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Enquanto o Brasil insiste na cloroquina, Argentina desenvolve teste rápido para Covid-19

Objetivo do governo do presidente Alberto Fernández é testar casa por casa em busca de pessoas infectadas pelo Covid-19, sobretudo nas favelas de Buenos Aires
Martín Fernández Lorenzo
Socialista Morena
Buenos Aires

Tradução:

Enquanto o governo brasileiro continua a insistir na cloroquina mesmo após um amplo estudo demonstrar sua ineficácia, a negar a gravidade da pandemia e a sabotar o isolamento social, os cientistas argentinos desenvolveram um teste rápido para detecção do Covid-19 que aponta resultados em menos de duas horas.

A conquista do país, que tem índices de contágios e mortes cerca de 30 vezes inferiores aos do Brasil, foi anunciada pelo presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 15 de maio.

“O novo teste rápido será fundamental para diagnosticar casos de Covid-19 nos bairros populares da cidade de Buenos Aires, onde nos últimos dias aumentou o contágio de forma considerável”, disse Fernández pelo twitter. “Esta conquista, assim como outras recentes da ciência argentina, corrobora que temos a melhor qualidade humana e científica para oferecer estas respostas. E demonstra, além disso, que não dependemos de outros.”

“Isso foi feito por pesquisadores argentinos e produzido por um laboratório argentino. Isso é tão importante para o desenvolvimento de um país, porque mostra que não dependemos de outros, que podemos fazê-lo. Isso é soberania, e é isso que que todos deveriam entender”, declarou em entrevista coletiva.

Objetivo do governo do presidente Alberto Fernández é testar casa por casa em busca de pessoas infectadas pelo Covid-19, sobretudo nas favelas de Buenos Aires

Foto: Esteban Collazo / Presidência da República Argentina
"O novo teste rápido será fundamental para diagnosticar casos de Covid-19 nos bairros populares da cidade de Buenos Aires"

Testes para o consumo e exportação

O teste foi desenvolvido pelo Conicet, a agência pública de Ciência e Tecnologia, em colaboração com o laboratório privado Pablo Cassará. De acordo com a Casa Rosada, a prioridade é utilizar os testes internamente e só futuramente pensar em exportação. O ministro da Saúde, Ginés González García, disse que no final de semana já haveria cerca de 10 mil kits disponíveis, a um custo de cerca de 8 dólares cada. A previsão é que sejam produzidos quase 500 kits por semana, o que permitirá chegar a 200 mil testes mensais. Já o governo brasileiro descartou sumariamente, em abril, a possibilidade de fazer testes em massa.

Carolina Carrillo, uma das coordenadoras do grupo de cientistas responsáveis pelo teste, explicou que “este resultado se tornou possível tão rápido porque houve apoio financeiro do Estado à ciência pública. Para a emergência com o Covid tivemos um apoio enorme. Não somente econômico como também por parte dos ministérios da Ciência e da Saúde e do Conicet, ao nos facilitarem as ferramentas”.

Neste momento as favelas da capital argentina se tornaram a maior preocupação do governo, com o aumento de casos entre os mais pobres e vulneráveis. Os testes rápidos serão importantes justamente para detectar a doença antecipadamente, prevenindo o contágio e a superlotação dos hospitais. O governo montou uma operação chamada “Detectar”, que espera atingir 1340 bairros populares da capital e isolar os que testarem positivo para o Covid-19, visitando casa por casa em busca de possíveis infectados.

Heranças de Macri

Com a chegada de Fernández ao poder, os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, que Macri não apenas subfinanciou, mas simplesmente eliminou, voltaram a ser ministérios, uma das promessas da campanha de Alberto Fernández. Durante os quatro anos de Macrismo, o orçamento para a Ciência caiu 38%  e o orçamento da saúde, 23%.

O ex-presidente, que no início da pandemia havia declarado que “o populismo mata mais vidas que o coronavírus”, chegou a fazer contato com Alberto Fernández, em março. Os rumores indicavam que Macri havia pedido que ele seguisse o modelo da Inglaterra, e o presidente Fernández confirmou: “Sim, mas não quero falar sobre isso. Macri e eu somos muito diferentes. Pensamos de maneiras totalmente diferentes “. Desde aquele dia a comunicação foi cortada.

Ninguém poderia imaginar que, em 27 de outubro de 2019, os argentinos escolhessem pelo voto um modelo que não apenas restauraria a dignidade de seu povo, mas que salvaria milhares de vidas.

Martín Fernández Lorenzo, jornalista

Com informações da Télam


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Martín Fernández Lorenzo

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