Cidade italiana famosa pelas obras de arte e monumentos históricos renascentistas, a capital da Toscana, Florença, é dona de tamanha beleza capaz até de adoecer os turistas. É a chamada síndrome de Florença ou síndrome de Stendhal, escritor francês que fez o primeiro relato dos sintomas da doença em 1817, quando visitava a basílica de Santa Cruz, em Florença.
Um conjunto de sintomas psicossomáticos e psicológicos ocorre quando o turista está em contato com as obras de arte da cidade. Conta a professora Valéria Barbieri, do Centro de Psicologia Aplicada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, que a pessoa pode sentir tontura e taquicardia; apresentar alucinações, desorientação, despersonalização, perda de identidade e, até mesmo, tentativas de destruição da obra de arte que causou o transtorno. Por sorte, na maioria dos casos, os “sintomas costumam desaparecer entre dois e oito dias”, adianta Valéria.
O nome de Florença indica especificamente o local em que ocorre. A professora adianta que cidades históricas como Paris e Jerusalém também podem provocar síndromes psicológicas e psicossomáticas; porém, com sintomas e características distintos.
Panorama do rio Arno e Ponte Vecchio, em Florença
Gary Ashley via Wikimedia Commons/CC BY 2.0
Segundo Valéria, faltam mais informações estabelecidas sobre a prevalência e incidência da síndrome de Florença, mas é possível dizer que, apesar de poder atingir qualquer pessoa, existe um grupo de risco. Pessoas com histórico de doenças psicológicas e psiquiátricas, mulheres entre 26 a 40 anos e pessoas solteiras são mais suscetíveis a apresentar o problema.
A causa da síndrome ainda é um enigma, mas a professora aponta que fatores culturais, importância histórica da cidade e caráter extremamente realista das obras de artes de Florença devem ser considerados possíveis desencadeadores do problema.
Ouça no player abaixo a entrevista na íntegra.
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