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Cannabrava | Candidatos, Moro e Dallagnol são os heróis da mídia em um país que se acostumou aos absurdos políticos

Bolsonaro, por sua vez, e para frustração geral de quantos o cobiçavam, decidiu pelo PL, Partido Liberal, de propriedade de Waldemar da Costa Neto, que já esteve preso por corrupção
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Partidos políticos correndo atrás de Jair Bolsonaro a oferecer a legenda. Só isso já bastaria para a qualificação de absurdo. 

O dicionário define absurdo, como adjetivo: Contrário à razão, ao senso comum; ou como substantivo: o que é desprovido de propósito. Veja que a definição se encaixa tanto para o país como para o personagem.

Não bastasse isso, partidos estão também assanhadíssimos com o aparecimento de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol na cena política e correm atrás deles oferecendo legenda. Ambos estavam nos Estados Unidos, usufruindo da bonança oferecida pelos serviços prestados. Atuaram aqui como autênticos assassinos econômicos, agentes desestabilizadores, tão bem descrito pelo ex-agente Greg Palast, em seus livros Memória de um assassino econômico e A melhor democracia que o dinheiro pode comprar.

Impressionante como a mídia trata a esses dois traidores da pátria. Muita badalação como se realmente fossem a dupla dinâmica com todo o direito a candidatar ao que quiserem que terão apoio. 

Aquele episódio do Supremo em que ficou evidente a ação criminosa da parcialidade de ambos ao jugarem o ex-presidente Lula, ficou no esquecimento. Como se nunca tivesse ocorrido. Nenhuma palavra. Só loas aos dois monstros, o que corrobora com o assanhamento dos partidos. É, eles têm espaço na mídia e é isso que importa. 

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E a ética, importa? 

Na direita, se impôs a mosca azul do poder. Todo mundo quer ser o tercio, o terceiro nome, aqueles que, ungido pelos bancos e pelo agronegócio alcançará o píncaro da gloria e do enriquecimento. É disso que todos tratam. Mas ninguém aparece com um programa de governo que possa colocar o país nos trilhos do desenvolvimento.

Já começa a se perfilar com força o que é uma reprodução do velho partido Arena, criado para apoiar a ditadura militar de 1964. Leva o nome de União Brasil (UB), a fusão do DEM com o PSL. Pretendem navegar entre o antipetismo e o antibolsonarismo. Mas não será fácil domar essa trempe de raposas: ACM Neto, Luciano Bivar e o próprio capitão Bolsonaro, pois a maioria fisiológica do partido é bolsonarista de carteirinha. Dos 88 deputados federais, 56 são bolsonaristas. 

Bolsonaro, por sua vez, e para frustração geral de quantos o cobiçavam, decidiu pelo PL, Partido Liberal, de propriedade de Waldemar da Costa Neto, que já esteve preso por corrupção. Quem fez o arranjo e anunciou o novo casamento foi o atual ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, filiado ao Partido Progressistas, outro filhote da velha Arena. O grande cacique, foi prefeito de Goiana e senador, atual governador de Goiás, Iris Rezende, que acaba de falecer. Um dos mais ricos do país, estava internado, morreu nesta terça (9). 

Outro peixe grande (leia-se tubarão) é o atual presidente da Câmara Federal, latifundiário das Alagoas, Arthur Lira. Quem diria que o destemido Lira fosse tão mau-caráter. Faz lembrar o programa de TV de Silvio Santos, Topa tudo por dinheiro. Lira comanda o barraco: “Quem quer dinheiro”? manejando a distribuição das verbas parlamentares com o orçamento secreto sem passar pelo Executivo. Poderoso, sem dúvida.

É um cenário pantanoso com bancos de areia movediça. 

O Partido Novo, criado pelos bancos, tende a frustrar os banqueiros. Todo mundo quer ser rei. Virou um saco de gatos. A ver quem sobreviverá, entre eles Felipe D’Ávila, cientista político com “nojo de política”, uma espécie de coringa, que para sobreviver terá de provar que é melhor que as velhas raposas. O Brasil não é para principiantes.

José Luiz Datena, cujo mérito é ter uma audiência de televisão que poderá, segundo eles acreditam, se transformar em voto, deixou o PSL e foi para o PSD por obra de Gilberto Kassab, dono desse feudo. Mais provável que saia candidato ao legislativo, mas é a tática de juntar os cacos para garantir votos que assegure uma bancada e muito dinheiro. 

Duvido que Rodrigo Pacheco abra mão de ser o candidato majoritário com a pre candidatura já lançada em finais de outubro. Vale lembrar que Kassab foi lançado na política pelos latifundiários do asfalto, chamado mercado imobiliário, para defender seus interesses. São tão grandes predadores como os latifundiários do agro.

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, este quer se candidatar ao legislativo e Moro à presidência ou ao senado. Renata Abreu, do Podemos, já lhe garantiu a legenda. Esse minúsculo partido oriundo do antigo PHS está pensando que com Moro vai acontecer como com o minúsculo PSL, que se multiplicou ao abrigar a candidatura de Bolsonaro em 2018. 

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Dallagnol deixou a procuradoria voluntariamente, não foi expulso por violação da ética e a mídia o trata como herói. Ladrões, queriam se apropriar de 2 bilhões de dólares da Petrobras. 

Vejam como as coisas se encaixam. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, assim como o apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, estão perfilando em torno de Moro. São instituições financiadas também pelos Estados Unidos, nesse caso pelos bilionários irmãos Koch, donos de indústrias e poços de petróleo.

Mas, os tempos são outros. Se houver mesmo intenção de recuperar segurança jurídica esses dois picaretas agentes estrangeiros serão julgados, condenados e presos. Não se iludam. Sabendo disso e sabendo da morosidade da justiça, são candidatos em busca da imunidade.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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