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Nascida na revolução cubana, Prensa Latina ainda enfrenta desafios similares para defender povo latino-americano

Há 62 anos, um grupo de jornalistas percebeu a necessidade de quebrar o monopólio de opinião pública que tinham as agências norte-americanas
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Como há 62 anos, a Prensa Latina enfrenta hoje desafios similares aos colocados por seus fundadores: defender a Revolução cubana e os povos latino-americanos e romper monopólios noticiosos com a arma mais temível, a verdade. 

Nascida ao calor do triunfo revolucionário em Cuba, em 1959, a Agência Informativa Latino-americana Prensa Latina assumiu esses desafios e seu primeiro Diretor Geral, o argentino Jorge Ricardo Masetti, apelou a seus profissionais que fossem ‘objetivos mas não imparciais’, porque ninguém decente – disse – pode ser imparcial entre o bem e o mal, entre a guerra e a paz.

Diante de delegados ao Segundo Encontro Internacional de Jornalistas, celebrado em Baden, na Áustria, em fins de 1960, sustentou que dizer a verdade constituía o maior ‘pecado’ e o ‘crime’ da Prensa Latina, segundo Washington, os grandes meios estadunidenses e organizações como Sociedade Interamericana de Imprensa.

A agência guarda como um tesouro esse testemunho: ‘Quando correspondente de guerra (1959, na Sierra Maestra), víamos lutar na montanha de Cuba combatentes quase sem armas, e víamos em troca massacrar os camponeses cubanos com metralhas americanas.

Víamos nas cidades caírem os estudantes cubanos com metralhas americanas’.

Nós, correspondentes de guerra na frente de luta, preparamos nossas reportagens para dar a conhecer ao leitor um povo que queria se libertar, metralhado pelas bombas e pela metralha da maior potência imperialista na terra, apontou Masseti ao explicar que, depois, seu jornal se negou a publicar essas reportagens.

Há 62 anos, um grupo de jornalistas percebeu a necessidade de quebrar o monopólio de opinião pública que tinham as agências norte-americanas

Prensa Latina
Agência Informativa Latino-americana Prensa Latina nasceu em 1959.

Relatou que quando triunfou a revolução, ‘outra vez, as agências norte-americanas que haviam silenciado a verdade da tirania de (Fulgencio) Batista, que nunca jamais haviam dito que os camponeses cubanos, que o povo de Cuba era massacrado pela metralha, pelas bombas americanas, essas mesmas agências voltavam a mentir’.

Durante a guerra, combateram o povo de Cuba com metralhas e com bombas, quando terminou a guerra combateram e combatem a Revolução cubana com notícias falsas, sublinhou Masetti ao explicar a realização, no ano anterior, da ‘operação Verdade’, que reuniu 400 jornalistas para que constatassem pessoalmente a realidade cubana.

Masetti explicou que um grupo de jornalistas cubanos e latino-americanos perceberam a necessidade de criar uma agência de notícias própria e ‘quebrar esse monopólio de opinião pública que tinham as agências norte-americanas’.

Tínhamos que saber o que acontecia além da fronteira, precisou, e também tínhamos que fazer conhecer o que acontece em Cuba, nos países da América Latina, cujos povos são uma permanente luta, e assim criamos a Prensa Latina.

Masetti explicou que, desde antes da criação da agência, começaram as calúnias diretamente do Departamento de Estado dos Estados Unidos: ‘fomos atacados de toda forma, sendo uma pequena agência, sendo mínimo o que podemos fazer chegar aos povos da América Latina.

Sendo nossa tarefa mínima, o que foi feito contra nós, foi enorme, por todo o poderio da propaganda norte-americana, sublinhou.

Nesse histórico discurso, Masetti refletiu que ‘assim como fizemos a Revolução em nosso povo, nós, os jornalistas revolucionários da América Latina, queríamos revolucionar o ambiente jornalístico latino-americano, revolucioná-lo de uma forma muito simples, muito clara, nada mais que com a verdade’.

Suas palavras foram pronunciadas cinco meses antes da fracassada invasão mercenária a Cuba por Playa Girón, pero já Masetti a vinha denunciando: ‘uma das coisas que mais lhe preocupa (a Washington) é que o mundo não saiba que Cuba vai ser invadida, que Cuba vai ser agredida’.

Vão inventar qualquer mentira, vão recorrer a qualquer subterfúgio, para que a agressão que vão realizar contra Cuba passe despercebida, insistiu Masetti e agregou: ‘uma das medidas que eles tomam é fechar a única agência de notícias que vai dizer com toda a segurança a verdade sobre Cuba’.

Esse é o crime da Prensa Latina, sustentou, e por isso mesmo, querem nestes momentos fechar todas as sucursais na América Latina. Devemos fazer o possível para evitá-lo e, se mesmo assim, chegam a fazê-lo, devemos fazer o possível para que a realidade disso seja conhecida, alertou.

Seis décadas depois, Cuba, e a Prensa Latina, continuam sendo objeto de similares pressões e ameaças dos Estados Unidos e de grandes campanhas que pretendem ocultar a verdade.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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