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Gustavo Castro: "A Nakba nunca terminou. Ela é um projeto colonial em curso, com um Estado teocrático, militarizado e racista" (Foto: Flickr)

Armas que Brasil compra de Israel são testadas em palestinos, denuncia cineasta Gustavo Castro

Diretor do documentário Notas sobre um Desterro, Castro faz coro ao apelo por ações contundentes do Brasil em relação a Israel e desabafa: “As imagens do que está acontecendo lá ferem a alma. Trabalhar com esse material nos fez chorar todos os dias na edição”

George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

“Já passou da hora de Lula romper com Israel.” A cobrança contundente é do cineasta Gustavo Castro, entrevistado no programa Dialogando com Paulo Cannabrava desta terça-feira (10). Diretor do documentário Notas sobre um Desterro, que estreia neste mês de junho no Festival Olhar de Cinema, em Curitiba, Castro afirma que o Estado sionista promove um genocídio contínuo contra o povo palestino e denuncia o silêncio da comunidade internacional.

Segundo o diretor, esse panorama reforça que o Brasil precisa tomar atitudes concretas diante da catástrofe. “O que falta mais para o presidente Lula romper relações diplomáticas e comerciais com Israel? As imagens do que está acontecendo lá ferem a alma. Trabalhar com esse material nos fez chorar todos os dias na edição”, relata.

As relações militares entre Brasil e Israel são elencadas por Castro como um dos obstáculos à mudança de postura no Itamaraty. “Quase todos os estados brasileiros compram armas de Israel, que chegam aqui com o selo de ‘testado em campo’, ou seja, testadas em palestinos. Essas mesmas armas são usadas para reprimir a juventude negra nas periferias do Brasil”, denuncia.

Sobre a atuação do jornalismo, o entrevistado critica a forma com que a mídia brasileira trata o massacre: “Falam que a cada 20 minutos uma criança morre em Gaza, mas evitam dizer a palavra ‘genocídio’. Dão voz apenas ao sionismo e silenciam os palestinos.”

Notas sobre um Desterro

Notas sobre um Desterro mistura imagens de arquivo, vídeos caseiros e registros atuais compartilhados nas redes sociais, documentando a resistência do povo palestino ao longo dos últimos 77 anos, desde a Nakba em 1948 até os bombardeios recentes em Gaza. “A Nakba nunca terminou. Ela é um projeto colonial em curso, com um Estado teocrático, militarizado e racista se expandindo sobre um povo cercado e faminto”, afirma.

Ao ser questionado sobre a diferença entre seu filme e outros documentários sobre o tema, Castro aponta: “Nosso objetivo é contextualizar a tragédia palestina como um projeto colonial de longo prazo, não apenas retratar o drama de personagens individuais”. Já sobre o silêncio de Hollywood e das grandes produções cinematográficas sobre o genocídio em curso, acrescenta: “Você nunca vai ver uma superprodução mostrando a tragédia do povo palestino como se faz com o Holocausto. Isso revela como o sionismo controla a narrativa global.”

Castro finaliza com um apelo: “O genocídio na Palestina é televisionado e, mesmo assim, normalizado. Nosso papel com esse filme é convidar o público a ser testemunha dessa tragédia. A cultura precisa tocar as pessoas e reconectá-las com seus valores humanos.”

A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul Global. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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