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Centrais sindicais protestam contra juros altos em frente à sede do Banco Central. Brasília - 20/06/2023 (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)

Brasil sem educação financeira visa manter povo refém dos bancos, aponta Ladislau Dowbor

Em participação no Dialogando com Paulo Cannabrava, o economista também denuncia os juros abusivos no Brasil e como esse sistema drena recursos cruciais para infraestrutura, saúde e educação
George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

“A educação financeira não pode ser só sobre poupar e investir, mas também sobre como o sistema se estrutura para favorecer poucos”, afirma o economista Ladislau Dowbor. O professor foi o convidado do programa Dialogando com Paulo Cannabrava de 18 de fevereiro, e debateu com o jornalista Paulo Cannabrava Filho a importância de a população entender como o sistema financeiro no Brasil impacta seu dia a dia.

Segundo Dowbor, a falta de educação financeira é usada para manter a população refém de um sistema injusto:

“As pessoas já pagaram suas dívidas várias vezes e continuam pagando. Trabalham para quitar juros sem entender como estão sendo exploradas”, afirma. E acrescenta: “As pessoas ficam endividadas, são 71 milhões de adultos inadimplentes no Brasil, e a solução apresentada é ensiná-los a se endividar melhor”.

A propaganda enganosa dos bancos, que oferecem “oportunidades” de crédito com taxas abusivas, também foi denunciada pelo especialista, destacando como as instituições financeiras mascaram a cobrança de juros exorbitantes:

“O Brasil é o único país que apresenta juros ao mês. O rotativo do cartão de crédito aqui chega a 430% ao ano, enquanto nos Estados Unidos é 19%”, pontua.

Banqueiros mais ricos, desigualdade aumenta

Conforme observado por Ladislau Dowbor, o aprofundamento da desigualdade econômica no Brasil está intrinsicamente associado aos mecanismos – que têm se transformado – de apropriação da riqueza nacional pelos mais ricos:

“Hoje, quando você paga com cartão de crédito, os bancos levam 5% de cada operação. No Canadá, há um valor fixo, independente do montante gasto”, explicou.

E é nesse sentido que se faz tão importante o papel do Estado na economia: “Nos países que funcionam, o dinheiro é usado para financiar infraestrutura, saúde e educação. No Brasil, grande parte dos recursos públicos é drenada para os banqueiros por meio dos juros da dívida pública“, alerta Dowbor.

O analista destaca como exemplo a China, que prioriza investimentos produtivos e redução das desigualdades. “O dinheiro precisa ir para onde será útil. Financiar consumo necessário, transporte público e educação fortalece a economia”, assinala.

Confira a entrevista completa na TV Diálogos do Sul Global, no YouTube:

Edição: Guilherme Ribeiro


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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