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Ao todo, 8 pessoas viajarão ao Haiti para entender “como os próprios haitianos enxergam sua situação e quais as soluções que eles pensam para o seu país” (Imagem: Divulgação)

Barão de Itararé declara apoio à campanha de financiamento da Brigada de Solidariedade ao Haiti

Mobilização busca arrecadar R$ 5.000,00 para a realização de uma cobertura jornalística no Haiti; reportagem será produzida pela analista internacional e jornalista Vanessa Martina-Silva

Tatiana Carlotti
Barão de Itararé
São Paulo (SP)

Tradução:

O Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé apoia a campanha da Brigada de Solidariedade ao Haiti que visa arrecadar R$ 5.000,00 para a realização de uma cobertura especial no país. A reportagem será realizada pela analista internacional e jornalista Vanessa Martina-Silva, diretora da Revista Diálogos do Sul Global e coordenadora executiva do Barão.

Com mais de 15 anos de experiência em coberturas internacionais, que incluem denúncias sobre o bloqueio contra Cuba, as sanções contra a Venezuela e o avanço da extrema-direita no Cone Sul, Martina-Silva pretende agora romper o silêncio midiático em torno do Haiti.

Diariamente, ela publica o podcast Haiti Presente, nas plataformas do YouTube e do Spotify, para informar o público brasileiro sobre a situação haitiana. “Nós estamos muito longe das questões haitianas quando, na verdade, deveríamos estar presentes e atentos porque somos parte do problema”.

Em 2004, o Brasil liderou o contingente militar de uma missão de paz da ONU, a Minustah, voltada à estabilização do país após a deposição do então presidente Jean-Bertrand Aristide. A missão, porém, foi fortemente criticada por sua atuação, com denúncias de abusos e violações de direitos humanos.

Da forma como foi feita, detalha a jornalista, “a Minustah deixou um rastro de violações de direitos humanos, envolvendo a utilização de corpos haitianos e das favelas haitianas para um experimento social”.

“As brutalidades lideradas pelo general Heleno foram importadas e estão atuantes nas favelas do Rio de Janeiro, na baixada santista, em São Paulo, em várias periferias brasileiras. É uma situação de violência, de dor, de violação de vários direitos humanos. O Brasil tem um vínculo com a situação haitiana e o podcast traz esse histórico”, denuncia.

Crise do Haiti

O podcast Haiti Presente! traz um panorama sobre o Haiti e aborda desde a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristides em 2004, a ação do Minustah na sequência, passando pelo terremoto em 2009 e pelo assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse em 2021, até chegar no atual governo haitiano. Ela conta que, hoje, “o país é governado por um presidente colocado no poder por uma cúpula que não tem representatividade, nem legitimidade. O Haiti não realiza eleições há nove anos”.

“A cobertura da Brigada de Solidariedade ao Haiti buscará entender a dinâmica do que está acontecendo no país, ouvir as lideranças populares, os quadros políticos, os movimentos sociais e a sociedade em geral, para compreender o que eles efetivamente precisam”, aponta.

A jornalista observa que, após o terremoto de 2009, o Haiti passou por um processo de ‘onguinização’, pelo qual “bilhões de dólares foram injetados no país, porém, os haitianos não viram esse dinheiro e não há investigações independentes para saber se ele foi desviado ou para onde foram os recursos”.

“Além de já empobrecido e onerado por uma dívida criminosa imposta pela França no contexto de sua Independência, o Haiti continua sendo saqueado”, aponta.

Desconhecimento dos brasileiros

Martina-Silva também destaca o absoluto desconhecimento dos brasileiros sobre a realidade haitiana. “Por não termos notícias, nós somos levados pela mídia a achar que o país é pobre por conta da miséria ou pior, como apontam algumas igrejas pentecostais, por causa da prática vodu”, a que elas atribuem a causa dos terremotos.

“O Japão também tem terremotos com os mesmos níveis de danos dos terremotos que ocorreram no Haiti, mas com a diferença de que o país está preparado para eles. O Japão é uma sociedade rica, o Haiti não. O país foi colocado na miséria pela sua petulância em ousar ser livre, inclusive, historicamente, ele foi a primeira República de escravizados a se tornar independente”, destaca.

Em seu podcast, Martina-Silva traz as raízes do problema atual no Haiti e investiga por que hoje a região é dominada por gangues. “Se hoje o seu estado é considerado ‘falido’, é porque houve uma série de intervenções em sua história, como a intervenção dos Estados Unidos nos anos 90 e 2000, que levou à queda do presidente Jean-Bertrand Aristide; e a intervenção da ONU, com liderança do Brasil, que culminou em uma deterioração e escalada da violência no país”, afirma.

Vanessa Martina-Silva: O país foi colocado na miséria pela sua petulância em ousar ser livre (Foto: Arquivo pessoal)

Daí a missão da Brigada em Solidariedade ao Hati, organizada pela Alba Movimentos, o braço dos movimentos sociais da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, criada por Hugo Chávez, em 2004. Ela será composta por oito pessoas, entre elas a jornalista, que irão ao Haiti não para ouvir o que as ONGs ou a ONU têm a oferecer, mas para entender “como os próprios haitianos enxergam sua situação e quais as soluções que eles pensam para o seu país”.

Com estas informações coletadas em campo, explica Martina-Silva, “serão organizadas ações de solidariedade entre os países latino-americanos e entre os movimentos, visando a formulação de políticas e ações que partam da realidade haitiana e do que eles pensam e querem como país”.

Participe!

“Se você acredita num jornalismo que olha para o Sul, que escuta antes de falar, que denuncia com compromisso — me ajuda a chegar lá. Se não puder doar, compartilha. O mundo vira as costas. A gente, não”, garante a jornalista.

Contribua com a Campanha da Brigada em Solidariedade ao Haiti, depositando a sua colaboração no PIX: pix@dialogosdosul.com.br . Nosso objetivo é arrecadar R$ 5.000 para a compra de passagem, seguro e para garantir uma estrutura mínima para que Martina-Silva possa romper o cerco da informação sobre o país e fazer essa cobertura tão necessária, em segurança.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Tatiana Carlotti

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