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Sem estatísticas e por conveniências: por que políticas públicas são falhas em alguns países

A falta de informação oficial confiável é um problema sério que afeta projeções de ações concretas e toca uma parte sensível da soberania nacional
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul
Cidade da Guatemala

Tradução:

Nos países em desenvolvimento, costuma suceder que as autoridades decidam as políticas públicas na base de conveniências de setores afins. Esta manipulação das prioridades se realiza, em geral, sem levar em consideração informação estatística ou pesquisas sociais sérias e comprováveis, o que equivale a diagnosticar e propor tratamento sem ter o trabalho de auscultar o paciente.

A pesquisa das cifras que definem o perfil real da sociedade em todos os seus aspectos, como se tenta realizar com os Informes de desenvolvimento Humano da ONU, é uma atividade na qual se baseia a maioria das decisões importantes para uma nação.

Mas às vezes essa pesquisa não existe, ou se alguma coisa dela se encontra, buscando de repartição em repartição, o mais provável é que esteja caduca, incompleta ou – para cúmulo dos males – incorreta. 

Por isso os analistas políticos, assim como os eruditos do campo econômico ávidos de opinar sobre o futuro – e inclusive os políticos que propõem ações para resolver algum dos inúmeros problemas que afetam a população – adoecem de uma tremenda falta de especificidade em suas análises e estratégias. Dito de outra maneira, disparam com chumbinhos para ver se por acaso acertam o objetivo. 

A falta de informação oficial confiável é um problema sério que afeta projeções de ações concretas e toca uma parte sensível da soberania nacional

Brasil Escola
Conhecemos apenas retalhos de informação. O mais importante fica na obscuridade

Falta de informação oficial confiável

A falta de informação oficial confiável é um problema sério. Mais que isso, grave. Afeta não só qualquer projeção de ações concretas, mas também toca uma parte sensível da soberania nacional, desde o momento que não existe base contra a qual confrontar os dados manejados pelas instituições financeiras e organismos internacionais, os quais realizam suas próprias pesquisas e cujos informe constituem a base de discussão nas mesas de negociação nas quais se dirime o futuro do terceiro mundo.

Acesso à informação confiável na pandemia é um direito que deve ser respeitado

Embora não fosse mais que por isto, valeria a pena prestar atenção ao tema das estatísticas oficiais e ao manejo correto e tecnicamente confiável dos dados dos quais dependem decisões de tanta transcendência como a política fiscal, a destinação de recursos para os serviços de educação, saúde e moradia, e as estratégias cujo objetivo é captar o investimento estrangeiro.

A busca de precisão nas cifras de qualquer país é um tema da maior urgência. Os resultados dessas pesquisas constituem a base para a elaboração de uma plataforma estratégica coerente com a realidade de um país, e menos especulativa em relação às suas possibilidades reais e específicas de desenvolvimento econômico e social. 

Segundo cálculos de informes de organismos internacionais e de governos locais com relação a níveis de analfabetismo, crescimento demográfico, aumento da incidência da aids, mortalidade infantil, abortos clandestinos, adição a drogas e escassez de água, dá a impressão de que os países do nosso continente e aqueles outros que nos acompanham no amplo setor terceiro-mundista, nos encontramos diante de um constante engano estatístico.

A realidade sempre é outra e por isso, em sociedades tão extremamente complexas, a informação ajustada à realidade se torna em recurso vital para que as autoridades e os grupos de decisão saibam qual é a verdadeira topografia deste terreno escuro e instável por onde transitamos. 

Sem informação atualizada e correta, seguiremos andando às cegas. 

Carolina Vásquez Araya é colaboradora da Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala
Tradução por Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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