Já em seus primeiros dias, o novo governo argentino, formando por Alberto e Cristina Fernández, sinalizou cautelosa firmeza. Começou, pouco a pouco, a reduzir os juros internos. Rechaçou novas privatizações.
Decretou ligeiro aumento de salários, que, por ser um valor mensal único, pago igualmente a todos os trabalhadores, beneficiou em especial os que ganham menos.
Mas segue sem resposta a questão principal: como a Casa Rosada lidará com a dívida externa?
Ela agigantou-se no governo Macri, levou o país a um acordo opressivo com o FMI e mantém-se como obstáculo a qualquer tipo de novo projeto.
Paula Nunes/ECO
Joseph Stiglitz, economista estadounidense
Entrevistado segunda-feira em Davos, às vésperas do Fórum Econômico Mundial, o Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, fez uma aposta. Dirigindo-se aos banqueiros credores da Argentina, advertiu-os: preparem-se para perdas, “vai haver reduções”, disse ele. “Não posso conceber nenhum modelo razoável de cortes significativos [no estoque da dívida]. Seria fantasia pensar de outra forma”.
O Prêmio Nobel foi além: “Os credores sabiam do risco: foi por isso que cobraram spreads altos. Não estão sendo enganados. Provavelmente não fizeram a lição de casa, mas sabiam que corriam perigo.”
As palavras de Stiglitz têm peso especial na Argentina. Além de acompanhar de perto os grandes temas econômicos do mundo, ele é o orientador do novo ministro das Finanças, Martin Guzman, com quem divide autoria de diversos trabalhos teóricos e acadêmicos.
*Antonio Martins é jornalista e editor de Outras Palavras
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