Evidentemente, para o capitão, históricos de tortura nunca foram um problema. Afinal, Bolsonaro homenageou algumas vezes um torturador confesso, como o Coronel Carlos Brilhante Ustra.
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Mas dessa vez o presidente trouxe para dentro do governo, Anderson Gustavo Torres, um homem acusado de sequestrar e torturar dois rapazes suspeitos de terem assaltado uma casa de um agente da Polícia Federal de Brasília em 2007.
Anos depois, em 2018, o Ministério Público entrou com pedido de absolvição de Anderson Gustavo Torres “com base na inexistência dos fatos”, ainda que uma das vítimas torturadas recorreu ao STF e teve pedido rejeitado.
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Torres é acusado de sequestrar e torturar dois rapazes
Caso sinistro
O caso é sinistro, segundo denúncia dos procuradores na época, em reportagem que pode ser lida aqui, Torres e mais outros agentes da PF teriam sequestrado dois rapazes à luz do dia e diante de testemunhas.
Segundo a reportagem da revista Época: “Os dois, segundo os procuradores, foram levados para locais ermos. Algemados, foram submetidos a espancamentos em uma sessão de tortura para confessar o crime. Coelho e Castro teriam sido submetidos a asfixia por saco plástico, uma técnica muito praticada nos porões da ditadura militar (1964-1985) e imortalizada em uma cena brutal no filme Tropa de elite“.
De acordo com a denúncia, dois dias depois da sessão de tortura, Coelho e Castro passaram por exames no Instituto Médico-Legal. Apesar de nada terem constatado em Coelho, os peritos identificaram lesões que teriam sido feitas com instrumento contundente em Clésio de Castro. Semanas depois, a Polícia Militar do Distrito Federal encontrou a pistola Glock e prendeu os verdadeiros bandidos, que nada tinham a ver com Coelho e Castro.”
Casos como esses não são nada estranhos ao grupo de amigos da família Bolsonaro ou mesmo dos componentes de seu governo. Com a escalada de militares nos ministérios, cabe lembrar que tal instituição nunca foi punida pelos casos comprovados de torturas, assassinatos e perseguições durante o período da ditadura.
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Práticas aterrorizantes, como a própria tortura, seguem existindo até hoje nas vilas e favelas do país, bem como dentro dos presídios, como denunciam inúmeras instituições de direitos humanos.
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