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Anita Leocádia Prestes: "Os militares seguiram sendo formados com anticomunismo virulento. O PT teve tempo, mas não mexeu nisso" (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Anita Leocádia Prestes: “Brasil vive democracia tutelada pelos militares”

Apesar da redemocratização, as estruturas autoritárias da ditadura de 1964 permanecem ativas no Brasil, reforça a historiadora no Dialogando com Paulo Cannabrava

George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

“O Brasil vive uma democracia tutelada pelos militares.” A afirmação contundente da historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, sintetiza o tom da entrevista concedida ao programa Dialogando com Paulo Cannabrava na última quinta-feira (26). Para ela, apesar da redemocratização, as estruturas autoritárias da ditadura permanecem ativas no país.

Anita defende que a transição democrática foi um acordo entre as elites civis e os militares, deixando de fora os interesses populares. “Foi uma abertura controlada para preservar os interesses das classes dominantes e dos militares”, denuncia. Nesse sentido, ela critica a Lei da Anistia, que permitiu a impunidade dos torturadores do regime: “Eles não responderam a nenhum processo e morreram promovidos e elogiados por figuras como Bolsonaro.”

A historiadora alerta que os riscos de retrocesso autoritário persistem, especialmente diante de um Congresso conservador e da desorganização das esquerdas. “A direita está mobilizada, enquanto os setores populares estão passivos. O Lula não consegue avançar porque não tem base social organizada para pressionar”, aponta. Para ela, o fracasso do golpe de 8 de janeiro de 2023 se deve à falta de apoio dos Estados Unidos e da cúpula das Forças Armadas, além do amadorismo dos conspiradores.

Anita também compara o golpe de 1964 ao bolsonarismo e destaca diferenças essenciais: “Em 64, havia apoio amplo da imprensa, do empresariado, dos Estados Unidos e da maior parte das Forças Armadas. Em 2023, isso não aconteceu. Mesmo assim, o perigo continua.”

Uma possível medida para enfrentar o problema, mas desperdiçada pelos governos petistas, seria a reforma nas instituições militares, sugere a entrevistada: “Os militares seguiram sendo formados com anticomunismo virulento. O PT teve tempo, mas não mexeu nisso.”

Para as novas gerações, Anita deixa um recado: “Estudem, organizem-se, participem das lutas populares. Só com pressão social será possível transformar o Brasil.”

A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul Global. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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