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Berberes comemoram ano 2971; celebração ainda é marginalizada no Norte da África

Para os berberes, no Norte da África, o dia 12 de janeiro é o primeiro dia do ano 2971 do calendário Amazigh (berbere), que começou em 950 a.C.
Rabah Arkam
Pressenza
Território dos EUA

Tradução:

Este rei berbere conseguiu unificar o Egito e depois invadiu o reino de Israel. Há também relatos de que ele capturou os tesouros do Templo do rei Salomão, em Jerusalém, em 926 a.C. Esta data é mencionada na Bíblia e, portanto, seria a primeira data da história berbere registrada de maneira escrita. O rei Sheshonq é conhecido na Bíblia como Sésaq e, em hebraico antigo, como Shishaq. O Ano Novo berbere se chama “Yennayer” e, etimologicamente, o nome é composto por “Yen”, que significa “primeiro” e “Ayer”, que significa “mês”.

Há muito tempo, a celebração do “Yennayer” é marginalizada nos países governados por regimes de ideologia árabe-muçulmana. Todos os anos, os islamistas lançam campanhas contra a celebração do Ano Novo e declaram que o festival é um pecado (haram), porém isso não impede que a celebração venha se tornando cada vez mais popular.

Atualmente, os berberes do Norte da África tentam dar forma à sua história e identidade dentro da sociedade para celebrar que o Ano Novo “Yennayer”, data que marca o primeiro dia do Ano Novo no calendário agrícola, usado desde a antiguidade pelos berberes. O “Yennayer” corresponde ao décimo segundo dia de janeiro do calendário juliano. Assim como o calendário gregoriano, o calendário berbere está dividido em doze meses e tem sido usado desde a antiguidade pelos povos do Norte da África (os cabilas, rifenhos, tuaregues, siwans…).

Tradicionalmente, as famílias compartilham uma refeição à base de cuscuz de frango chamada “Imensi n’Yennayer”, momento em que toda a família se reúne. É costume deixar uma porção de comida e uma colher para os familiares distantes, os ausentes ou simplesmente para pessoas pobres que estão de passagem pelo local. Para que simbolize a abundância em um novo ano que está começando, evento tão marcante para os berberes, esta porção deve ser generosa.

Para os berberes, no Norte da África, o dia 12 de janeiro é o primeiro dia do ano 2971 do calendário Amazigh (berbere), que começou em 950 a.C.

Algerie Patriotique
Há muito tempo, a celebração do “Yennayer” é marginalizada nos países governados por regimes de ideologia árabe-muçulmana

Os Amazighs, mais conhecidos pelo nome de berberes, representam um mosaico de povos que vai do Egito até as Ilhas Canárias, passando pela Argélia, Tunísia, Níger ou Mali. Eles são conhecidos como “Imazighen”, plural de Amazigh, que significa “homem livre” e sua língua é a “Tamazight”. Embora tenham conseguido assegurar mais direitos ao longo dos anos, os berberes continuam a lutar por um maior reconhecimento da sua identidade e cultura.

Os berberes sempre foram vítimas da marginalização, exclusão e negação das suas particularidades culturais por parte dos Estados que se identificam como de língua árabe e religião muçulmana em suas Constituições. Seja no Marrocos ou na Argélia, como evidenciado nas diversas insurreições no Rifo ou na Cabília, há vários tipos de discriminação. As organizações berberes lamentam a rejeição da sua cultura, apesar da forte luta dos cabilas para que o país, finalmente, reconheça o “Yennayer” como feriado nacional.

Depois de anos de discriminação e repressão, os berberes ainda estão lutando para conseguir a oficialização da sua língua. Como ocorre na Líbia, a verdadeira presença demográfica dos Amazighs na Tunísia e no Egito também é desconhecida, já que as estatísticas baseadas nas etnias ou línguas usadas pela população são proibidas.

No entanto, apesar das diferenças de ativistas organizados e de suas reinvindicações de identidade, seja na Argélia, no Marrocos, Líbia ou Tunísia, eles se tornarão os vencedores da história para as futuras gerações do povo Amazigh.

Assegas Amegaz!
Feliz Ano Novo!

Rabah Arkam para Pressenza

Traduzido por Graça Pinheiro / Revisado por Larissa Dufner


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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