O medo de uma nova vitória eleitoral do Movimento ao Socialismo (MAS) está surgindo hoje após a extensão das investigações ao seu candidato à presidência, Luis Arce Catacora, e ataques de direita contra a indicação.
Ao mesmo tempo, no campo daqueles que prepararam as condições e apoiaram o golpe que forçou a demissão de Evo Morales da presidência, há crescentes críticas à repressão e ao uso da judicialização contra ex-funcionários do governo de Morales e líderes do partido.
24 horas se passaram desde a nomeação do binômio MAS, que faz parte de Arce Catacora e postulante à vice-presidência, David Choquehuanca, quando o Ministério Público estendeu as investigações contra o ex e contra Juan Ramón Quintana, ex-ministros de Morales e solicitantes de asilo na embaixada do México.
A promotoria mantém a hipótese de que, por terem integrado a diretoria do Fundo Indígena, uma agência de apoio financeiro à agricultura, eles seriam responsáveis por supostos manejos irregulares e é por isso que os investigarão como possíveis autores de crimes de contratos prejudiciais ao Estado, legitimação de lucros ilegais e outros.
Mi Bolívia Amada
Arce e Choquehuanca foram colaboradores muito importantes de Evo Morales
Justiça golpista quer criminalizar candidatos do MAS
A promotora Heidi Gil, responsável pelo caso, afirmou que Quintana e Arce tinham poderes para revisar as operações do fundo e detectar as supostas irregularidades, sem citar elementos importantes.
Com o sistema de justiça sob seu comando – como apontaram analistas opostos ao MAS -, o governo de fato usa acusações de terrorismo, sedição e corrupção, para deter ilegalmente ex-oficiais e líderes sociais e outros oponentes, e submetê-los ao tribunal com essas acusações.
A manobra contra Arce parece dar a razão para aqueles que, no MAS e em outras posições, acreditam que no clima predominante de repressão, não há condições democráticas completas para as novas eleições convocadas para 3 de maio.
O colunista Raúl Peñaranda, adverso ao MAS, criticou as ilegalidades repressivas do regime Jeanine Arce, que ele atribuiu a uma ‘ala difícil’ do regime, e expressou preocupação de que essas ações, em sua opinião, favoreçam o partido do líder indígena.
Outra indicação do medo do possível retorno de Morales ao governo foi dada pelo mesmo comentarista, observando que entre os políticos contrários a Evo Morales circula a ideia de que o novo parlamento proíbe candidatos que decidiram duas vezes, a fim de encerrar o processo. Passo para sempre ao líder indígena.
A fórmula violaria o princípio legal universal que considera leis inválidas com seu próprio nome explícito ou tácito e sua aprovação exigiria uma maioria parlamentar de dois terços, algo difícil, conforme indicado pelas pesquisas até agora.
O medo do potencial eleitoral do MAS também se reflete nos apelos de Jeanine Áñez para não dispersar as forças de direita, que ela chama de democráticas, e formar um único bloco eleitoral para enfrentar o partido Morales.
A exortação não encontrou eco e o ex-governador Jorge Quiroga, herdeiro político do ex-ditador Hugo Bánzer, decidiu se unir a uma frente e disse que, em qualquer caso, o voto contra o MAS deveria se concentrar a seu favor, embora as pesquisas As pré-eleições atribuem menos de dois por cento de apoio.
Enquanto isso, na cidade oriental de Santa Cruz, o ex-líder regional e conhecido racista Luis Fernando Camacho, candidato à presidência da extrema-direita, reagiu com raiva à indicação dos candidatos ao MAS e tentou desacreditar o binômio Arce-Choquehuanca.
Ele argumentou que, na fórmula eleitoral do MAS, liderada por um ex-ministro da economia não indígena bem-sucedido, ‘a renovação não existe, eles são mais do mesmo’, aludindo ao fato de que Arce e Choquehuanca foram colaboradores muito importantes de Evo Morales.
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