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ToggleO presidente Pedro Castillo apresentou, nesta quinta-feira (30), sua renúncia irrevogável ao partido Peru Livre, pelo qual foi eleito no ano passado. “Respeito o partido e as bases construídas na campanha. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando e promovendo as mudanças contidas no programa Bicentenário em um país democrático e junto de todos os peruanos”, publicou o chefe de Estado.
O desligamento atende a um pedido da comissão política da legenda, que acusou Castillo de romper com a unidade partidária em comunicado publicado na terça-feira (28). Segundo Vladimir Cerrón, presidente do Peru Livre, o mandatário peruano estaria promovendo outras desfiliações para fraturar o partido.
Hoy he presentado al @JNE_Peru mi renuncia irrevocable al partido político Perú Libre. Tal decisión obedece a mi responsabilidad como presidente de 33 millones de peruanos. Soy respetuoso del partido y sus bases construidas en la campaña. pic.twitter.com/KsRGmujnoQ
— Pedro Castillo Terrones (@PedroCastilloTe) June 30, 2022
“Também destacamos que as políticas empreendidas pelo seu governo não têm consequência com o que foi prometido durante a campanha eleitoral e menos ainda com o programa partidário, implementando um programa neoliberal que saiu perdedor”, afirmam em comunicado.
A deputada Margot Palacios declarou a meios locais que o presidente lhe havia oferecido cargos em ministérios em troca da desfiliação. Peru Livre possui a maior bancada do Congresso com 37 parlamentares.
Agência Andina
Castillo deixa o partido depois de dois anos de filiação
Filiação após greve
Pedro Castillo se filiou ao partido Peru Livre em setembro de 2020, depois de ganhar visibilidade nacional ao liderar uma greve nacional de professores.
Em um ano de gestão, o presidente peruano alterou seu gabinete ministerial em cinco ocasiões. Em cada uma das reformas, os partidários do Peru Livre e outras legendas de esquerda que apoiaram a sua candidatura, como Novo Peru, foram perdendo espaço no governo.
O anúncio presidencial acontece no mesmo momento em que o país vive uma nova greve de trabalhadores do transporte. Os sindicatos exigem a diminuição do preço dos combustíveis e novas políticas que garantam 80% de subsídio. Há três dias, sindicatos de trabalhadores do transporte bloqueiam rodovias nas regiões de Arequipa, Cusco, Puno e Ica. Somente na capital Lima, 16 mil ônibus estão parados na garagem, segundo a Câmara de Transporte Urbano.
Os caminhoneiros também anunciaram que irão aderir à greve, a partir de julho, exigindo a regulamentação do preço dos pedágios, redução do preço do diesel e restituição do transporte de mercadorias como serviço público. O litro da gasolina custa 4,05 soles (cerca de R$ 5,60), enquanto o diesel está a 3,38 soles o litro (R$ 4,69) – registrando um incremento de cerca de 40% somente em 2022. Segundo o governo, o principal motivo seria o aumento do preço internacional do combustível e os impactos da pandemia.
O presidente do partido Peru Livre, Vladimir Cerrón, defende que somente uma nova constituição poderá resolver os problemas dos grevistas. A reforma constitucional era uma das principais propostas de campanha de Castillo. Em abril, a deputada Margot Palacios apresentou um projeto de lei para a convocatória de uma Assembleia Constituinte no Peru. A proposta não foi aprovada pelo Congresso.
A Carta Magna peruana foi aprovada durante o regime de Alberto Fujimori, em 1993, e não possui qualquer mecanismo que preveja sua reforma por meio de consulta popular. Fujimori assumiu o poder em 1990 e permaneceu dez anos no comando do Peru após realizar um autogolpe e, com apoio da cúpula militar, fechar o Congresso do país. O ex-ditador foi condenado a 25 anos de prisão por crimes de lesa humanidade.
Michelle de Mello | Brasil de Fato
Edição: Thalita Pires
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