“Estamos entregando patrimônio de graça”, afirmou João Vicente Goulart ao criticar as privatizações em curso no Brasil, durante entrevista ao programa Dialogando com Paulo Cannabrava da última quinta-feira (24). Para o ex-deputado estadual do Rio Grande do Sul e filho do ex-presidente João Goulart, o país está abrindo mão de setores estratégicos sem contrapartida e colocando em risco sua soberania. “Não podemos depender de empresas privadas para regular o preço da energia, dos combustíveis ou da comunicação”, adverte.
João Vicente é um dos articuladores do recém-lançado Movimento pela Soberania Nacional (MDSN), que busca reunir setores da sociedade civil e política em torno de um projeto de reconstrução do Brasil com base na autonomia, no desenvolvimento e na justiça social. “Estamos construindo propostas, não apenas fazendo denúncias. Queremos um novo governo que não seja um Fernando Henrique 2.0”, declara.
O ex-parlamentar destaca a urgência de retomar a industrialização do país, implementar uma reforma agrária popular e garantir a soberania alimentar. Ele cita o MST como referência prática: “Hoje, o MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. É possível produzir com qualidade e sem veneno, com o povo no centro do projeto.”
Durante a conversa, João Vicente também alertou para o avanço do controle estrangeiro sobre as tecnologias da informação. “Esses algoritmos estão conduzindo o pensamento político da sociedade. Somos tratados como mercadoria. É urgente pensar em soberania digital”, defende, propondo um projeto tecnológico autônomo.
A entrevista resgatou ainda paralelos entre o golpe de 1964 e as ameaças contemporâneas: “Os atores são os mesmos, mudaram só a plumagem. Hoje, o golpe não precisa de tanque na rua, ele vem pelas big techs, pela manipulação da informação”, diz. E conclui: “Temos a maior força de todas: nossa cultura. Um país com todos os climas, uma miscigenação única e potencial de liderança global. Só precisamos acreditar e não deixar acontecer de novo o que vivemos em 1964.”
A entrevista completa está disponível no canal TV Diálogos do Sul Global, no YouTube:





