Balas de Washington – uma história da CIA, golpes e assassinatos, como comenta o historiador e jornalista indiano, Vijay Prashad, “foi escrito tendo em mente o processo chamado Semana Anti-Imperialista, um período de protestos convocado pela Assembleia Internacional dos Povos”. Trata-se de uma síntese da longa história de lutas pela libertação dos povos e de assassinatos, golpes e massacres promovidos pelos Estados Unidos.
Vijay Prashad é historiador marxista e diretor do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, correspondente chefe de redação do site Globetrotter – projeto do Independent Media Institute – e é editor-chefe da LeftWord books, da Índia.
Nas 167 páginas do volume (Expressão Popular/Coleção Sul Global) ele detalha a ascensão do imperialismo estadunidense depois da Segunda Guerra Mundial e a posição central que ele ocupa diante dos demais países imperialistas os quais, organizados como raios, procuram conter o avanço dos processos revolucionários e a influência da União Soviética entre os países dependentes.
Ao analisar a história a contrapelo, o autor configura a formação desses raios em uma verdadeira guerra entre classes: “Se os partidos dos operários e camponeses chegassem perto do poder ou se eles assumissem o poder ou desafiassem o domínio dos imperialistas, teriam que ser impedidos ou expulsos dos cargos. Esta é a síntese da história da guerra de classes até a atualidade.”
O livro tem tradução de Rafael Tatemoto e o prefácio, muito especial, é assinado pelo Presidente da Bolívia Evo Morales Ayma, destituído em golpe de 2019.
Reprodução
Capa do livro "Balas de Washington – uma história da CIA, golpes e assassinatos"
Escreve Morales:
''Este é um livro sobre balas”, diz o seu autor. “Balas que assassinaram processos democráticos, que assassinaram revoluções e que assassinaram esperanças.”
O bravo historiador e jornalista indiano Vijay Prashad emprega toda a sua vontade para explicar e ordenar de forma compreensível e totalizadora o obscuro interesse com que o imperialismo intervém nos países que tentam construir seu próprio destino.
Nas páginas deste livro está documentada a participação dos Estados Unidos no assassinato de lideranças sociais da África, Ásia e da América Latina e nos massacres massivos dos povos que se opõem a pagar com sua própria pobreza os negócios delirantes das corporações multinacionais.
Prashad diz que essas balas de Washington têm um preço: “O preço mais alto é pago pelas pessoas. Porque nestes assassinatos, nesta intimidação violenta, são as pessoas as que perdem suas lideranças em seus locais; um líder camponês, um líder sindical, um líder dos pobres”.
Prashad nos relata de maneira documentada a participação da CIA no golpe de Estado de 1954 contra Jacobo Arbenz Guzmán, presidente da Guatemala democraticamente eleito. Arbenz tivera a intolerável audácia de se opor aos interesses da United Fruit Company.
No Chile, o autor mostra como o governo estadunidense, por meio da CIA, financiou, com oito milhões de dólares, greves e protestos contra Allende.
O que aconteceu no Brasil, no golpe parlamentar que terminou com a destituição da presidenta Dilma Rousseff, em agosto de 2016, é um exemplo completo da prática perversa do lawfare, isto é, “o uso da lei como arma de guerra”.
O mesmo instrumento foi utilizado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sofreu 580 dias de prisão como resultado de um julgamento em que a promotoria não apresentou provas concretas, mas apenas “convicções”.
''Os tempos mudaram,'' prossegue o Presidente Morales no belo prefácio, '' e mudaram os negócios, mas as formas e as respostas do imperialismo apenas se modificaram. Nós, bolivianos, conhecemos muito bem esta política.''
E ele segue adiante na sua apresentação.
As análises de Vijay Prashad sobre a participação dos Estados Unidos nos processos contra-revolucionários, em todos os continentes, partem do período do fim da Segunda Guerra Mundial, e alcançam os recentes golpes políticos no Brasil e na Bolívia. É obra para compreender e lutar contra as armas da dominação imperialista, mas com a força da imaginação poética dos povos rebeldes:
“O mais bonito/para aqueles que lutaram/sua vida inteira,/é chegar ao fim e dizer:/nós acreditamos no ser humano e na vida/e a vida e o ser humano/nunca nos decepcionaram” (Otto René Castillo)
O bravo historiador e jornalista Vijay Prashad emprega toda a sua energia para explicar e ordenar, de forma compreensível e totalizadora, o obscuro interesse com que o imperialismo intervém nos países que tentam construir seu próprio destino.
Ele escreve regularmente para The Hindu, Frontline, Newsclick e BirGun e é autor do livro Estrela vermelha sobre o Terceiro Mundo, também do catálogo da Expressão Popular.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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