Pesquisar
Pesquisar

PT e líderes da América Latina denunciam lawfare contra Kirchner: "vingança política"

"A verdade prevalecerá e a vontade do povo argentino que te sustenta", publicou em seu Twitter a Presidenta de Honduras, Xiomara Castro
Fernanda Paixão
Brasil de Fato

Tradução:

A sentença do Tribunal Oral Federal nº 2 contra a vice-presidenta argentina Cristina Kirchner repercutiu internacionalmente, dadas as inúmeras irregularidades no processo judicial, concluído com uma pena de 6 anos de prisão e proscrição política da ex-presidenta.

Kirchner foi absolvida da acusação de associação ilícita, mas condenada por “administração fraudulenta” enquanto presidente, por supostamente ter facilitado as licitações de obras para uma mesma construtora.

Em nota, o Partido dos Trabalhadores destacou nesta manhã que o processo contra a líder peronista tem um claro caráter de perseguição política.

“A  acusação não se sustenta, foi inclusive julgada improcedente por um juiz anterior, mas o caso foi reaberto e julgado por uma nova corte, com os grandes meios de comunicação alimentando a opinião pública em favor da condenação”, diz a nota, em referência ao juíz Juan Ercolini, que recusou o caso em 2008 por incompetência de jurisdição em Buenos Aires, uma vez que as obras públicas denunciadas são localizadas na província patagônica de Santa Cruz.

Posteriormente, a investigação que ocorreu em Santa Cruz concluiu que não houve delito. Com a chegada de Mauricio Macri à presidência, o caso foi reaberto e o mesmo Juan Ercolini deu seguimento ao processo, referente à mesma denúncia, em primeira instância.

"A verdade prevalecerá e a vontade do povo argentino que te sustenta", publicou em seu Twitter a Presidenta de Honduras, Xiomara Castro

Télam
"Depois de falharem na tentativa de assassiná-la, hoje tentam eliminá-la politicamente", declarou Evo Morales

“No Brasil, vivemos recentemente com a questão da Lava-Jato, um processo que tinha como único objetivo perseguir nosso presidente recém-eleito, a maior figura popular do país, e tentar eliminá-lo política e socialmente”, continua a nota. “Fracassaram, assim como irão fracassar os mesmos que estão em conluio perseguindo Cristina, que conta com o apoio da maioria da população contra este caso ofensivo aos direitos de uma cidadã capaz de lutar e trabalhar exemplarmente pelo povo argentino.”

A própria ex-presidenta Dilma Rousseff publicou postagem a respeito em seu Twitter na segunda-feira (5), um dia antes do veredito. Na mensagem, ela ressalta que a sentença seria condenatória contra Cristina.

Não apenas o PT relacionou o processo judicial contra Cristina Kirchner ao ocorrido com Lula, no Brasil. Líderes e políticos de vários países expressaram preocupação com o movimento da politização da justiça na região latino-americana e prestaram solidariedade a Kirchner.

O ex-ministro de Relações Exteriores do Equador, Guillaume Long, destacou a intenção final do processo judicial: a proscrição política de Cristina, algo que a própria definiu em seu pronunciamento na tarde de ontem (6), após a sentença. Long comparou o caso ao processo ocorrido em seu país, no Equador, contra o ex-presidente Rafael Correa.

“Tantas barbaridades nesse processo, mas a inabilitação perpétua de Cristina Kirchner diz tudo. Como no caso de Rafael Correa, sem direitos políticos por 25 anos, o partido judiciário delata seu propósito principal: a proscrição de Cristina da política a qualquer custo”, escreveu Long.

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez se solidarizou com a vice-presidenta argentina e destacou o caráter de perseguição judicial do caso. “Reiteramos nossa rejeição aos processos judiciais politicamente motivados e reafirmamos todo nosso apoio e solidariedade a Cristina Kirchner diante do assédio judicial e midiático que sofre.” 

Da mesma forma, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, se posicionou em suas redes sociais. “Expresso minha mais ampla solidariedade com a vice-presidenta da Argentina, Cristina Fernández”, escreveu. “Não tenho dúvida de que é vítima de uma vingança política e de uma vilania antidemocrática do conservadorismo.” 

O ex-presidente boliviano Evo Morales publicou uma foto de Cristina Kirchner, reconhecendo-a como “irmã”. “Nosso repúdio e condenação mais veemente contra o golpe judicial e manipulado que tenta truncar os direitos políticos de nossa irmã Cristina Kirchner. Depois de falharem na tentativa de assassiná-la, hoje tentam eliminá-la politicamente. Força irmã Cristina, a luta continua!” 

Xiomara Castro, presidenta de Honduras, denominou a sentença como um caso de lawfare. “Cristina enfrenta agora o ataque do ‘lawfare’ após sobreviver de um atentado mal-sucedido contra ela. A verdade prevalecerá e a vontade do povo argentino que te sustenta”, publicou em seu Twitter.

O presidente boliviano Luis Alberto Arce também reforçou, em uma mensagem, acreditar que “a verdade prevalecerá”. “Da #Bolivia, nossa solidariedade com a irmã Cristina Kirchner, a quem buscam inabilitar da vida política com uma sentença injusta. Estamos seguros que a verdade será imposta diante de todo atentado contra a vontade dos povos e a democracia em nossa Pátria Grande.” 

Fernanda Paixão | Brasil de Fato
Edição: Nicolau Soares



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Fernanda Paixão

LEIA tAMBÉM

Gustavo Petro
Violação dos acordos de paz: entenda por que Petro vai denunciar a própria Colômbia na ONU
Haiti
Haiti: há pelo menos 20 anos comunidade internacional insiste no caminho errado. Qual o papel do Brasil?
Betty Mutesi
“Mulheres foram protagonistas na reconstrução da paz em Ruanda”, afirma ativista Betty Mutesi
Colombia-paz
Possível retomada de sequestros pelo ELN arrisca diálogos de paz na Colômbia