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Venezuela: Trump tem que entender que mundo não é Texas, nem estamos em 1850

Feito um Xerife de Condado, hoje o Chefe de Estado estadunidense oferece dólares a quem trair seu povo e entregar o condutor de suas lutas patrióticas
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul

Tradução:

Enquanto o mundo olha com preocupação o crescimento e a expansão do coronavírus; enquanto milhares de pessoas em todos os países morrem afetadas por essa súbita doença; enquanto o hospitais de Madri, de Milão, de Nova York e outras cidades, esgotam suas possibilidades de atendimento; e enquanto em toda parte se multiplica o temor e a desconfiança, Donald Trump pensa na Venezuela, e mais precisamente, em Nicolás Maduro. Essa é a sua obsessão fatal.

Evocando os filmes do oeste estadunidense, quando o Xerife do Condado punha preço à cabeça dos Billy The Kid daqueles anos, hoje o Chefe de Estado Ianque oferece dólares a quem trair seu povo e entregar o condutor de suas lutas. O mundo não é o Texas, nem estamos em 1850! Devemos dizer isso a ele.

Todos sabemos que o atual inquilino da Casa Branca não tem empatia alguma com os povos. Não lhe importa em absoluto a sorte de milhões de pessoas disseminadas em todos os confins do planeta. Cheio de impiedade e soberba, a única coisa que lhe importa é continuar com suas sinistras maquinações. Hoje, a Venezuela é sua vítima. Abatê-la será um primeiro passo e depois olhar para Cuba com voracidade contida.

Há mais de um ano – treze meses para ser exatos – de Washington nos anunciaram que o Processo Emancipador Bolivariano tinha as horas contados. Em 23 de fevereiro de 2019, ao meio-dia, no Palácio de Miraflores, no coração de Caracas, o títere de turno – Juan Guaidó – devia assumir o mando do país por decisão inapelável da Casa Branca. Nada disso aconteceu. Os povos puderam recordar ao senhor Trump a velha frase de Pierre Corneille, em 1634: “os mortos que vós matais, gozam de boa saúde”

Feito um Xerife de Condado, hoje o Chefe de Estado estadunidense oferece dólares a quem trair seu povo e entregar o condutor de suas lutas patrióticas

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A obsessão fatal do cacique do Império está marcada pelo inescapável símbolo da derrota

Hoje poderia dizer-se o mesmo, só que em outras condições. E é que agora, quem não goza de boa saúde é precisamente o senhor Trump, que muitos especialista consideram simplesmente um alienado mental. O tema é que esse alienado tem em suas mãos a maleta com os botões nucleares. Se não colocarmos freio às suas loucuras, o mundo poderá explodir, inadvertidamente, em mil pedaços. 

Porque isso é o que poderia acontecer se ao senhor Trump lhe ocorrer usar a crise do Covid-19 para invadir a pátria de Bolívar, como já fez antes com o Iraque ou com a Síria; para acabar com Maduro como o Império acabou com Saddam Hussein, ou Kadafi.

Ele já deveria ter-se dado conta que o mundo de hoje não é o mundo de um par de décadas atrás. A unipolaridade proclamada a viva voz em fins do século passado, já não existe. E povos, e governos de diferentes confins do planeta sabem que podem resistir e reverter qualquer investida. 

É claro que as acusações que hoje apresenta a administração norte-americana contra os dirigentes venezuelanos, carecem de qualquer consistência, e não passam de pretextos para apunhalar um povo que ousou levantar-se quando a voz do amo lhe ordenava calar-se. Os Estados Unidos, o primeiro mercado da droga no mundo, não pode acusar de “narcotráfico” um governo que se empenha em recuperar uma pátria subjugada por quase duzentos anos de submissão e opróbrio. 

Na Venezuela Bolivariana o que está em marcha é um processo revolucionário que brilha imbatível não só pela condição que possui, mas sim porque conta com a participação e o respaldo de milhões de homens e mulheres dispostos a oferecer sua vida pelo direito a construir seu futuro. E, porque, além disso, esse processo conta com o respaldo de povos inteiros, e de governos que não tolerarão nenhuma afronta à dignidade e aos princípios internacionais que regulam as relações entre os Estados. 

Os Estados Unidos da América do Norte não têm o direito de imiscuir-se nos assuntos internos da Venezuela, nem de enfrentar o governo que os venezuelanos decidiram ter em seu momento. E tampouco têm o direito da alentar uns grupos de venezuelanos contra outros, a fim de semear a crise e o caos no país. Arderá a terra sob seus pés, caso se atreva a tentá-lo.

Mãos fora da Venezuela! Poderia ser o apelo a esta hora se não fosse porque todos os países, governos e povos progressistas estão empenhados na luta contra a Pandemia desatada. 

É curioso. Décadas de governos neoliberais na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos destruíram os serviços de saúde que marchavam por conta do Estado. Aconselhados pelos discípulos de Milton Freedman estimularam a saúde privada como um negócio lucrativo e geraram as situações que vivemos hoje. Um cidadão norte-americano conseguiu se curar do Covid-19, mas hoje deve 35 mil dólares aos que o trataram. É que, sob o capitalismo, a vida sempre tem preço. E esse preço é muito alto. 

São os países socialmente mais avançados, aqueles que vivem a experiência socialista, ou que ainda têm marcas indeléveis dela porque a viveram com força os que agem agora para salvar a humanidade. E é Cuba a luz que brilha no firmamento a rota do futuro. E é isso o que odeia o senhor Trump. 

A obsessão fatal do cacique do Império está marcada pelo inescapável símbolo da derrota.

Gustavo Espinoza M*, Colaborador de Diálogos do Sul desde Lima, Peru.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Publicado originalmente pela Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade. Havana, 30 de março de 2020.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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