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ToggleOrganizações e pessoas que advogam nos Estados Unidos pelo levantamento do bloqueio a Cuba celebrarão em março próximo um importante evento destinado a reunir esforços para lutar contra essa política de quase seis décadas.
A Conferência Internacional para a Normalização das Relações entre Cuba e Estados Unidos, a realizar-se nos dias 21 e 22 deste mês na Faculdade de Direito da Universidade de Fordham, na cidade de Nova York, tem como propósito fundamental que se estabeleçam vínculos normais entre às duas nações.
Para isso, a primeira demanda dos organizadores é precisamente o fim de todas as sanções econômicas, comerciais e financeiras que conformam o mencionado cerco, assim como a revogação das legislações que as sustentam, em particular a Lei Helms-Burton de 1986.
A convocatória ao evento também exige a eliminação de todas as restrições de viagem a Cuba; a normalização das relações diplomáticas; a devolução do território ilegalmente ocupado pela Base Naval estadunidense em Guantánamo, no oriente da ilha; e o fim dos programas de “mudança de regime”.
Neste momento de novas ameaças e ataques, lhe pedimos que se una às amplas forças nacionais e internacionais que defendem o direito de Cuba à autodeterminação e se opõem incondicionalmente às sanções econômicas, comerciais, financeiras e limitações de viagem dos Estados Unidos estabelecidas pelo bloqueio, expressa o chamado.
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A Conferência Internacional para a Normalização das Relações entre Cuba e Estados Unidos acontecerá nos dias 21 e 22 de março
Solidariedade
Cheryl LaBash, co diretora da Rede Nacional de Solidariedade com Cuba (NNOC), adiantou a Prensa Latina que esperam a participação de mais de 300 pessoas de todas as partes dos Estados Unidos, assim como de membros do movimento de apoio à ilha no Canadá.
Manifestou que um dos propósitos da conferência é conquistar grande unidade na luta contra o bloqueio, e que os participantes possam regressar a suas casas com as ferramentas necessárias para conseguir, por exemplo, a aprovação de resoluções de condenação ao cerco por parte das autoridades locais, como já ocorreu em mais de uma dezena de cidades do país.
A ativista, uma das organizadoras da iniciativa, agregou que querem também compartilhar experiências sobre como realizar eventos nos bairros e fazer apelos a membros do Capitólio para que respaldem o levantamento do bloqueio, porque o legislativo tem esse poder.
“Sabemos que há suficiente apoio ao redor do país para dizer ao Congresso que queremos que seja uma prioridade o fim do bloqueio”, ressaltou LaBash.
Melhoria nas relações bilaterais
Demonstrando concordância, o cubano Félix Sharpe Caballero, membro da NNOC e residente no estado estadunidense de Michigan, destacou a importância de organizar as pessoas que desejam melhores relações bilaterais.
Há muita oposição ao bloqueio nos Estados Unidos, mas não tem sido organizada da maneira que deve ser para tornar-se mais efetiva, explicou ao ressaltar a necessidade dessa conferência.
Sharpe adiantou que se prevê contar com participantes da Califórnia, Louisiana, Michigan, Nova York, Nova Jersey, Florida e Washington, entre outros territórios, em um momento que qualificou de crítico pela contínua imposição de sanções contra a nação antilhana.
Não creio que desde o início do bloqueio (na década de 60 do século passado) tenha havido um período tão difícil como estamos vendo hoje nos Estados Unidos para Cuba e os cubanos, expressou sobre as ações da administração de Donald Trump contra o país.
Ações de Trump
Após sua chegada ao poder em 20 de janeiro de 2017, o presidente republicano decidiu reverter o processo de normalização de relações iniciado durante o período da presidência do democrata Barack Obama (2009-2017), apesar do amplo apoio que recebeu essa aproximação por parte de numerosos setores estadunidenses.
Entre outras ações, o governo de Trump restringiu muito mais as viagens a Cuba, limitou o envio de remessas, impôs sanções para impedir a chegada de combustível e ativou o Título III da Lei Helms-Burton, que permite interpor demandas contra empresas e pessoas que investem em propriedades nacionalizadas em Cuba depois do triunfo da Revolução, em 1º de janeiro de 1959.
A conferência, que será em uma faculdade de leis, cria esse contexto que necessitamos para começar os processos e os caminhos; tudo isto se baseia nas leis dos Estados Unidos, e é importante que também a comunidade de advogados, as pessoas que entendem e manejam as normas deste país, estejam presentes, agregou Sharpe.
Planos futuros
De acordo com o ativista, foi proposto sair no último dia do encontro com um plano de projetos que ordene o trabalho futuro.
Para chegar a essa meta, durante a conferência haverá seis painéis, o primeiro dos quais anuncia a presença no evento de membros do movimento de apoio a Cuba no Canadá, pois terá como título Canadá, Quebec e Estados Unidos: Construindo solidariedade transfronteiriça.
Os temas dos outros painéis são: Cuba e a solidariedade médica; Cuba, o Caribe e a América Latina; Defenda seu direito de viajar a Cuba!; Impacto do bloqueio no povo dos Estados Unidos; e Iniciativas Legislativas Nacionais, Municipais e Estaduais.
Entre as pessoas que organizam ou apoiam o encontro se encontram membros da Coalizão Nova York-Nova Jersey Cuba Sim; a NNOC; Amigos de Cuba contra o bloqueio dos Estados Unidos em Vancouver, Canadá; o Conselho de Paz dos Estados Unidos; a Brigada Venceremos; CODEPINK; a coalizão Metro DC em Solidariedade com a Revolução Cubana; e o ator, e ativista Danny Glover, entre muitos outros.
Quando em outubro passado foi realizada nesta capital a reunião anual da NNOC, Ike Nahem, membro da Coalisão Nova York-Nova Jersey Cuba Sim, analisou os preparativos da conferência de março, e recordou que em 2017 realizaram um evento similar, com cerca de 200 participantes.
Nesse momento, o ativista disse a Prensa Latina que agora esperam uma maior participação, e que querem reunir amigos de Cuba, amigos da Revolução cubana e pessoas que, inclusive se não têm uma postura sobre a Revolução, opõem-se ao bloqueio e aos problemas que afetam o povo cubano.
Apesar do recrudescimento do cerco sob a administração Trump, Nahem se mostrou otimista de que no futuro será possível eliminar essa política, à qual descreveu como uma mostra de fraqueza por parte do governo estadunidense.
Martha Andrés Román, Correspondente de Prensa Latina nos Estados Unidos.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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