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Saiba quem é Carlos Decotelli, primeiro ministro negro no governo de Bolsonaro

Oficial da Marinha de Guerra, economista, entre fevereiro e agosto de 2019 dirigiu Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Carlos Decotelli, oficial da Marinha de Guerra, economista, entre fevereiro e agosto de 2019 dirigiu Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que rege R$ 55 bilhões em 2019. A Controladoria Geral da União encontrou irregularidades em um edital de R$ 3 bilhões de um pregão para a compra de equipamentos de tecnologia educacional. Demitido, na gestão de Ricardo Vélez Rodríguez, foi para a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), no MEC.

É o terceiro a ocupar o cargo. É economista, formado em 1980 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor na mesma especialidade pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Antes da faculdade, no entanto, a sua primeira formação foi um curso técnico na Marinha. Ocupou importantes cargos na administração indicado pelo Centrão. 

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 O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, informou o diário Correio Braziliense, a troca do chefe da pasta “não significa uma melhora na qualidade da condução do ministério e das políticas públicas relacionadas à educação, mas uma mudança no eixo dos interesses a que o presidente Bolsonaro quer atender, especialmente os (interesses) ligados aos militares e ao mercado financeiro”.

Oficial da Marinha de Guerra, economista, entre fevereiro e agosto de 2019 dirigiu Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Proifes
Ooficial da Marinha de Guerra, economista, entre fevereiro e agosto de 2019 dirigiu Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Bom, pelo menos este não é um analfabeto funcional como o ministro anterior que fugiu para Miami. Sendo negro e estando no MEC desde 2018, acendeu uma esperança em alguns setores. O fato dele ser negro provoca reflexão.

Primeira, historicamente, negro e indígena na Marinha nunca passaram de taifeiro ou de soldado razo (fuzileiro). A Revolta da Chibata foi protagonizada por um negro cansado de levar chicotadas dos oficiais brancos, geralmente de origem oligarca. O comando da Marinha sempre esteve em todas as conspirações e golpes da direita mais reacionária. O fato de um negro ter chegado a tenente é realmente surpreendente. O problema é como saber se a Marinha não branqueou ele por dentro.

Nos Estados Unidos, todos os negros que chegaram ao poder se comportaram como brancos, republicanos ou democratas. Exemplo de dois negros que foram secretários de Estado: general Colin Luther Powell (2001-2005) e Condolezza Rice (2005-2009) os dois mandatos de Bush filho. Power herói da Guerra perdida contra o Vietnam foi assessor de Segurança no governo de Donald Reagan.

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Quanto a Condolezza, cheia de diplomas, era do conselho diretor de uma das maiores petroleiros do mundo, a Chevron Corporation, sucessora da Standard Oil criada pelo clã Rockefeller. Sem dúvida uma mulher perfeitamente integrada ao sistema.

E por fim Estados Unidos até teve um negro na Casa Branca. Barack Obama, formado em Harvard, o presidente que mais guerras provocou durante seus dois mandatos. Guerras, todas elas, contra povos de outra cor que não branca.

Então, não basta ser negro. Sendo negro, o que se espera dele, disse o mestre Darcy Ribeiro, é que seja negro. Negro assimilado pelo sistema deixa de ser negro, pelo simples fato de que o Sistema sobrevive pela massa dos excluídos da qual está fora a minoria branca. 

Sendo negro ou banco, civil ou militar, o dramático é que esse governo de ocupação até agora só deu provas de incompetência e de violação da soberania.

É burrice não aproveitar a conjuntura de Tempestade Perfeita para derrubá-lo. O cerco externo está se ampliando. As manifestações dos fundos trilhonários, exigindo proteção ambiental, assustou os banqueiros nacionais. O cerco interno a cada dia ganha mais força com a adesão de partidos e personalidades à Frente Ampla.

É burrice não participar do palanque das elites. O que foi o palanque das diretas senão um palanque das elites? Eu estava lá, atrás da Candelária, com mais de um milhão de pessoas e, a elite teve que dizer o que o povo queria. Ou vocês acham que Tancredo Neves ou Ulisses Guimarães não eram elites?

O STF, historicamente, é pura elite. Os supremos juízes não estão atendendo às pressões populares, vamos ver se atentem às pressões de seus iguais, e de seus maiores, o grande capital transnacional. A briga é contra o governo de ocupação que chegou ao planalto através da fraude. O país só terá futuro, para ricos e para os pobres, livres dessa ocupação militar. Não por ser militar, mas por ser entreguista e incompetente.

A elite falou o que o povo queria e funcionou. Não foi uma vitória total, mas foi um grande avanço, deu oportunidade para as forças populares se organizarem. Se tomou outro rumo, a culpa não foi só das elites. Faltou coesão e direção no movimento popular.

Essa nova Frente Ampla tem que aproveitar a hora zero! Exigir do Supremo a anulação do pleito de 2018.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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