Sob o pretexto de uma “ação humanitária”, o Estado ocupante enviou cinco caminhões para a Faixa de Gaza, numa atitude que provocou escárnio e repulsa, não por se tratar de ajuda real, mas por revelar o grau do desprezo israelense pela inteligência humana, em uma tentativa descarada de enganar a opinião pública internacional. Esse passo meramente simbólico não passa de um disfarce propagandístico para encobrir o crime contínuo de assassinato coletivo e deslocamento forçado, dentro de um projeto colonial que busca anexar Gaza e apagar sua identidade nacional.
Israel, que criou a fome em Gaza com sua máquina de guerra e com o cerco imposto, retorna agora com um espetáculo midiático, imaginando que isso bastará para silenciar os apelos internacionais pelo fim da agressão e pela abertura das passagens. Mas, como sempre, insiste em desafiar o direito internacional e a legitimidade das Nações Unidas com essa farsa humanitária vazia, enquanto a fome sufoca os corpos e a morte ceifa vidas.
Não há mais espaço para o silêncio nem para se contentar com condenações verbais. A resposta verdadeira exige ação concreta, começando pelo isolamento político de Israel, passando pelo boicote econômico e culminando na imposição de sanções, até que Israel cumpra as resoluções da ONU e pare sua agressão contra nosso povo.
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Do coração do inferno, os moradores de Gaza perguntam: o que fazem os embaixadores de Israel nas capitais árabes? Por que alguns regimes insistem em manter relações com um Estado que comete genocídio contra um povo árabe irmão? Não é vergonhoso que o processo de normalização continue enquanto Gaza é exterminada diante dos olhos de todos, sendo Gaza um membro da Liga Árabe?
Ao mesmo tempo, nosso povo pergunta: onde está o Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina? Qual é o seu papel prático em romper o cerco e enfrentar a ocupação? Já passou da hora de ouvirmos a voz da liderança palestina na passagem de Rafah — não por meio de comunicados, mas através de presença em campo, da entrada de ajuda efetiva e da intensificação do embate político em todos os fóruns internacionais.
Apesar da destruição e das feridas, o povo de Gaza permanece firme, com a cabeça erguida, recusando-se à humilhação e à derrota, agarrado à sua terra e ao direito de viver com liberdade e dignidade. Nem os massacres, nem o cerco, nem a fome conseguiram quebrar sua vontade. Gaza continua a gerar combatentes, professores e médicos, enterra seus mártires com dignidade e se ergue dos escombros, levantando a bandeira da resistência diante da máquina assassina e dos seus cúmplices.
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Os cinco caminhões da vergonha não vão calar os gritos das crianças sob os escombros, nem lavarão o sangue dos mártires que escorre nas ruas de Gaza. Essa encenação não conseguirá esconder a face do crime cometido por Israel diante de um mundo cúmplice, silencioso ou impotente.
Hoje, o mundo está diante de uma encruzilhada: ou se posiciona ao lado da vítima, dizendo “basta” ao massacre e agindo para impor a justiça, ou continuará sendo cúmplice no crime, pelo silêncio e pela indiferença. Quanto a nós, nosso compromisso é erguer a voz, desmascarar a mentira e seguir no caminho da resistência popular total, até que os caminhões da vergonha se despedacem contra a rocha da consciência e da vontade palestina, até que o cerco sobre Gaza seja rompido e que Israel seja definitivamente expulsa da nossa terra.
Edição de texto: Alexandre Rocha