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Pesquisas no Peru beneficiam Keiko sobre Castillo para forjar clima de "vitória" para a herdeira de Fujimori

A poucas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, pode-se dizer que as cartas estão na mesa. Como em outros países latino-americanos, a estratégia é implantar o medo na população com argumentos anticomunistas
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul
Jundiaí

Tradução:

Após o primeiro turno das surpreendentes eleições no Peru que colocaram o candidato Pedro Castillo no segundo turno das eleições presidenciais, pesquisas de intenção de voto apontavam uma ampla vantagem do esquerdista sobre Keiko Fujimori, representante tradicional da extrema-direita do país.

Faltando poucas semanas para a segunda votação, no entanto, vê-se que Keiko está quase em empate técnico com Castillo. De acordo com o Centro de Estudos “Democracia, Independência e Soberania – Cedis”, no entanto, tais sondagens têm como objetivo “manipular cifras e consumar uma fraude a partir da qual posa impor uma ‘vitória’ de Keiko Fujimori sobre o povo”.

Como em outros países latino-americanos, a estratégia é implantar o medo na população com argumentos anticomunistas. Os pesquisadores do Cedis, em nota, esclarecem que um eventual governo de Castillo, que é professor e  líder sindical, nada terá de antidemocrático, ao contrário disso.

“O governo do professor Pedro Castillo será Democrático e Popular. Isto significa que construirá uma democracia autêntica, e não perpetuará a farsa pseudodemocrática que a Classe Dominante impôs no país, contra a vontade da cidadania, e que só serviu para enriquecer os poderosos e manter as maiorias na miséria, no atraso social e na exclusão”.

Confira a íntegra da nota:

A poucas semanas do segundo turno das eleições presidenciais no Peru, pode-se dizer que as cartas estão na mesa. O fascismo, à ofensiva, busca manobrar com inaudito descaramento e manipular as sondagens de opinião para apresentar a imagem de um “empate técnico” que lhe permita manipular cifras e consumar uma fraude a partir da qual posa impor um írrita “vitória” de Keiko Fujimori sobre o povo.

A realidade diz o contrário. Objetivamente todas as regiões do país dão um folgada vitória ao candidato das grandes maiorias nacionais, o professor Pedro Castillo Terrones. Só na capital – e como uma ominosa exceção – o Keikismo consegui captar uma relativa maioria cidadã, graças à campanha da Grande Imprensa e carga que os partidos da classe dominante acionam contra o Peru Livre.  

Uma brutal ofensiva contra o povo

Há muitos anos o país não era cenário de um confronto como o que hoje aparece no país. Excepcionas recursos das entidades patronais, uma campanha de imprensa cheia de falsidades e mentiras e uma ofensiva política em todas as frentes se desata hoje com propósitos definidos: assustar o eleitorado e enganar o povo. 

Como pano de fundo, se busca impor de qualquer modo o governo de Fujimori porque encarna mais que nenhum outro a permanência do “modelo” neoliberal e a aplicação de uma política de sangue e fogo contra as imensas maiorias nacionais.

A poucas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, pode-se dizer que as cartas estão na mesa. Como em outros países latino-americanos, a estratégia é implantar o medo na população com argumentos anticomunistas

Reprodução: Facebook
O professor Pedro Castillo Terrones é a grande esperança do Peru fugir do neoliberalismo

O anticomunismo mais primitivo e selvagem é usado como ferramenta de “persuasão” para neutralizar a capacidade dos segmentos mais atrasados, ignorantes e desinformados da vida nacional. A eles há que dizer que a reação mente descaradamente para confundir o povo. Nem o governo de Pedro Castillo será um “governo comunista”, nem o comunismo é sinônimo da atividade terrorista com a que se pretende intimidar a população.

Além do mais, não há que esquecer nunca que os três peruanos mais ilustres do século XX, José Carlos Mariátegui, Cesar Vallejo e José María Arguedas- foram comunistas e pagaram com sua liberdade e com sua entrega total e sua lealdade à causa do povos, agitando sempre a bandeira do socialismo. 

Governo de Castillo será democrático e popular 

A primeira coisa que é preciso precisar é que o governo do professor Pedro Castillo será Democrático e Popular. Isto significa que construirá uma democracia autêntica, e não perpetuará a farsa pseudodemocrática que a Classe Dominante impôs no país, contra a vontade da cidadania, e que só serviu para enriquecer os poderosos e manter as maiorias na miséria, no atraso social e na exclusão. 

A Democracia adquirirá seu verdadeiro sentido quando se escute a voz do povo e quando se facilite a participação cidadã nas decisões fundamentais do país. Para esse propósito se propõe uma nova Constituição que nos permita abandonar as regras que nos impôs – em 1993 – a ditadura Fujimorista. 

Mudar a Constituição não é uma ação antidemocrática em absoluto. Perlo contrário, é a decisão mais democrática quando se faz em consulta direta com a população e cumprindo as propostas da cidadania. E isso é o que se busca mediante uma Consulta Democrática na qual todos podamos decidir o futuro do Peru.

É conhecido que só 11% da população peruana tolera a atual Carta Magna. Os 89% restantes advoga por derroga-la, o introduzir nela mudanças substantivas que impliquem a queda do “modelo” neoliberal vigente. Levar à prática esta vontade cidadã, é uma ação realmente democrática e legítima. Pelo contrário, manter intacto o “modelo” – como propõe Keiko Fujimori, é burlar a vontade dos peruanos para preservar privilégios dos poderosas, tanto nacionais como estrangeiros. 

O terrorismo é uma arma contra o povo

Quando dizemos que o terrorismo é um mito, não asseveramos que tenha existido. O que dizemos – e pode ser comprovado – é que o terrorismo foi usado nos chamados “anos da violência” como um pretexto para exterminar as populações rurais e originárias de nosso país. As investigações referentes à comissão de atos terroristas levam a reconhecer que muitos deles foram realmente executados pelo Estados mediante seus Serviços de Inteligência Foi uma constante falar das “ações terroristas” e aludir a presumidas “colunas senderistas” que açoitavam populações no interior do país. 

As matanças de Soccos, Huaychao, Uchuraccay, Accomarca, Llocllapampa, Santa Rosa, Umaro, Bellavista, Pomatambo, Parcco Alto, Puccas, Cayara e muitas outras foram o resultado da incursão de Patrulhas Militares que cometeram horrendos crimes, e que agiram com total impunidade porque suas ações foram apresentadas como parte da “estratégia antiterrorista”.  

As voaduras de torres de alta tensão, de pontes e estradas, a colocação de “autos bombas” e cargas explosivas, o assassinato de dirigentes populares e sindicais como Pedro Huilca, o uso das chamadas “paralizações armadas” e até o horrendo atentado de Tarata foram todos atribuídos a “Sendero Luminoso”, mas as indagações posteriores lançaram sérias dúvidas respeito à identidade de seus autores e estabeleceram seus nexos com os serviços secretos do Estados, que se transformou, objetivamente, em um Estado Terrorista, como o que hoje se busca restaurar. 

Não há que esquecer que inclusive a Comissão da Verdade pode estabelecer que 75% das vítimas da violência naqueles anos foram campesinos, integrantes dos povos originários e habitantes dos povoados rurais de nosso país. Inclusive, a esterilização forçada que foi aplicada no Peru, não afetou as mulheres da classe dominante, mas sim a caracterizados segmentos da população indígena peruana. 

Nesses anos se uso o título de “Sendero Luminoso”, do mesmo modo como se usa hoje para confundir o povo e levantar falsas ameaças. Toda a ofensiva “anticomunista” não é senão um pretexto da Máfia para “alinhar” a sociedade e perpetuar o neoliberalismo como instrumento de dominação. 

O terror na ordem o dia 

Como parte desta ofensiva a Máfia propôs uma “Lei” destinada a impedir a existência legal de partidos ou movimentos de “orientação comunista”. Ela serviria para excluir da vida pública a todos que eles considerem “comunistas” porque põem em risco seus privilégios de classe. Pretendem reviver o nefasta artigo 53 da antiga Constituição do Estado – a de 1933 – imposta por outra ditadura, a de Oscar R. Benavides. 

E mais recentemente e desmascarando sua essência assassina, proclamaram sua vontade de dar “morte ao comunismo” e a destacadas dirigente políticos como Pedro Castillo e Vladimir Cerrón.

Certos porta-vozes da classe dominante pretenderam minimizar essas ações qualificando-as como “uma metáfora”, e outros as consideraram “imprudentes” ou “importunas”, mas não desistiram delas. Buscarão aplica-las mais adiante, segundo “reclame” a agudização da luta de classes. 

Paralelamente, a reação tem busca obsessivamente a possibilidade de um Golpe de Estado. Primeiro tentaram diferir as eleições; depois vacar a Martin Vizcarra e impor um governo fascistóide a seu serviço – o de Manuel Merino – mas hoje acodem a pronunciamentos abertos de retirados das instituições armadas como o criminoso Francisco Morales Bermúdez- para instigar ações golpistas. É claro, então, que não estão dispostos a ceder o Governo sob nenhuma circunstância. 

A unidade do povo, é a voz 

Neste marco, na passada quarta-feira, 5 de maio foi subscrito um acordo entre Peru Livre e Juntos pelo Peru e Novo Peru. Pedro Castillo e Verónica Mendoza subscreveram um Pacto de Unidade, baseado em princípios e valores. Concretizou-se assim uma demanda popular longamente desejada, e que não foi possível antes pelo oportunismo e pela ambição de pequenas capelas partidárias e o interesse pessoal de seus mesquinhos dirigentes, nos fatos, as massas impuseram a unidade, e ela aparece hoje como garantia de vitória. 

É possível que essa unidade permita ao povo vencer em 6 de junho. Em tal circunstância estaria diante de um gigantesco desafio, que teremos que percorrer com lealdada, coragem e consequência. Ele nos imporá tarefas de enorme magnitude que nunca tinham nos tinham sido apresentadas. 

Com o exemplo valoroso de Túpac Amaru, fazendo honra ao legado de Mariátegui, recolhendo a rica história de luta do movimento operário, os peruanos saberemos sair adiante.

Solidariedade plena com a Colômbia heroica

Enquanto tudo isto ocorre no Peru, no Equador a direita manipula e assesta um duto golpe ao movimento popular; no Chile, manobra para eludir a vitória do povo; no Brasil procuro preservar o írrito mandato de Jair Bolsonaro; e na Colômbia reprime selvagemente a população. 

No país do Cauca, o regime de Iván Duque, continuador da administração reacionário de Alvaro Uribe, consuma horrendos crimes que enlutam os povos, ante o silencia cúmplice da OEA. Adicionalmente, busca culpar a outros de seus sinistros desígnios e acusa Cuba e Venezuela – que se faz também aqui no Peru – pretendendo atribuir a seus vitoriosos exemplos a responsabilidade do protesto e do descontentamento cidadão. 

Um peruano valente – Elmo Gómez Luscich- caiu há algumas décadas lutando nas ruas de Bogotá contra as hordas reacionárias. Hoje, seu nome deve se converter em bandeira solidária. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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