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ToggleO presidente chileno, Gabriel Boric, 48 horas depois de ordenar a implementação militar na macrozona sul do país em uma tentativa de frear a crise de segurança e de ordem pública existente ali, declarou ter “a mais plena convicção” que isso não resolverá o desencontro histórico entre o povo/nação mapuche e o Estado chileno, reiterando sua vontade de diálogo com as forças em conflito.
“Se não nos fazemos cargo do fundo e só o abordamos a partir da vertente da ordem pública e da segurança, vamos nos equivocar; já outros governos tentaram esse caminho e fracassaram”, disse durante uma visita à localidade de Alhué, 140 quilômetros ao sudoeste de Santiago, onde inaugurou um centro de saúde familiar.
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“Temos que pôr mais empenho ao diálogo, esse é nosso objetivo e o que estamos fazendo, garantindo a segurança sem complexos ideológicos como me corresponde como chefe de Estado, e levando adiante um plano para abordar o problema de fundo, que é a dívida do Estado chileno com o povo/nação mapuche”, agregou.
Nas regiões do BioBío, da Araucanía e de Los Ríos – no Wallmapu mapuche, de uns 72 mil Km², há 20 anos se desenvolve um crescente movimento indigenista pela recuperação de suas terras e autonomia; o conflito e a repressão policial deixaram centenas de mortos, tanto chilenos como mapuche, incontáveis feridos e grande perdas materiais, porque os órgãos de resistência mapuche incendeiam maquinaria agrícola, florestal e bens imóveis.
A maior parte dessas terras, uns cinco milhões de hectares, estão em posse de dois conglomerados florestais que os exploram intensivamente, para o qual arrancaram os bosques nativos e os substituíram por plantações de pinho e eucalipto.
247 News Agency
"Temos que pôr mais empenho ao diálogo, esse é nosso objetivo e o que estamos fazendo, garantindo a segurança sem complexos ideológicos"
Livre trânsito e diálogo
“Tenho a mais plena convicção de que isto (recorrer às tropas) não resolve o problema e por isso decretamos um estado de exceção nas estradas para assegurar e garantir o livre trânsito”, disse Boric, agregando que seu governo se empenhará em um plano que inclui “a compra de terras para comunidades indígenas, a construção de caminhos, um diálogo (garantido) com observadores internacionais, uma recomposição de confianças, porque temos um problema de fundo que cresceu muito nos últimos anos”.
O presidente o justificou porque “temos o dever de exercer todas as faculdades que a lei nos permite para garantir a segurança dos cidadãos em todo o território nacional, o abastecimento e o livre trânsito”.
Com vitória de Boric, quais os desafios para a construção de um novo Chile popular?
Questionado acerca de por que seu governo decidiu não perseguir judicialmente o líder indigenista Héctor Llaitul, quem apelou “a organizar a resistência armada pela autonomia do território e para a nação mapuche”, Boric respondeu que “nosso governo persegue delitos, e o faremos com todo o peso da lei, mas nosso governo não persegue ideias nem declarações”.
Llaitul, líder da Coordenadora Arauco Malleco (CAM), apareceu publicamente na quarta-feira em Temuco, 620 quilômetros ao sul de Santiago e capital da Araucanía, em uma manifestação em frente ao cárcere público dessa cidade, em solidariedade com os “presos políticos” mapuche – presos comuns para o governo chileno – e para exigir sua libertação.
Os territórios mapuche, com o Chile desconhecendo pactos de coexistência pacífica subscritos em 1825, foram invadidos e apropriados em meados do século 19 por militares que assassinaram muita gente. No início do século 20 foram entregues a colonos europeus que formaram latifúndios e que após o golpe militar de 1973 passaram para a propriedade das florestais.
Aldo Anfossi, Especial para La Jornada desde Santiago do Chile.
Tradução de Beatriz Cannabrava.
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