a sair das dificuldades. Estaremos ao lado dos empresários cubanos”, afirmou.
Quem também mandou um recado para os presentes foi o brasileiro Frei Betto que, por meio de um vídeo, lembrou que Cuba garante os três direitos humanos fundamentais: a alimentação, a saúde e a educação. “Revolução não é fato do passado, mas um desafio do futuro”, disse.
Representantes diplomáticos de diversos países, políticos, integrantes de partidos políticos, universitários e pesquisadores, além de simpatizantes e integrantes dos comitês de solidariedade com Cuba também estiveram presentes no evento.
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