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Chile: Estatal Codelco atende reivindicações e vai investir 30% dos lucros em melhorias

Segundo vice-presidente de Operações da empresa, André Sougarret, potencializar fundições e refinarias é processo crucial para o plano de negócios
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Pouco mais de um dia de uma paralisação trabalhista na estatal cuprífera chilena Codelco, os sindicatos mineiros e a administração da companhia acordaram instalar um diálogo sobre o processo de fechamento e substituição de uma fundição de cobre, após o que foi anunciado o término da mobilização. 

No último dia 17/06, intempestivamente, a diretoria da estatal Corporação Nacional do Cobre (Codelco) anunciou o fechamento definitivo da Fundição Ventanas, localizada na Bahia de Quinteros, 140 quilômetros ao noroeste de Santiago, após sucessivos episódios de emissões de dióxido de enxofre que provocaram massivas intoxicações nas vizinhas comunidades de Puchuncaví e Quintero, onde vivem umas 52 mil pessoas.

A decisão, respaldada pelo presidente Gabriel Boric, provocou a mobilização de uns 50 mil trabalhadores vinculados à Codelco, entre operários diretos e terceirizados, que iniciaram a paralisação das oito divisões produtivas da empresa, a maior do país e do mundo em produção de cobre, e que em 2021 aportou ao fisco 7,4 bilhões de dólares. 

O conflito, que se avizinhava maior, teve uma importante diminuição quando o governo anunciou que de agora em diante autorizará o reinvestimento de 30% das lucros anuais da paraestatal, garantindo sua modernização e o desenvolvimento de novos negócios; e também porque no que diz respeito ao fechamento da Fundição Ventanas, nenhum de seus 350 operadores será despedido, mas sim realocados. Além disso, está projetada uma nova fábrica com tecnologia de última geração.

Dirigentes da Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC) e da Codelco disseram em um comunicado que “serão abordados os cenários da cessação da fundição (…) com o objetivo de assegurar uma transição justa para os trabalhadores(as)”. 

A fundição Ventanas tem como obrigação legal prestar serviços à pequena e média mineração, através do poder comprador e de armazenamento que constitui a também pública Empresa Nacional de Mineração (Enami); pelo qual seu fechamento definitivo depende também de reformar a lei que regula esse mandato e da transferi-lo a outra usina. 

Segundo vice-presidente de Operações da empresa, André Sougarret, potencializar fundições e refinarias é processo crucial para o plano de negócios

Codelco – Flickr

Segundo comunicado, "a vontade de ambas as partes foi concretizada"

O comunicado agrega que “a vontade de ambas as partes foi concretizada após a Corporação ratificar seu compromisso de dar continuidade à Divisão Ventanas potencializando sua refinaria, no qual se inclui os investimentos necessários para sua sustentabilidade operacional, com projetos como o desenvolvimento de um forno de tratamento de scrap (resíduos)”. 

O vice-presidente de Operações da Codelco, André Sougarret, disse que o plano estratégico da companhia inclui “que potenciaremos as demais fundições da Codelco e todas suas refinarias porque é um processo crucial para nosso plano de negócios”.

A diminuição da paralisação em tempo recorde e em um setor chave para o Chile é uma conquista notável para o governo de Boric, em cujo programa está o fato de terminar com as “zonas de sacrifício” de meio ambiente: comunidades em torno das quais se desenvolvem atividades produtivas sumamente contaminantes, com um impacto nefasto na saúde pública e na biodiversidade, envenenando as águas, o ar, a terra. 

A Bahia de Quintero é uma delas, porque aí, além da Fundição Ventanas, operam dezenas de indústrias químicas, termelétricas a carvão, petroleiras e outras que ao longo de quatro décadas saturaram de pestilências as comunidades vizinhas. 

Durante a campanha eleitoral de 2021 que levou Boric à Presidência, a FTC lhe brindou seu apoio explícito depois que o então candidato se comprometeu a “manter a defender a propriedade da Codelco 100% nas mãos do Estado do Chile” e a dotá-la de “uma política de financiamento permanente e o mecanismo necessário para fortalecer sua solidez financeira”. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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