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SP: “Exigimos que o calendário eleitoral seja respeitado”, dizem bolivianos em protesto

Lideranças de entidades populares e movimentos de solidariedade protestaram em frente ao Consulado da Bolívia em São Paulo
Leonardo Wexell Severo
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Lideranças de entidades populares do Brasil e da comunidade boliviana somaram vozes na manhã desta quarta-feira (5) em frente ao Consulado da Bolívia na capital paulista por democracia no país andino, com respeito às eleições de 6 de setembro. De forma unitária também condenaram o assalto ao patrimônio público e a brutal repressão, com assassinatos, prisões e perseguições desde que Jeanine Áñez tomou o poder de assalto em novembro de 2019.

“Estamos aqui para exigir que o calendário eleitoral seja respeitado. As eleições foram adiadas pela terceira vez pelos golpistas, que estão destroçando o país, desmontando o patrimônio público, fazendo voltar a miséria e alastrando a fome”, afirmou Mirna Chávez, presidente do Movimento Wiphala de São Paulo. A dirigente destacou a relevância da solidariedade e de marcar presença em frente à representação diplomática em um país que garantiu mais de 71% dos votos ao presidente Evo Morales, então candidato do Movimento Ao Socialismo (MAS) à reeleição.

Conforme Mirna, como todas as pesquisas de opinião têm deixado claro, “o binômio Luis Arce-Choquehuanca, do MAS, é a alternativa para que o país retome o crescimento. Nosso povo não está disposto a que continuem executando esta agenda neoliberal que tanto dano fez em tão poucos meses. Nossa luta é para que o calendário eleitoral seja respeitado”, assinalou.

Lideranças de entidades populares e movimentos de solidariedade protestaram em frente ao Consulado da Bolívia em São Paulo

Leonardo Wexell Severo
“Estamos aqui para exigir que o calendário eleitoral seja respeitado"

Hiordana Bustamonte, do Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano e Contra o Golpe,  recordou que “há quase um ano no poder, a autoproclamada presidente Jeanine Áñez vai adiando indefinidamente as eleições com a desculpa da pandemia, enquanto o povo vai morrendo nas filas, sem atendimento médico”. “Estamos aqui para defender a nossa Pátria e exigir o fim do saque aos nossos recursos, o fim da privatização e da entrega às transnacionais. Queremos recuperar a democracia, assaltada pelos oligarcas”, sublinhou Bustamonte, que é doutoranda em Saúde Mental e Migração pela Unifesp.

“A mobilização em tempos de pandemia demonstra que os nossos povos estão unidos contra os golpismos e a barbárie adotada em função dos interesses dos Estados Unidos, numa política completamente antinacional, neoliberal e de redução de direitos”, declarou Roberto Guido, secretário de Comunicação do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). “Nossa população não pode continuar refém de governos que nada fazem para enfrentar o agravamento da imensa crise sanitária”, acrescentou.

Para Kallel Paiva Naveca, diretor de Relações Internacionais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), a concentração em frente ao Consulado reafirma a esperança de nossos povos virarem essa triste página de retrocessos. “Quando tomaram de assalto o poder na Bolívia quase mataram o presidente Evo, que necessitou se asilar para não ser assassinado. Precisamos fazer com que o interesse dos nossos povos seja respeitado”, assinalou.Dirigentes da UBES e da UPES levaram o apoio dos estudantes à luta contra o golpe (LWS) 

“Diante da ascensão do fascismo e a perda da liberdade”, alertou Hector da Silva Batista, presidente da União Paulista dos Estudantes (UPES), torna-se cada vez mais imprescindível a construção de frentes para isolar e derrotar de vez o inimigo. “São ataques brutais à Constituição e ao povo. Estamos aqui para prestar nossa solidariedade e reafirmar nosso compromisso com a democracia”, frisou.

“Nesta terça-feira, 6 de agosto, nosso Estado Plurinacional completa 195 anos, reduzido, após anos de prosperidade, à pobreza, a filas para gás, pão e querosene”, condenou Jorge Meruvia, do Movimento Wiphala, fazendo um breve relato das informações sobre a tragédia que se está vivendo em cidades como El Alto, Oruro e Cochabamba. “Não esquecemos dos massacres realizados recentemente pelos militares em Sacaba e Senkata, do sangue derramado, das vidas perdidas”, acrescentou Meruvia, que chegou ao Brasil há 40 anos perseguido pela ditadura de Luis García Mesa.

Levantando a Wiphala e bandeiras da Bolívia e do Brasil, tocando os respectivos hinos nacionais e convocando as dezenas de pessoas que circularam durante a manhã pela representação diplomática, os manifestantes reiteraram seu “compromisso com a democracia e a soberania”. Foi notada a ausência da whipala (expressão da multiplicidade étnica) na repartição pública e a tentativa de repressão por parte de funcionários do consulado. Um deles, com uniforme da Polícia Nacional Boliviana, buscou intimidar filmando e ameaçando os participantes, que mantiveram o foco no ato, garantido pela Polícia Militar.

Encerrando a manifestação, vestindo o tradicional poncho e chapéu, Mario Tordolla conclamou a todos a se manterem informados, inconformados e mobilizados “para defender a nossa Pátria e impedir que continuem roubando o que é nosso”. “Saímos da Bolívia, mas a Bolívia não sai de nós”, enfatizou emocionado.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Leonardo Wexell Severo

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