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Coeficiente de Gini: Brasil é único latino entre 10 países com maior desigualdade social

É certo se dizer que nesse período nossa população empobrecida teve oportunidade de aumentar seu nível de consumo, embora houvesse uma imensa falha de não se dedicar no desenvolvimento de sua cidadania
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul
Uberlândia (MG)

Tradução:

É muito importante o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto INSPER, uma instituição de ensino que atua no nível superior abordando assuntos de negócios, direito, economia, além de engenharias.

Há muita consistência nos dados informados que no período de 2002 até 2015, no Brasil, houve a redução de 16 milhões de pessoas que saíram da pobreza.

Trata-se de informação que está absolutamente relacionada com o fato da ONU anunciar, que o Brasil nesse período saiu do Mapa da Fome. Em outras palavras, a população brasileira podia se alimentar e foi estimulada por uma melhora significativa em sua qualidade de vida.

“Mil dias de terror: desemprego, hospitais, fome, inflação, desgoverno”

É certo se dizer que nesse período nossa população empobrecida teve oportunidade de aumentar seu nível de consumo, embora houvesse uma imensa falha de não se dedicar no desenvolvimento de sua cidadania. 

No período referido o crescimento econômico do País se deu em números médios de 3% ao ano. Algo que está relacionado com as políticas macroeconômicas preocupadas em oferecer melhoria na vida das pessoas. Assim é que esse percentual se refletiu em quase todas as fatias socioeconômicas de nossa população.

O que se reconhece como índice de GINI, no período referido, mostra que o Brasil teve de fato melhoria no nível de sua população. Houve recuo no índice de 5,583 para 5,437. Esse nome GINI vem do matemático italiano Conrado Gini que desenvolveu e apresentou esse instrumento aplicado nos países capitalistas.

A variação vai de 0 até 1 e quanto maior for esse número pior será a situação econômica das pessoas. Quando se refere a 5,437 em verdade isso precisa ter um 0 à frente, ou seja 0,5437. No ranking mundial a melhor situação é da Noruega com 0,275.

É certo se dizer que nesse período nossa população empobrecida teve oportunidade de aumentar seu nível de consumo, embora houvesse uma imensa falha de não se dedicar no desenvolvimento de sua cidadania

PT.org
Devemos ficar atentos para que consigamos transformar essa realidade

O caso brasileiro

No caso brasileiro o é triste constatar que depois da fase de melhoria nas condições de vida de nossa população, a desigualdade social voltou a subir. O aumento da desigualdade é resultado da redução da renda média dos brasileiros.

Nos dias atuais o Brasil figura entre os 10 países do mundo que apresentam índices de GINI mais elevados, ou seja, de maior desigualdade. É o único país da América Latina que ostenta essa posição, se localizando entre os que estão posicionados nessa triste situação. Aí lamentavelmente predominam os países africanos, e mostra o Brasil mais desigual do que Botsuana.

“Classe dominante é longeva porque faz da fome e da miséria sua manutenção”

É importante o reconhecimento de que o capitalismo se alimenta de períodos de crises. A adoção radicalizada de políticas capitalistas neoliberais, acelerou o empobrecimento de nossa população.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice GINI tem aumentado significativamente nas décadas recentes, chegando em 2018 a 0,485. No ano de 2020 a desigualdade de renda nos Estados Unidos alcançou uma situação jamais imaginada. Isso significa que nos países do capitalismo central as desigualdades sociais e econômicas também estão nítidas e bastante duras.

Há uma nítida demonstração de que a globalização capitalista está combalida. Não conseguiu resolver os problemas do mundo. Da mesma maneira que a globalização, a modernidade frustrou os setores que a consideravam solução para o salvamento da economia mundial.

Os compromissos da modernidade não foram cumpridos, nem com relação à justiça social e econômica, nem com relação à liberdade política e democracia. Triste verificar que ao contrário de suas promessas, estão sendo aprofundadas as diferenças sociais, as desigualdades, bem como os radicalismos de governos autoritários, neofascistas que dizimam os princípios da democracia.

O capitalismo e não o socialismo que faz maioria da população viver na miséria

Não existem dúvidas que o estilo de governo que tivemos no Brasil de 2002 até 2015 foi de enfrentamento para redução das desigualdades existentes. Nesta coluna uma perspectiva política deve ser considerada. Cabe assim o reconhecimento de que os governos das esquerdas, no Brasil, tiveram sucesso e por isso foram dizimados por interesses sub-reptícios.

Os resultados do Golpe de Estado

Com o golpe aplicado contra o Estado Democrático de Direito em 2016, derrubando a presidenta Dilma, com a posse de Michel Temer e depois o novo golpe com a prisão de Lula e a posse de Bolsonaro, o Brasil profundo foi colocado nas cordas e no chão. O Juiz que condenou Lula recebeu como compensação a ”honra” de se tornar Ministro. 

São praticados, jogos sujos contra a democracia, afetando drasticamente a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais empobrecidos, que estão a cada dia mais empobrecidos, sem trabalho para sobreviver.

Os absurdos preços elevados dos combustíveis, o teto de gastos limitando investimentos em saúde, educação e direitos sociais, entre outros absurdos, têm se constituído em fontes de transferências de mais valia para os ricos. A população do Brasil foi colocada a serviço dos interesses de corporações estrangeiras, chamadas de mercado, com apoio de lacaios brasileiros. Lacaios, dentro dos governos e no empresariado neofascista.

Devemos ficar atentos para que consigamos transformar essa realidade. É preciso estar atento para identificar as possibilidades para transformar o modo de viver e produzir no Brasil. É preciso salvar o Brasil profundo, dos grotões, que se alimenta dos restos dos ossos de animais, no lixo, dos empobrecidos e “miserabilizados”.

O Brasil de 2002 até 2015 com redução das desigualdades demonstrou que é possível governar para todos. Até mesmo os ricos foram beneficiados. Mas, agora é preciso mais. É preciso um Brasil socializado no qual haja transferência das riquezas naturais e produzidas, em favor dos empobrecidos e oprimidos.

Cláudio Di Mauro é geógrafo ex prefeito de Rio Claro, São Paulo


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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