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Segundo Habert, o país tem recursos naturais, capacidade técnica e capital humano para liderar a revolução verde e tecnológica (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Brasil precisa escolher: ser nação desenvolvida com povo forte ou colônia com povo fraco, diz Allen Habert

Diretor da CNTU, Habert denuncia o desmonte do setor de engenharia do Brasil pela Lava Jato, critica privatizações e defende a criação de um projeto de nação com participação popular

George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global

Tradução:

“Ou o Brasil vira uma nação desenvolvida com um povo forte, ou seguirá como colônia com um povo fraco.” A frase marcante é do engenheiro Allen Habert, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU).

Em entrevista ao programa Dialogando com Paulo Cannabrava desta terça-feira (20), Habert defendeu a articulação de um grande projeto de nação com participação popular, compromisso ambiental e valorização da inteligência técnica nacional.

Fórum da Engenharia Nacional

Habert é animador do Fórum da Engenharia Nacional, que acontece entre os dias 2 e 3 de junho de 2025 no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. O encontro busca reunir profissionais de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia e outras áreas técnicas em torno da formulação de políticas públicas estratégicas para o Brasil. “A engenharia precisa estar no centro do debate nacional. Não há soberania sem infraestrutura, ciência e tecnologia”, afirma.

Entre os eixos centrais do fórum estão temas como moradia popular, saneamento básico, transição energética, digitalização das pequenas e médias empresas e revitalização da indústria naval. “Como pode metade do país ainda não ter saneamento básico? Como aceitar que exportamos barris de petróleo bruto e importamos gasolina refinada?”, questiona.

Lava Jato: desmonte

Habert denunciou o desmonte promovido pela Operação Lava Jato no setor de engenharia nacional. “O Brasil era o sexto maior exportador de serviços de engenharia no mundo. Depois da Lava Jato, fomos arrancados à força desse lugar”, observa. Segundo ele, o país perdeu a capacidade de produzir internamente soluções complexas, como ferrovias, satélites, refinarias e plataformas.

Como resposta a esse panorama, o entrevistado defende a criação de um “Mais Engenharia”, inspirado no programa Mais Médicos, para garantir assistência técnica à população vulnerável e às pequenas empresas. Também propõe uma política nacional de manutenção de obras públicas, citando desastres como Mariana e Brumadinho como exemplos de negligência.

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Habert aproveitou para dar coro às críticas às privatizações da Eletrobras e da Sabesp, operações que classifica como “crimes contra a soberania”. Neste sentido, defendeu a reestatização de setores estratégicos: “Não podemos deixar nossa energia nas mãos do mercado. Energia é a base do desenvolvimento”, avalia.

Sobre a COP-30, ele celebrou o papel que o Brasil pode assumir como potência ambiental global, lembrando que “a Amazônia é nossa bomba atômica verde”. Segundo Habert, o país tem recursos naturais, capacidade técnica e capital humano para liderar a revolução verde e tecnológica — falta apenas decisão política.

O engenheiro encerra com um apelo: “A engenharia tem que ser um direito do povo, como a saúde e a educação. Do prato de comida ao satélite, é a engenharia que transforma o país.”

A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul Global. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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