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Bloqueio dos EUA leva apagões a Cuba, mas ilha anuncia estratégia contra crise energética

"Estamos passando por uma situação muito tensa pela aquisição de peças de reposição" afirma Pedro Sánchez, que administra as usinas de geradores
Michele de Mello
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, apresentou um plano de contenção para a crise energética do país, na noite de quinta-feira (16). Do total de 20 usinas, apenas sete estão funcionando. Em toda a ilha, são aplicados apagões programados de até 12h por dia. O motivo seria a dificuldade de importar combustíveis fósseis por conta do bloqueio econômico

“Quando não há picos, a demanda elétrica se satisfaz fundamentalmente com a geração de energia das termoelétricas do país, que têm capacidade para atender a demanda quando não há um alto consumo, já que utilizam a produção de petróleo nacional”, afirmou o chefe de Estado. 

Os picos de consumo seriam justamente nos horários do almoço e do jantar. Desde os anos 2000, o governo cubano promove o uso de fogões e panelas elétricos para reduzir o consumo de gás no país, por isso a maioria dos lares cubanos utiliza a rede elétrica para realizar quase todos os afazeres domésticos. 

“O petróleo nacional é o combustível que temos. Diante dos preços do mercado internacional, essa é a única solução que o país tem para gerar eletricidade”, afirmou o ministro de Minas e Energia de Cuba, Liván Arronte Cruz

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Presidência Cuba
Presidente cubano acompanha trabalhos de reparação das usinas termoelétricas; país possui menos de 50% da estrutura operativa

O combustível cubano é do tipo pesado, carregado em enxofre, o que provoca um deterioramento mais rápido das estruturas das usinas. Pela dificuldade de realizar a manutenção, uma das principais unidades termoelétricas do país, a Lidio Ramón Pérez “Felton”, em Holguín, capaz de produzir 480 megawatts de energia, está fora de serviço. 

Cruz assumiu que o governo decidiu paralisar parte da indústria nacional para dispor da geração de energia para a população.

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O ministro de Minas e Energia ainda assegurou que há um plano para produzir 683 megawatts até 2023 e que as duas maiores usinas do país devem voltar a funcionar plenamente até o início da temporada de verão, em julho.

Para isso, Cuba estaria negociando com países aliados a disposição de até quatro novos blocos de geradores de energia, ainda que esse não seja “um investimento que podemos realizar imediatamente”, explicou Díaz-Canel. 

O governo também destacou a importância da economia do consumo. “Temos 4 milhões de casas em Cuba. Se 3 milhões de lares apagarem uma lâmpada de 20W, isso representaria imediatamente uma potência de 60 MW”, enfatizou o presidente. 

Entre as sete usinas termelétricas em funcionamento, há pelo menos cinco operando com capacidade limitada. A usina Máximo Gómez, em Mariel, pode gerar até 370 MW, mas opera com 239 MW. A usina Otto Parellada, em Talla Pierda, pode produzir até 60MW, mas gera apenas 45 MW. Já a usina Ernesto Che Guevara, em Santa Cruz do Sul, produz 77MW a menos do que sua capacidade nominal.

Nos horários de alto consumo, a ilha ativa um sistema de geradores elétricos a diesel capaz de produzir 579MW extras.

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O diretor da empresa de Grupo Eletrógenos e Serviços Elétricos (Geysel), Pedro Sánchez, que administra as usinas de geradores, disse que a empresa deixa de produzir 506 MW por avarias na estrutura e falta de peças de reposição.

“Estamos passando por uma situação muito tensa pela aquisição de peças de reposição, não só pela falta de financiamento, mas também pela complexidade de poder chegar até os possíveis provedores”, comentou fazendo referência às sanções impostas pelos EUA.

Os Estados Unidos impõem um bloqueio econômico contra Cuba desde 1962, que gerou um acumulado de US$ 147,8 bilhões em prejuízos. Em 29 ocasiões a Assembleia Geral da ONU condenou o embargo, considerado uma medida coercitiva unilateral. No entanto a Casa Branca manteve a política hostil.

Michelle de Mello, Brasil de Fato
Edição: Arturo Hartmann


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Michele de Mello

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