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Cuba responde editorial considerado calunioso da Folha de SP: “a verdade está nos fatos"

Embaixador Rolando Gómez, Encarregado de Negócios no Brasil, pede que jornal analise indicadores de desenvolvimento humano e de combate à pandemia: “falam por si só”
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Em resposta ao editorial do jornal Folha de SP “Nuances da ditadura”, Rolando Gómez González, encarregado de Negócios da República de Cuba no Brasil, acusa o jornal de ignorar os fatos ao caluniar seu país. “Não vale nem a pena discutir o termo ‘ditadura’ do título”.

“Temos um sistema político que goza de ampla participação popular, desde a adoção de suas leis, incluindo a Constituição, até o aproveitamento dos direitos primordiais de todos os cidadãos”, escreve Gómez em resposta ao artigo que pauta a troca do cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista, onde Raúl Castro foi substituído pelo presidente cubano Miguel Díaz-Canel.


No documento, o diplomata cita os inúmeros problemas econômicos e sociais enfrentados pela ilha em razão das sanções aplicadas pelos Estados Unidos e enfatiza que “se a Revolução Cubana não fosse profundamente livre e democrática não estaria no poder, nem os cubanos teriam resistido mais de 60 anos a bloqueios e agressões”.

Por fim, o diplomata destaca: “não conseguimos ter uma economia robusta, sobretudo pelo bloqueio e as agressões desde o início da revolução, porém alcançamos uma economia capaz de defender-se da primeira potência militar e econômica do mundo” e pede à Folha que analise “os indicadores de desenvolvimento humano do nosso país e os resultados frente à pandemia. Eles falam por si só”.

Confira a íntegra:

Embaixador Rolando Gómez, Encarregado de Negócios no Brasil, pede que jornal analise indicadores de desenvolvimento humano e de combate à pandemia: “falam por si só”

Paulo Emílio
Raúl Castro foi substituído pelo presidente cubano Miguel Díaz-Canel no cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista.

“A Embaixada de Cuba acompanha o portal de notícias da Folha diariamente, por ser um meio transcendente no cenário informativo do Brasil. Mas nos deixou indignados o editorial ‘Nuances da ditadura’ (22/4), que calunia o nosso país. Não vale nem a pena discutir o termo ‘ditadura’ do título. Poderia ser objeto de esclarecimentos em outro momento. Temos um sistema político que goza de ampla participação popular, desde a adoção de suas leis, incluindo a Constituição, até o aproveitamento dos direitos primordiais de todos os cidadãos, sem exclusão, ao trabalho, à moradia e aos serviços e direitos, como a saúde, a educação, a segurança. 

Em todos os planos, a dignidade plena. Não temos crianças nas ruas pedindo dinheiro ou trabalhando nem desnutrição infantil. Todos estudam e são felizes. Um projeto diferente que merece respeito e é apoiado e defendido pela imensa maioria do povo cubano. Se a Revolução Cubana não fosse profundamente livre e democrática não estaria no poder, nem os cubanos haveriam resistido mais de 60 anos a bloqueios e agressões, nem praticado a solidariedade com o mundo, nem saberíamos apreciar a dignidade que nos mantém e a vida que se nos negam.

As referências à ‘sempre claudicante economia cubana’, ‘um país que vivenciou décadas de fracassado planejamento estatal’, sem mencionar a causa principal de nossos problemas, ignora e deturpa nossa realidade. As penúrias econômicas de Cuba e a angústia de seu povo pela escassez e dificuldades têm como causa essencial a guerra não convencional nem declarada dos Estados Unidos da América e de seus aliados contra Cuba, cujo principal expoente é o “bloqueio” genocida que pretende, em vão, render nosso povo pela fome e doenças. Seu propósito estava claro em um documento oficial do governo norte-americano que perdeu o sigilo e que dizia que ‘o único modo previsível de tirar apoio interno (ao governo cubano) é mediante o desencanto e a insatisfação que surjam do mal-estar econômico e das dificuldades materiais… Há que empregar rapidamente todos os meios possíveis para debilitar a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que… consiga os maiores avanços na privação à Cuba de dinheiro e suprimentos, para reduzir seus recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e a queda do governo’.

Esse propósito qualificado como genocídio na Convenção das Nações Unidas para a prevenção e a sanção desse delito de genocídio, que entende como tais os atentados graves contra a integridade física ou mental dos membros de um grupo humano e a submissão intencional do grupo a condições de existência que levarão a sua destruição física total ou parcial (Art.1.b y 1.c).

Esse bloqueio criminal causou danos imensos à economia cubana em 60 anos, superiores, a preços constantes de ouro, a um trilhão de dólares. Seu caráter extraterritorial e violador do direito internacional e da carta das Nações Unidas gerou a condenação quase unânime da comunidade internacional. Também por seu caráter injusto, abusador e eticamente inaceitável.

Fomos, antes da Revolução, uma ilha neocolonizada, monoprodutora, monoexportadora, analfabeta, submetida ao desígnio ianque. A Revolução a transformou. Nossos indicadores de saúde, de educação, de segurança; nossos resultados científicos e esportivos; a felicidade das nossas crianças; a igualdade de oportunidades para todos… Tudo são conquistas a que não renunciaremos, apesar das graves consequências do bloqueio e das agressões contra nosso projeto revolucionário. Pelo bem de Cuba e dos cubanos.

Não conseguimos ter uma economia robusta sobretudo pelo bloqueio e agressões desde o início da Revolução, porém alcançamos uma economia capaz de defender-se da primeira potência militar e econômica do mundo e manter e consolidar conquistas sociais que hoje são um idílio, inclusive para países desenvolvidos.

Analisem os indicadores de desenvolvimento humano do nosso país e os resultados frente à pandemia. Eles falam por si só.” 

* Rolando Gómez González, encarregado de Negócios da República de Cuba no Brasil (Brasília, DF) 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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