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Brasil lamenta morte de Sergio Ricardo, um dos maiores nomes da música de protesto do país

O músico ficou conhecido por ser um dos principais cantores dos anos 1960 e por quebrar o violão no Festival de Música Popular Brasileira e jogá-lo na plateia
Mariane Barbosa
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Cantor e compositor nascido em Marília, São Paulo, Sergio Ricardo dividia o amor pela Bossa Nova com o Cinema Novo, se consagrando como um dos grandes nomes que redefiniram a cultura brasileira.

Por ter contraído a Covid-19, músico estava internado na Zona Sul do Rio de Janeiro desde abril. Sergio se recuperou da doença, mas precisou permanecer no Hospital Samaritano, onde teve uma insuficiência cardíaca na manhã desta quinta-feira (23).

O músico ficou conhecido por ser um dos principais cantores dos anos 1960 e por quebrar o violão no Festival de Música Popular Brasileira e jogá-lo na plateia

Instagram / @sergioricardoartista
Sergio Ricardo dividia o amor pela Bossa Nova com o Cinema Novo, se consagrando como um dos nomes que redefiniram a cultura brasileira.

“Vocês ganharam!”

Sergio Ricardo ficou conhecido por ser um dos principais cantores dos anos 1960, ao lado de nomes como João Gilberto, João Donato, Moacir Peixoto e Tom Jobim (seu antecessor no posto de pianista da boate Posto Cinco, em Copacabana), o que o levou a participar de muitos festivais, como o Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da antiga TV Record de São Paulo, em 1967.

Durante sua apresentação, Sergio foi vaiado por um público, que esperava músicas críticas ao governo, mas recebeu uma canção sobre a carreira de um jogador de futebol que acabava esquecido.

O caso faz parte do anedotário da música brasileira. Sem poder continuar a canção, o cantor grita para a platéia: “vocês ganharam, vocês ganharam!”, quebra seu violão o joga para o público, num ato que marcaria para sempre sua brilhante carreira musical. Relembre o episódio:

Autor de sucessos como “Zelão”, “Folha de Papel”, “Esse Mundo é Meu”, “O Nosso Olhar”, “Barravento” e “A Fábrica”, Sergio também deixou seu nome marcado no cinema brasileiro com obras desde “Menino da Calça Branca” (1961) — onde não só escreveu o roteiro do filme, como também atuou e dirigiu —, Juliana do Amor Perdido (1970) e a mais recente, “Bandeira de Retalhos” (2018).

Na opinião do roteirista Renato Terra, Sérgio deixou “uma obra musical imensa que precisa ser revisitada”. “A trilha sonora de ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ é uma obra-prima. Vale a pena procurar o show ‘O Cinema na Música de Sérgio Ricardo’, produzido pelo Canal Brasil, que está disponível no YouTube”, recomenda em sua coluna na Folha de S. Paulo.

O enterro de João Lutfi, nome verdadeiro de Sérgio Ricardo, acontecerá na tarde de amanhã (24), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Devido à pandemia de coronavírus, a cerimônia será restrita à família. 

Confira algumas homenagens a Sergio Ricardo:

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Mariane Barbosa

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