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"Para o povo o que é do povo“: Lucho vence na Bolívia e anuncia governo de unidade nacional

De mãos dadas com o “irmão Choquehuanca” e lideranças dos movimentos sociais, o novo presidente da Bolívia comemorou a vitória com mais de 53% dos votos
Leonardo Wexell Severo
Carta Maior
La Paz

Tradução:

Agradecendo ao povo boliviano e saudando os jilatas (irmãos) David Choquehuanca, dos movimentos sociais e da equipe de campanha, Luis Arce Catacora festejou, no final da noite deste domingo, sua eleição à presidência da Bolívia com mais de 53% dos votos pelo Movimento Ao Socialismo – Instrumento Pela Soberania dos Povos (MAS-IPSP).

“Como viemos dizendo, vamos governar para todos os bolivianos, vamos construir um governo de unidade nacional, vamos construir a unidade do país”, afirmou Lucho, como é chamado pelo povo, reiterando seu “compromisso de trabalhar e levar adiante o programa do MAS”.

Em meio a aplausos e comemorações na sede do partido, em La Paz, o economista que liderou a reconstrução econômica da Bolívia durante o governo de Evo Morales, declarou que em “uma jornada pacífica” o país andino estava dando “passos importantes, havia recuperado a democracia e, sobretudo, recuperado a esperança”.

De mãos dadas com o “irmão Choquehuanca” e lideranças dos movimentos sociais, o novo presidente da Bolívia comemorou a vitória com mais de 53% dos votos

Leonardo Wexell Severo
"Vamos construir a unidade do país”, afirmou Lucho, como é chamado pelo povo.

A prioridade de Lucho é a Agenda do Povo para o Bicentenário [a Bolívia foi fundada em 1825] que reafirma o compromisso do MAS-IPSP com a retomada do modelo econômico-social-comunitário-produtivo, garantindo estabilidade econômica, produção, salário e emprego. Nos quase 14 anos de governo do MAS,  os hidrocarbonetos foram nacionalizados, havendo uma maior redistribuição de renda, pois sempre que o Produto Interno Bruto (PIB) superava os 4,5% era garantido um décimo quarto salário. O salário mínimo, por exemplo, foi de 400 Bs, em 2005, para 2.060 Bs, e inúmeros bônus permitiram o combate à fome e à pobreza, dando segurança a mães, estudantes e idosos.

“Em toda esta jornada estamos recuperando a certeza, muito importante para o povo boliviano poder desenvolver todo tipo de atividades econômicas que beneficiam a micro, a pequena, a média e a grande empresa, e também ao setor público. Atividades que beneficiam a todas as famílias que estiveram nestes 11 meses na incerteza”, acrescentou.

 

Lucho se comprometeu a trabalhar e reconduzir a revolução democrática-cultural “sem ódio e aprendendo e superando nossos erros, enquanto MAS”, e agradeceu “a todos os nossos militantes, das próprias organizações sociais com as quais temos compartilhado toda esta etapa, nas diferentes regiões, províncias e capitais de departamento”. A gratidão, frisou, se estende desde o último militante até o mais destacado dirigente que conformam o MAS-IPSP.

“Quero agradecer também à comunidade internacional pelo acompanhamento, aos observadores que fizeram a gentileza de vir até a esta casa ouvir nossas preocupações sobre a forma como se estava levando o processo eleitoral”, disse Lucho, recordando a imprescindível solidariedade para somar pressão sobre os golpistas, que não queriam deixar o poder.


Durante todo o domingo de votação houve uma intensa batalha. Meios de comunicação divulgavam imagens superdimensionando insultos encenados por meia dúzia de eleitores da direita contra os candidatos do MAS, na tentativa de influenciar na jornada eleitoral. No final da tarde, também houve assédio da Polícia e das Forças Armadas contra a sede do partido na capital, onde se encontravam Lucho e David.

“O povo é sábio e demonstrou ter muitas necessidades, que registramos caminhando nos departamentos, nos parques, nas praças e nos mercados. Acolhemos inquietudes e temos a obrigação de responder a todas estas expectativas e esperanças que o nosso povo está depositando nestes dois humildes servidores”, ressaltou Lucho. E concluiu: “Acredito que hoje, como diz uma velha canção: Para o povo o que é do povo“.

Conforme o último levantamento de boca de urna, os candidatos da direita, Carlos Mesa, do Comunidade Cidadã, ficou em segundo lugar, com 30%; e Luis Fernando Camacho, do Creemos, com 14%.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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