“Nem vilão, nem mocinho, poeta”. Assim o jornalista Paulo Cannabrava descreve seu querido amigo e companheiro de luta Carlos Marighella, a quem faz questão de citar que o jovem que lutava capoeira, era também era um grande intelectual. “Para amar o povo como ele amava? Só podia ser um poeta. Também era intelectual,
“Quando ele foi deputado constituinte, ele não parava de discursar. Ele tinha uma grande cultura… Para amar o povo como ele amava? Só podia ser um poeta!”
Aos 52 anos da morte de Marighella, Cannabrava reuniu a redação da revista Diálogos do Sul para rememorar o nome do guerrilheiro que tem visto sua memória ser recuperada — para o bem e para fins não tão nobres assim — devido à discussão em torno do filme de Wagner Moura.
Montagem Diálogos do Sul
Paulo Cannabrava Filho perdeu mais do que um companheiro em 1969, perdeu seu amigo Carlos Marighella
Cannabrava, que estava na Coreia do Norte em missão da ALN (Ação Libertadora Nacional), no dia do assassinato do líder, conta que ficou desolado ao receber a notícia da perda do companheiro comunista:
“Assassinaram meu chefe, o meu amigo. Aquilo foi muito doloroso, perdi o controle. A crise emocional foi muito mais violenta do que a minha capacidade de suportar, foi terrível”, descreve sensibilizado. “Era como se o mundo todo tivesse desabado.”
Cannabrava | Marighella nos ensinou que a unidade se faz na luta
A partir dali, Cannabrava ganhou um alvo nas costas ao ter sua prisão decretada. Mesmo assim, decidiu voltar para o Brasil. Aqui, viu a sua organização desarticulada sem o comando de Marighella e sentiu, mais uma vez, o duro golpe de ver todos os amigos de luta presos pela ditadura militar, o que o fez partir imediatamente para Buenos Aires.
“Da cadeia me avisaram que eu não podia ficar. Saí por Paso de Los Libres, cruzei aquela ponte a pé para entrar na Argentina. Não podiam me pegar porque eu sabia demais. Estava armado porque — na minha cabeça — eu resistiria até ser abatido”
A luta deve continuar por Marighella
Seja em filmes ficcionais como o de Wagner Moura estrelado por Seu Jorge ou em documentários fieis dirigidos por Silvio Tendler, não há como negar que Carlos Marighella foi um grande exemplo na luta pela libertação nacional.
Maria Marighella | Brasil está marcado irremediavelmente pelo golpe militar de 1964
Mas como continuar seu legado no atual Brasil de Bolsonaro?
Para Paulo Cannabrava, o essencial é começar a fazer com que o povo entenda a importância da luta. “As pessoas não têm consciência da servidão intelectual ou de toda essa agitação que os jornais fazem, porque não leem”, comenta.
Nesse sentido, “nós não temos que nos preocupar com os meios de comunicação, principalmente os escritos. Mas com as rádios religiosas que estão fazendo alienação. Ali é exatamente onde nós deveríamos estar, contando a verdade para esse nosso povo”, diz.
E faz um chamamento para os jovens: “A ALN começou da união dos estudantes, por isso é tão importante a juventude ir à luta”.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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